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WEB RÁDIO ÉPOCAS: 2015

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Filosofia de Vida - O jogo de dama chinesas

O jogo de damas chinesas é como uma filosofia  de  vida.
Se alguém não reflete sobre as regras deste jogo, fica em branco com as regras do êxito da vida…
Não aprende a ler as  mensagens ocultas.

As regras são:

Às vezes tem -se que sacrificar uma peça para ganhar outra …
Nunca podes avançar duas casas de uma só vez …
 Paciência.
Só podes avançar , nunca retroceder.

Quando se chega ao topo, pode se mover para onde quiser, até aonde te dê na “gana”.
A vida é como o jogo de damas chinesas
Onde se tem que deixar uma coisa para obter outra … tem que avançar e nunca retroceder.
Há ciclos que se acabam como se acabam os anos.
O que fizemos já não podemos desfazer.

O mais importante é aprender com o passado, para aprender a jogar no presente  e  assim  no futuro nos movermos com  maior liberdade.

Quando alguém se dá conta que isto é só um jogo que termina e volta a começar, então aprende a divertir-se mais e começa a jogar melhor.

Se ao terminares um ciclo queres ver a luz, não vejas o que termina, observa o que começa.
“A vida só pode ser compreendida olhando para trás; mas só pode ser vivida olhando para diante."
Muitas vezes a vida não dá a quem o merece …
Mas a quem sabe pedir.











Fonte:arcadoconhecimento.blogspot.com.br

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Cérebro de músicos é altamente desenvolvido

Nova pesquisa mostra que os cérebros de músicos é altamente desenvolvido, de modo a torná-los mais atentos, interessados em aprender mais, dispostos a ter a mente mais aberta, serem calmos e até mesmo mais brincalhões. As mesmas características foram encontrados anteriormente entre atletas de elite, gestores de nível superior, e indivíduos que praticam meditação transcendental.

O novo estudo foi realizado por Fred Travis, da Universidade Maharishi de Gestão dos EUA, Harung Harald, Oslo University College, na Noruega, e por Lagrosen Yvonne, da Universidade West, na Suécia. Eles relatam o alto desenvolvimento da mente, e parece que isso representa um potencial de base para se tornar realmente bom em alguma coisa. Para visualizar a publicação, clique aqui.

Os pesquisadores analisaram o desenvolvimento cognitivo de músicos de várias maneiras. EEGs revelaram padrões especiais na atividade elétrica cerebral, com atividade bem coordenada dos lobos frontais, sendo estes responsáveis pelas funções superiores do cérebro, tais como o planeamento e o pensamento lógico. Outra característica é que a atividade em uma certa freqüência, denominada ondas alfa, é dominante. As ondas alfa ocorrem quando o cérebro junta detalhes em totalidades. No entanto, uma outra medida de EEG mostra que esses indivíduos com alto desenvolvimento cognitivo utilizam os recursos de seus cérebros de maneira econômica, ou seja, são atentos e prontos para a ação quando ela é funcional para uma determinada situação, mas são relaxados e adotam uma postura de “esperar para ver” quando esta atitude é mais requerida.

Dois questionários também são usados ​​para medir o desenvolvimento da mente. Um é relacionado ao raciocínio moral, e o outro visa avaliar as chamadas experiências de pico, descritas como um nível superior de consciência no qual há sentimentos intensos, como o de transcender limites. Indivíduos com alto desenvolvimento cognitivo, como os músicos, apresentam muitas dessas experiências de pico, e mostraram maior pontuação em ambos os questionários.

Fred Travis enfatiza que tudo o que fazemos muda nosso cérebro. A meditação transcendental e o ato de fazer música são atividades as quais as pessoas deveriam se dedicar se elas desejam mudar sua mente em uma direção certa. “Se você é muito invejoso, bravo ou uma má pessoa e se esta é a maneira como você também enxerga o próximo, isto será reforçado em seu cérebro. Mas se você é expansivo, aberto ou solidária com os outros, haverá conexões diferentes.”, diz o pesquisador.


Fonte: http://www.sciencedaily.com

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A radionovela no Brasil

A chegada da radionovela no Brasil deu-se de uma forma no mínimo curiosa. Nada que tenha sido planejado, muito pelo contrário. Foi algo que surgiu naturalmente, com a evolução do rádio e a demanda do público. Porém, antigos radiatores e alguns pesquisadores não concordam entre si, e defendem pontos de vista diferente. Alguns dizem que o produto foi importado do México e de Cuba. Outros, que o movimento começou com a transmissão de peças teatrais e concertos, passando-se depois para as adaptações, já que, nem sempre, essas transmissões eram compreendidas sem as imagens.

Nós defendemos a tese de que os dois elementos contribuíram para a formação do gênero. As transmissões dos concertos e teatralização de histórias curtas ganharam mais fôlego com a chegada da idéia de se transmitir uma história seqüenciada de maior duração. Nesse mesmo tempo, chegavam, de outros países latinos, os scripts das novelas estrangeiras. Isso ajuda a confirmar que a estrutura dos folhetins veio de uma evolução não planejada.

O que se sabe ao certo é que, as primeiras novelas de longa duração radiofonizadas no Brasil foram a mexicana “Em Busca da Felicidade” e a cubana “O Direito de Nascer”, emitidas pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e “A Predestinada” (1941), pela Rádio  São Paulo. Foi também esta última emissora que, em 1947 transmitiu “Fatalidade”, de Oduvaldo Viana, a primeira novela genuinamente brasileira.

            Os scripts importados eram traduzidos e distribuídos no Brasil para serem interpretados por atores brasileiros. Tendo as donas de casa como público alvo, as histórias exageravam no drama, sem deixar de lado a religião e o romance água com açúcar. Quando os autores brasileiros começaram a produzir esses temas diversificaram um pouco, dando-se maior ênfase ao regionalismo. Em Pernambuco, por exemplo, eram comuns histórias do sertão e da seca.

A popularização do rádio – que na década de 40 tornou-se um produto acessível e assumiu um caráter de entretenimento – foi o primeiro passo para a consolidação da radionovela. Para se ter uma idéia do sucesso alcançado, entre os anos de 1943 a 1945, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro transmitiu 116 novelas, confirmando a aceitação do povo à nova aposta – na época – da programação das rádios.

            Tanta popularidade fez crescer a demanda da produção de novelas. Esperar os scripts de Cuba e México não era mais o suficiente. Era preciso iniciar a produção brasileira. Surgiram novos escritores, especializaram-se outros, como Maria Aparecida Menezes, Otávio Augusto Vampré, Hélio do Soveiral, Samuel Wainer, Santusi, Cardoso e Silva, Ivani Ribeiro, Amaral Gurgel, Janete Clair, Oduvaldo Viana, Dias Gomes, Fernando Luís da Câmara Cascudo, Cecília Meirelles, Avancinni, Mário Lago e Hélio Thys. Alguns escreviam novelas de rádio, outros, tinham seus romances adaptados.

O que se sabe ao certo é que, as primeiras novelas de longa duração radiofonizadas no Brasil foram a mexicana “Em Busca da Felicidade” e a cubana “O Direito de Nascer”, emitidas pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e “A Predestinada” (1941), pela Rádio  São Paulo. Foi também esta última emissora que, em 1947 transmitiu “Fatalidade”, de Oduvaldo Viana, a primeira novela genuinamente brasileira.

            Os scripts importados eram traduzidos e distribuídos no Brasil para serem interpretados por atores brasileiros. Tendo as donas de casa como público alvo, as histórias exageravam no drama, sem deixar de lado a religião e o romance água com açúcar. Quando os autores brasileiros começaram a produzir esses temas diversificaram um pouco, dando-se maior ênfase ao regionalismo. Em Pernambuco, por exemplo, eram comuns histórias do sertão e da seca.

A popularização do rádio – que na década de 40 tornou-se um produto acessível e assumiu um caráter de entretenimento – foi o primeiro passo para a consolidação da radionovela. Para se ter uma idéia do sucesso alcançado, entre os anos de 1943 a 1945, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro transmitiu 116 novelas, confirmando a aceitação do povo à nova aposta – na época – da programação das rádios.

            Tanta popularidade fez crescer a demanda da produção de novelas. Esperar os scripts de Cuba e México não era mais o suficiente. Era preciso iniciar a produção brasileira. Surgiram novos escritores, especializaram-se outros, como Maria Aparecida Menezes, Otávio Augusto Vampré, Hélio do Soveiral, Samuel Wainer, Santusi, Cardoso e Silva, Ivani Ribeiro, Amaral Gurgel, Janete Clair, Oduvaldo Viana, Dias Gomes, Fernando Luís da Câmara Cascudo, Cecília Meirelles, Avancinni, Mário Lago e Hélio Thys. Alguns escreviam novelas de rádio, outros, tinham seus romances adaptados.








Fonte:gruporadiopp.wordpress.com

domingo, 30 de agosto de 2015

15 Doces de criança que marcaram época

Confira se estes doces fizeram parte da sua época, se sentir a falta de algum conte pra gente !

 Chocolate Turma da Mônica
O Chocolate Turma da Mônica, lançado pela Nestlé em 1993, fazia sucesso entre as crianças. A barra misturava chocolate branco e ao leite



 Bala Chita
Fábricada no interior de São Paulo, a Bala Chita sabor abacaxi, surgiu em 1985. Embrulhadas em papel colorido, as balas, que eram superdurinhas, se tornaram febre entre os jovens da época


 Bala Fizz
Com sabores de morango, tangerina e uva, as balas Fizz tinham um recheio de pozinho que borbulhava na boca


 Bala 7 Belo
A Bala 7 Belo, da Arcor, ainda é sucesso de vendas. Além do tradicional sabor de framboesa, agora você também encontra 7 Belo de iogurte


 Chocolate Surpresa
Lançado pela Nestlé em 1983, o chocolate Surpresa vinha com cartões de fotos e explicações sobre diferentes animais. Sem dúvidas, este chocolate deixou saudade!


 Alfajor Turma da Monica
O Alfajor Turma da Monica, Green Lake, tem gostinho de infância. Boa notícia: após anos sem ser produzido, a empresa voltou a comercializar os deliciosos alfajores


 Bala Juquinha
A embalagem da Bala Juquinha (o desenho do rosto de um garoto loiro) está na memória de muita gente. Lançado em 1945, o doce ainda está em circulação


 Balas Pezs
As balas Pezs existem ainda hoje, mas não são mais comercializadas no Brasil. O diferencial era os dispensadores temáticos (porta-balas) colecionáveis. A coleção Looney Tunes fez sucesso no nosso país.


 Bala Soft
A bala Soft era muito saborosa. Elas ainda existem, mas a empresa precisou mudar o seu formato. Como era muito lisa, as crianças acabavam engasgando com a balinha.


 Baton
Lançado em 1956, pela Garoto, o chocolate recebeu esse nome por ter em sua versão original o formato de um batom. Em 2007, o Chocolate Batom também ganhou a versão sorvete


 Cigarrinho de chocolate
Pequenos chocolates em formato de cigarro foram moda nos anos 80. Este doce foi proibido por incentivar o tabagismo, mas logo depois voltou como "Rolinhos de chocolate"


 Dadinho
Dadinho é uma marca tradicional da bala feita a base pasta de amendoim. É impossível comer um só!


 Guarda-chuvinha de chocolate
Quem nunca comeu o chocolate do guarda-chuvinha de chocolate? O complicado era tirar a embalagem sem quebrar a pontinha chocolate.


 Moedas de chocolate
Moedas de chocolate ainda são uma tentação para adultos e crianças.


Pirulito Chupetinha
As crianças adoravam o Pirulito Chupetinha. A guloseima ainda é muito vendida para compor a decoração das mesas de aniversário

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O namoro em épocas passadas

Como se namorava antigamente? Como era o relacionamento do casal? Muitas garotas e rapazes têm muita curiosidade de saber como se namorava antigamente, como eram as abordagens, o papo, os amassos (isso já é papo de antigamente), o fazer amor (isso também).

Parece-me, na verdade, que essas dúvidas que rondam essas cabecinhas de hoje têm a ver com o tal do romantismo, aquele lance de namoro agarrado, de meu bem para cá, meu bem para lá.

Isso funciona, de certo modo, até hoje. Mas, o romantismo em essência, não parece resistir a poucos remanescentes.

Nas décadas passadas, de 30 a 70, por exemplo, apesar das diferenças temporais, a maioria dos namoros (relacionamentos de casal) eram padronizados, isto é, havia todo um ritual a ser cumprido pelos enamorados.
Primeiro, nada de intimidades, regra número 1. E, para isso, o casal namorava nos limites da casa da menina, sob os olhares de irmãos, pais, etc. Quando muito, tinham seus minutinhos de privacidade, no portão. Era uma coisa louca, vocês podem imaginar.

Aliado ao baixo conhecimento da sua sexualidade, naquelas épocas, quase ninguém transava com ninguém, oficialmente falando. As meninas mais saidinhas, ficavam logo com a fama de “dadeiras”, “biscates”, “galinhas”, etc., e só eram procuradas para fins sexuais, para namorar não serviam. Isso deve ter sido bem marcante para elas. Enquanto aos meninos, ah! que diferença, esses eram os machões, a tudo podiam, inclusive mentir sobre relações sexuais que jamais existiram, como hoje eles “batem no peito e juram …

Quando havia sexo, tome papai-mamãe, a posição mais utilizada pelos casais. Porém, haviam os catecismos… Para quem não sabe, os catecismos, eram livretos impressos em preto e branco, vendidos às escondidas nas bancas de jornais, cujo conteúdo era composto de desenhos (uns muito bem feitos) de pessoas tendo relacionamento sexual, transando, nas suas mais revolucionárias posições.

Não podemos esquecer também de que muitos homens e mulheres da época já estavam anos-luz à frente do seu tempo em termos de sexo e sexualidade. Além dos experientes, esses eram os (ou as) amantes preferidos. Quanto melhor era na cama, mais fama e parceiras(os) conseguia.
Havia, no entanto, todo um procedimento que elevava o relacionamento de namoro a um status muito maior do que se pode constatar nos dias de hoje. De fato, namorar era uma coisa mais séria. Na verdade, namorar era o primeiro passo – o segundo era o noivado (alguém se lembra?) – rumo ao casamento.

Por se tratar de algo mais sério à época, a fase do namoro era muito mais densa e exploratória. Nela as pessoas procuravam extrair tudo o que pudessem, um do outro, para que as fases seguintes, noivado e casamento, pudessem vir sem maiores decepções. Poder-se-ia afirmar que os casais de antigamente sondavam-se muito mais, se comparados com as modalidade de namoros atuais (sim, há modalidades!)

O assunto sexo, tratado como tabu pela sociedade como um todo, não podia ser debatido entre pais e filhos, ou pelo menos essa era a herança deixada por seus avós. Assim sendo, e sem os recursos atuais (camisinha, exames laboratorias, vacinas, pesquisas, TV, internet, etc), fazer sexo era uma aventura muito arriscada. Ficava-se, portanto, nos amassos, nas palpações, mão naquilo, aquilo na mão, entre outras variantes sem a penetração.
Mas… o romantismo existia, e isso fazia a diferença entre o namoro de ontem e o namoro de hoje!

O mais legal, ao meu ver, nos relacionamentos anteriores às décadas atuais, era o romantismo, que pode ser visto hoje nos velhos (nem tanto!) e bons filmes de hollywood. Era diferente, convenhamos.

Algumas pistas sobre o ser romântico

O que é ser romântico num relacionamento?

Ser romântico é uma característica pessoal, isto é, não se adquire com tutoriais ou estudos, porém, pode-se, através da generosidade, conseguir-se aproximar do ser romântico. Ah! e claro, pode-se acordar determinado dia com cara de bobo, admirando o nada, amando a natureza, com uma vontade enorme de falar com alguém, cantarolando sozinho, xiiiii…. você entrou para o time!

O romântico é um ser que vive de e do amor, por isso, muitas vezes, ele sofre. E até no seu sofrimento, o romântico carrega com orgulho o seu amor, apesar da dor, das incertezas e da indiferença da pessoa amada. Mostra seu amor ao mundo, aprovado ou não!

O ser romântico acorda pensando no seu amor, e por isso acorda feliz, porque ama, independentemente de ser amado ou não pela amada, ou amado. É um amor narcisista, o romântico ama-se espelhado no amor de outra pessoa, mesmo que esse não exista, pouco lhe importa. Por isso, o romântico é generoso ao extremo, passando-se muitas vezes por bobo, patético e idiota. Para ele, os comentários e o diz-que-diz de terceiros nada influencia seu modo de ser.

O romântico canta e chora ao mesmo tempo. Suas emoções sempre estão à flor da pele, por isso ele se condói com o sofrimento alheio, por isso ele é tão solidário e presente.

Ah! o romântico é um saudosista.


Texto de Aurelio Martuscelli Neto





Fonte:www.namoronaboa.com.br

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Google faz homenagem ao criador de 'Trem das Onze'

De trem para o Jaçanã e no samba do Arnesto, no Brás. Ou, ainda, em outros sambas no Bexiga e na Casa Verde. Cantando a simplicidade dos cortiços e das 'malocas' paulistanas, Adoniran Barbosa se tornou um dos maiores cronistas de São Paulo. Nesta quinta-feira, 6, para comemorar seus 105 anos, o Google escolheu o paulista como tema do seu Doodle - uma versão modificada do logo da empresa de buscas online. Ao clicar nele, o internauta encontra todo o conteúdo das páginas de internet sobre Adoniran Barbosa.

"No Brasil, ele é conhecido como um dos cantores de samba mais influentes que o gênero já viu. No entanto, ele fez mais do que apenas batucar. Adoniran exaltou a classe trabalhadora de São Paulo com sua narrativa expressiva, dando vida às malocas e aos cortiços por meio de canções icônicas, como Saudosa Maloca", afirmou o Google em nota.
O desenho, de autoria de Leon Hong, foi inspirado no Trem das Onze, uma das canções mais célebres de Adoniran. "Nos esboços iniciais é possível ver todos os conceitos reunindo-se visualmente: os ponteiros do relógio apontando 11 horas, o trem se aproximando em seu trilho em formato de pauta musical e o desenho do próprio Adoniran como parte da sua criação", explica a empresa.

Não é só no Brasil que está disponível o Doodle em homenagem a Adoniran. É possível vê-lo na página inicial do Google de outros países da América Latina, como Argentina e Chile, e até mesmo de países europeus e asiáticos. "A identidade musical única de Adoniran ressoou com seus ouvintes por meio da sua marca de honestidade e autenticidade, defendendo sua arte como um marco musical e uma relíquia querida do samba brasileiro."
Pai do samba paulista

Nascido em Valinhos, interior de São Paulo, no dia 6 de agosto de 1910, João Rubinato foi, além de sambista, humorista e radialista, adotando o nome de Adoniran Barbosa, uma de suas personagens na rádio. Um dos principais representantes da simplicidade das classes mais baixas da cidade, Adoniran foi alvo de críticas por reproduzir os 'erros' de português comumente cometidos pelos mais pobres, além de carregar no sotaque do paulista médio, que, em grande parte, era filho de imigrantes. Mas foi justamente essa peculiaridade que lhe tornou icônico e o fez conhecido como pai do samba paulista.
Entre seus maiores sucessos estão as canções Trem das Onze, Saudosa Maloca, Samba do Arnesto, Tiro ao Álvaro e Bom Dia Tristeza. Adoniran Barbosa morreu em 23 de novembro de 1982, aos 72 anos, em decorrência de um enfisema pulmonar. Em 2015, Adoniran também virou tema do curta-metragem Dá licença de Contar, no qual foi interpretado por Paulo Miklos, dos Titãs.






Fonte:Yahoo

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Após 25 anos, cantora e compositora Martinha volta a cantar em BH

Martinha – Ela tem 28 discos lançados e dezenas de composições próprias
 Cantora e compositora Martinha volta neste sábado (01) a Belo Horizonte após 25 anos sem fazer show por aqui. Mas como um dos nomes femininos mais celebrados da Jovem Guarda é esquecido na própria terra?

“Você teria que perguntar isso é para os mineiros”, sugere a artista, bem humorada, hoje com assumidos 68 anos de idade e 50 de carreira, celebrados no próximo ano. Para o ano que vem, a artista prepara um disco com composições inéditas.

“Fui aí quando estava fazendo 25 anos de carreira. Foi em uma casa de shows na Avenida Amazonas. Ficou cheio”, lembra Martinha, que é radicada em São Paulo.

Ela é compositora de clássicos como “Eu Daria a Minha Vida” (1968). A canção também ganhou a interpretação de Roberto Carlos, além de mais outras 4 mil gravações.

Neste sábado, Martinha sobe ao palco do restaurante Maria das Tranças acompanhada por banda para interpretar sucessos e... “Até uma que vou ousar cantar e que é inédita minha. Fala de Minas. Não vou falar o restante do repertório. Gosto de surpresa”.

O “rei” no funcionários

Martinha considera como ponto inicial da carreira uma visita que recebeu de Roberto Carlos em BH. Acompanhado de um divulgador, que era amigo da mãe dela, o “Rei” foi até o apartamento em que Martinha vivia com a mãe, na Rua Claudio Manuel, bairro Funcionários. “Militava em arte desde pequena, era pianista, estudava balé”, lembra.

O dia exato: 6 de junho de 1966. “A Jovem Guarda veio e levou todo mundo. Roberto Carlos já era o ‘rei’. Foi uma obra de Deus”, acredita. Naquele dia, Roberto fez dois shows na capital. Por isso, deixou a missão como revelador de talentos para mais tarde.

“Foi uma expectativa, pois ele não chegava. De repente eram umas três e pouco da manhã, ele chegou. A Martinha não estava acreditando, foi deitar. Eu a chamei. Ele a ouviu cantar e também cantou ‘Como é Grande o Meu Amor Por Você’, que ele tinha acabado de compor”, lembra pelo telefone, em plena lucidez, Ruth Vieira Figueiredo Cunha, 89 anos, mãe de Martinha.

Então, RC pediu para que Ruth e a filha o procurassem na TV Record, em São Paulo, onde apresentava o programa “Jovem Guarda”. E elas foram em outubro do mesmo ano e a carreira da mineira aconteceu.

“Ainda tenho bastante contato com ele. Trabalho com ele no estúdio. É um amigo insubstituível. Tenho dívida de gratidão com ele que não vou conseguir pagar nunca”, afirma a cantora, apelidada pelo rei como “Queijinho de Minas”.

Martinha e Banda – Neste sábado, às 21h, no Restaurante Maria das Tranças (rua Estoril, 938, bairro São Francisco – 4103-4171). R$ 40








Fonte:Hoje Em Dia

domingo, 19 de julho de 2015

Como nasceu o samba ?


O samba nasceu na Bahia, no século 19, da mistura de ritmos africanos. Mas foi no Rio de Janeiro que ele criou raízes e se desenvolveu, mesmo sendo perseguido. Durante a década de 1920, por exemplo, quem fosse pego dançando ou cantando samba corria um grande risco de ir batucar atrás das grades. Isso porque o samba era ligado à cultura negra, que era malvista na época. Só mais tarde é que ele passou a ser encarado como um símbolo nacional, principalmente no início dos anos 40, durante o governo de Getúlio Vargas. Nessa música brasileiríssima, a harmonia é feita pelos instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão. Já o ritmo é dado, por exemplo, pelo surdo ou pelo pandeiro. Com o passar do tempo, outros instrumentos, como flauta, piano e saxofone, também foram incorporados, dando origem a novos estilos de samba. "À medida que o samba evoluiu, ele ganhou novos sotaques, novos modos de ser tocado e cantado. É isso que faz dele um dos ritmos mais ricos do mundo", afirma o músico Eduardo Gudin.

DA RODA AO PAGODE

Por volta dos anos 30, diferentes estilos de samba surgiram no Rio de Janeiro

SAMBA-DE-RODA

Muito parecido com a roda de capoeira, é a raiz do samba brasileiro e está registrado na Unesco como patrimônio da humanidade. Surgiu entre os escravos na Bahia por volta de 1860 e logo desembarcou também no Rio de Janeiro. O samba-de-roda, como a dança, começa devagar e se torna cada vez mais forte e cadenciado - sempre acompanhado por um coro para repetir o refrão. Várias canções do estilo têm versos sobre o mar e as tradições africanas.

"AVÔ" DO RECO-RECO

Além de batuques na palma das mãos, os escravos batiam um garfo num prato, obtendo um som semelhante ao do reco-reco - instrumento que dá força ao samba.

SAMBA DE BREQUE

Um dos primeiros estilos nascidos no Rio, foi criado no final dos anos 20 em botecos da cidade. No meio do samba rolavam "paradinhas" onde o cantor falava uma frase ou contava uma história. Um dos mestres foi Moreira da Silva. O ritmo é mais picadinho - ou "sincopado", como dizem os músicos -, mas a marca registrada é mesmo a parada repentina. Daí o nome "samba de breque". Quase sempre conta uma história engraçada, de um tiroteio entre malandros à história de um gago que se apaixonou...

FLAUTA

O samba de breque foi o primeiro estilo a incorporar a flauta como instrumento de samba. Ela ajuda a deixar o ritmo mais orquestrado.

PARTIDO-ALTO

Na década de 1930, o partido-alto se popularizou nos morros cariocas. Entre um refrão e outro, os músicos criavam versos na hora, quase como repentistas. As antigas festas de partido-alto chegavam a durar dias! A partir dos anos 70, Martinho da Vila virou um músico marcante do estilo. A principal característica é a improvisação. O partido-alto se mantém, principalmente, pelo jogo de palavras encaixadas no momento certo. O estilo trata de temas do cotidiano, e sempre com o maior bom humor.

SURDO

O surdo entrou de vez na roda com o partido-alto. Tocado com a mão ou com a baqueta, ele define a pulsação da música. É o "coração do samba".

SAMBA-ENREDO

Na década de 1930, quando surgiram os primeiros desfiles de escolas de samba no Carnaval do Rio, nasceu o samba-enredo. No início, os músicos improvisavam dois sambas diferentes: um para a ida e outro para a volta na avenida onde as escolas desfilavam. Com o passar dos anos, o samba-enredo ganhou uma batida mais acelerada que outros sambas - o que ajuda as escolas a desfilarem no tempo previsto. A partir dos anos 80 a coisa mudou, mas, até então, samba-enredo só abordava a história oficial do Brasil.

CUÍCA

Com o som de uma "voz grunhindo", foi uma das novidades das baterias das escolas. A função da cuíca é mais complementar, dando um tempero extra ao samba.

SAMBA-CANÇÃO

Outra cria dos botecos cariocas, o samba-canção apareceu na virada dos anos 30 para os 40. Logo ficou famoso como "samba de fossa", perfeito para ouvir após um pé na bunda... Cartola e Noel Rosa fizeram grandes músicas do estilo. A batida mais lenta e cadenciada do samba-canção lembra bastante o bolero, outro ritmo musical que fazia sucesso nos anos 40. Em geral, as canções falam de desilusão amorosa - de amores não correspondidos às piores traições!

PANDEIRO

Desde a origem do samba o pandeiro estava presente, mas no samba-canção ele ganhou mais importância, marcando o ritmo da música no lugar do surdo.

BOSSA NOVA

Cansados da fossa do samba-canção, alguns compositores decidiram fazer músicas sobre temas mais leves no final dos anos 50. Nascia a bossa nova. Mestres como Tom Jobim e João Gilberto faziam um samba bem diferente, com grande influência do jazz. Com construções musicais mais "complexas", a bossa nova tem o chamado "violão gago", tocado num ritmo diferente do da voz e dos outros instrumentos. O assunto preferido eram as belezas da vida, da praia às mulheres, é claro!

VIOLÃO

O símbolo da bossa nova foi mesmo o violão -além do banquinho... Usado em quase todos os estilos de samba, é um dos responsáveis pela melodia e harmonia da música.

PAGODE

O pagode que hoje faz sucesso pintou como estilo de samba na década de 1980, no Rio, com cantores como Jorge Aragão e Zeca Pagodinho. Nos anos 90, em São Paulo, ficou mais "comercial" - com direito até a coreografia dos músicos - e explodiu nas rádios. O pagode dos anos 80 era muito influenciado pelo partido-alto. Já na década seguinte passou a ter uma pegada mais lenta e romântica. Nos anos 80, o principal era a vida na comunidade; nos 90, as letras românticas.

TECLADO

Nos hits mais modernos, entraram na dança instrumentos eletrônicos, como teclados e sintetizadores - para desgosto dos sambistas mais tradicionais...

COMPLETANDO A BATERIA

Conheça outros instrumentos importantes para um bom batuque

TANTÃ

Mais fino que o surdo, também marca o ritmo. Em geral, é tocado com a palma das mãos, sem que os dedos encostem na membrana.

TAMBORIM

Tocado com uma vareta de bambu, não marca necessariamente o ritmo do samba, mas traz um som agudo para o batuque.

CAVAQUINHO

Tem papel semelhante ao do tamborim: deixa o som mais agudo. Mas faz isso na melodia do samba, e não na batida rítmica.








Fonte:mundoestranho.abril.com.br

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Uma rádio, na Internet, não é apenas uma rádio


Apesar de ainda ser restrita à população de pessoas de baixa renda, a internet já é realidade para um número cada vez maior de pessoas, e continua seduzindo as outras mídias como os veículos impressos, a televisão e, agora, o rádio. Vale lembrar que na rede, o usuário busca muito mais que textos, áudios, imagens. Assim, uma rádio, na Internet, não é apenas uma rádio. É uma emissora que pode ser lida, ouvida, e, porque não, assistida.


De acordo com pesquisas apontadas no site www.radios.com.br , o Brasil é está em 2 o lugar em número de emissoras disponíveis na rede, com mais de 200 rádios disponibilizadas na internet. Tudo evidencia que a inclusão do veículo na Web está se configurando como um passo vital e inexorável na era das comunicações vivenciada pela sociedade atual. E são inúmeras as vantagens de tornar a emissora uma fonte global de informações, a saber: aumento da base de mercado (pessoas podem trabalhar e ouvir a emissora enquanto executam suas tarefas); é fonte de renda adicional de receita publicitária, com venda de banners e patrocínios; maior número de oportunidades promocionais; relacionamento mais interativo com o público; possibilidade de pesquisa do perfil do público e conseqüente construção de banco de dados sobre a audiência; aumento da audiência; facilidade de operação; além de que o rápido desenvolvimento das formas de acesso à Web, com os custos cada vez mais declinantes, deverá popularizar ainda mais o uso da Internet.

Assim, além do rádio reafirmar sua condição de veículo indispensável para uma comunicação instantânea no cotidiano das pessoas, ele já passa por uma adaptação que precisa ser acompanhada e avaliada para que se consiga explorar toda a sua potencialidade, possibilitando que os ouvintes recebam mais qualidade do conteúdo oferecido, seja jornalístico, musical ou de serviços, e tenham participação real no processo de produção.

A utilização da rede mundial de computadores para a transmissão de som, imagem, vídeos e textos se configura como um grande divisor de águas, pois com o advento da internet há a possibilidade de uma real transmissão de mensagens a um número infinitamente maior de pessoas.






Fonte: www.oparanasondasdoradio.ufpa.br/

domingo, 28 de junho de 2015

A televisão no Brasil - O Começo - Década de 50


A pré-estréia da Televisão no Brasil aconteceu no dia 3 de Abril de 1950. Foi com uma apresentação de Frei José Mojica e as imagens foram assistidas em aparelhos instalados no saguão dos Diários Associados.

No dia 10 de setembro foi transmitido um filme onde Getúlio Vargas falava sobre seu retorno à vida política.

Finalmente no dia 18 de setembro a TV Tupi de São Paulo, PRF-3 TV, canal 3, foi inaugurada. Era a concretização do sonho de um pioneiro da comunicação no Brasil: Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, que já controlava uma cadeia de jornais e emissoras de rádio chamada Diários Associados.

Chateaubriand havia encomendado à RCA equipamento para duas emissoras de televisão. A antena foi instalada no edifício do Banco do Estado de São Paulo.

"TV na Taba", apresentado por Homero Silva, foi o primeiro programa transmitido. Teve a participação de Lima Duarte, Hebe Camargo, Mazzaropi, Ciccilo, Lia Aguiar, Vadeco, Ivon Cury, Lolita Rodrigues, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, do jogador Baltazar e da orquestra de George Henri.

Logo na estréia a TV Brasileira teve de mostrar seu poder de improviso. Eram apenas duas câmeras e horas antes do começo da transmissão uma pifou. Os técnicos americanos aconselharam que a "festa" fosse adiada, mas lá estava o diretor Cassiano Gabus Mendes, outro pioneiro da TV brasileira, que decidiu ir ao ar mesmo só com uma câmera.

A transmissão foi assistida através de 200 aparelhos importados por Chateaubriand e espalhados pela cidade.

Logo, com ajuda dos profissionais do rádio, jornal e do teatro, as transmissões aconteciam das 18 às 23h e foi colocado no ar o primeiro telejornal: "Imagens do Dia".

Os primeiro anunciantes da TV Brasileira foram : Sul América Seguros, Antárctica, Moinho Santista e empresas Pignatari (Prata Wolf).





Fonte:radiodifusaoenegocios.com.br/

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Festa em louvor a São Pedro em Fama MG


Você está convidado para participar com sua família da Festa de São Pedro em Fama MG

Programação:

Dia 26/06 sexta-feira as 19:00 horas:
Missa de abertura da festa com participação do Padre Filomeno e levantamento do mastro e bandeira.

Dia 27/06 sábado as 19:00 horas:
Santa Missa

Dia 28/06 domingo as 09:00 horas:
Santa Missa

Dia 03/07 sexta-feira as 19:00 horas:
Santa Missa

Dia 04/07 sábado as 19:00 horas:
Santa Missa - Show com Fernando Cesar e Adriano Vitor

Dia 05/07 domingo as 09:00 horas:
Santa Missa - As 18:00 horas linda procissão fluvial com a benção e bateria de fogos

Convidamos a todos os donos de barcos, lanchas e outras embarcações para participar desta procissão.

Ademir Palácios

sábado, 20 de junho de 2015

Anos 60: A Revolta Juvenil


De 1960 a 1969, em cada ano desta década, em cada um dos cinco continentes, em quase todos os 145 países de vários sistemas políticos, o mundo conheceu a rebelião dos jovens. Ao lado das guerras – e mais do que o sexo -, as manchetes dos jornais falaram da odisseia de 519 milhões de inconformados.
 Mutantes da nova “era oral e tribal em dimensões planetárias, produzida pelas comunicações de massa”, segundo Marshall McLuhan, os jovens entre quinze e 24 anos -  um sexto da população da Terra – são ao mesmo tempo mito e desmistificadores da sociedade. Consumindo e consumidos, contestando e contestados, Êles lutaram com tôdas as armas para destruir o velho e impôr o novo.
 Na expressão dura dos jovens “enragés” ou na mansidão dos hippies, que o Arcebispo James Pike, da Califórnia, comparou aos primeiros cristãos, os anos 60 foram de luta e recusa, pacífica ou violenta, mas sempre radical.



 A revolta juvenil não é uma particularidade desta década, mas agora ela deixou de ter simples motivações psicológicas (não mais uma “crise de adolescência”) para ganhar componentes sociológicos novos e se constituir em problema social. De um dia para o outro, “a nossa esperança do amanhã” resolveu fazer o presente. Como afirmaram, era preciso deixar de ser objeto para ser sujeito da História. De eterna ameaça romântica e simbólica eles passaram a ser destruidores radicais de tudo o que está estabelecido e consagrado: valôres e instituições, idéias e tabus. Com a pressa que lhes dá a sua provisória condição e com a coragem da idade, êles afrontaram a moral vigente e arrancaram as pedras das ruas para com elas pôr por terra as estruturas da sociedade: capitalista ou comunista, de opulência ou de miséria.

 Em todos êles um máximo denominador comum: não. Mas, descrentes de tudo o que herdaram, os jovens perderam até a confiança no não que lhes tinham ensinado a dizer e criaram uma nova semântica da negação – o sim ao não – e uma nova forma de dizê-lo: a ação. Um não que podia ter a aparência de cabelos compridos, roupa suja, música estridente, pés descalços e “blue jeans”, ou assumir a forma mais ameaçadora de uma pedra na mão e uma idéia revolucionária na cabeça.




No princípio da década, repetindo na vida o que alguns ídolos dos anos 50, como James Dean e Marlon Brando, faziam no cinema, os jovens explodiram numa onda de violência sem objeto e sem sentido. De repente, como que obedecendo a um comando único, essa onda de espraiou por vários países. “Blousons noirs” franceses, “playboys” e transviados brasileiros, “beats” e “hell angels” americanos, “teddy boys” inglêses. Várias qualificações para falar de uma mesma atitude agressiva e uma mesma disposição violenta. Uma violência que se manifestava gratuitamente contra pessoas, carros, vitrinas, ou no desafio do perigo inútil: duelos a faca e canivete, corridas vertiginosas pelas madrugadas. Apenas um valor pareciam cultivar: o respeito e admiração do grupo ou da “gang”. No prazer da velocidade, no ruído ensurdecedor da motocicleta, o vento batendo no rosto e a máquina obedecendo dócil ao comando, o jovem do início da década começava a se manifestar no mesmo ritmo alucinante do “rock-and-roll”.

 Suas caras selvagens assustaram, seus gestos surpreenderam. Podiam ser o primeiro problema jovem da década, como podiam ser também “impulsos naturais da juventude”. Outras épocas não tinham igualmente passado por isso?

 Ao espalhar-se ruidosamente pelos bares, quebrando tabus (fumando, bebendo e se beijando), a “geração perdida” do primeiro pós-guerra também escandalizara as famílias, quando Scott Fitzgerald lhes revelou “êsse lado do paraíso”. (“Môças ceando depois dos bailes, às 3 horas da madrugada, em lugares incríveis, conversando sôbre todos os assuntos com ar meio sério, meio zombeteiro...”)





O segundo pós-guerra também produzira a sua geração-problema, a existencialista que se alimentava da “náusea” de Sartre e do absurdo de Camus, mergulhando, suja e despenteada, nas caves de Saint-German-des-Prés para se embebedar de absinto e das canções de Juliette Gréco. Como essas duas gerações, os nossos transviados tinham assustado a sociedade. Um susto que intranqüilizava mais pelos efeitos do que pelas causas, embora alguns vissem pelas manifestações o prenúncio de qualquer coisa de mais grave. O Presidente Kennedy chegara a dizer: “Temos os meios de fazer da geração atual a mais feliz da humanidade na história do mundo – ou fazer dela a última”.


 Ensurdecidos pelo ruído de suas máquinas, nem todos perceberam que a juventude 60 não tinha apenas aquela cara rebelde que podia variar de contôrno mas não perdia a semelhança com as de outras épocas.



Fonte: Revista Veja

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Nelson Cavaquinho - Vida & Arte

O cantor e compositor Nelson Cavaquinho nasceu no Rio de Janeiro em 29 de outubro de 1911, sendo batizado como Nelson Antônio da Silva. Faleceu também no Rio em 18 de fevereiro de 1986, poucos dias depois de ver sua escola de samba do coração, a Mangueira, vencer o carnaval.

Nelson e a música eram velhos amigos. O pai dele, Brás Antônio da Silva, tocava tuba na Banda da Polícia Militar. Domingo era dia de música em casa, nos diversos lugares onde a família morou. Em cada novo bairro, Nelson ia recolhendo influências. Na Lapa, teve contato com os malandros e valentes; já na Gávea, conviveu com os chorões, fascinando-se com os tocadores de cavaquinho. Entusiasmado, quis aprender o instrumento, ensaiando sempre... que conseguia algum emprestado.

Desde essa época, Nelson acostumou-se a tocar apenas com os dedos polegar e indicador, hábito que manteve a vida toda. Em certo momento, por volta dos 40 anos, ele mudou do cavaquinho para o violão (embora ninguém tenha tido a idéia de chamá-lo de Nelson Violão por causa disso). Oficialmente, a mudança aconteceu porque o cavaquinho, sendo um instrumento pequeno, não combinaria com um homem de cabelos brancos. O violão imporia mais respeito. A cronista Eneida sabia de uma outra história, chegando a mencionar publicamente o assunto (num disco-depoimento de Nelson gravado no selo Castelinho em 1970), mas o sambista desconversou e, até onde consegui saber, a outra história caiu no esquecimento.

Nelson precisou parar de estudar cedo para trabalhar e ajudar a família. Mas ir à aula realmente não era das paixões do moço, mesmo. O pai descobriu logo que o filho fugia do serviço para ir a rodas de choro, principalmente se quem tocava bandolim era Luperce Miranda. Preocupado, seu Brás falsificou os documentos de Nelson, que de 20 anos passou a ter 21, para que pudesse ingressar na Cavalaria da Polícia Militar. Afinal, ele já era um homem sério: casara algum tempo antes com Alice Neves, numa delegacia, arrastado pelo pai da moça. Um dos presentes de casamento Nelson recebeu antecipado: um sabonete, para que pudesse tomar banho, tal a falta de grana em que estava. O novo policial não gostou muito da história, afinal recém ganhara um cavaquinho de presente e estava compondo muito.

Bem, da noite pro dia Nelson Cavaquinho ficara um ano mais velho, casara e fora incorporado na polícia. Parecia que seus dias de boemia iam ficar no passado. Mas adivinhem em que lugar do Rio ele deveria fazer sua ronda diária? Era nada mais nada menos que o Morro da Mangueira! Desta forma, diariamente, Nelson era obrigado a ir à Mangueira, fazendo a ronda. De bar em bar, conheceu os sambistas e se apaixonou definitivamente pela Estação Primeira, à qual dedicou os sambas “Folhas Secas” e “Pranto de Poeta”, compostos em parceria com Guilherme de Brito.

Até conhecer Guilherme, na década de 50, Nelson fazia sozinho seus sambas. Mas eles chegavam ao disco com um ou dois “parceiros”, aos quais ele vendera parte dos direitos autorais. Era a forma que usava para viver, após deixar a Polícia em 1938 antes que fosse expulso. É difícil saber quem realmente era parceiro de Nelson, até porque ele tinha plena consciência de que vendera porque quis quando precisava e não tinha porque reclamar depois. Seu primeiro sucesso, “Rugas”, foi dividido com Ary Monteiro e Augusto Garcez. Em outro clássico, “Degraus da Vida” (que teve uma gravação fabulosa de Elizeth Cardoso em 1970), Nelson quase some entre os “parceiros” César Brasil e Antônio Braga.

Compor com Guilherme de Brito fez com que os sambas de Nelson Cavaquinho cada vez mais falassem de seus temas preferidos: mulheres, flores e morte. A parceria gerou clássicos como “A Flor e o Espinho” (assinado por Nelson, Guilherme e Alcides Caminha), que inicia com um verso digno de antologia: “Tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor.”

A venda de parte dos direitos desagradava alguns parceiros de Nelson. Foi assim com Cartola. Eles fizeram um samba juntos, Nelson deu uma carona na música e Cartola decidiu manter a amizade, mas encerrar a parceria. O estilo de Nelson Cavaquinho tocar foi assim comentado pelo crítico Tárik de Souza em artigo de 1973 na Folha da Manhã de Porto Alegre: “O estranho violão toca sempre contrário à linha melódica, uma espécie de execução pelo avesso que às vezes lembra harmonizações orientais.” Tárik citava ainda o respeito que os violonistas Egberto Gismonti e Turíbio Santos, de formação erudita, tinham pelo autodidata Nelson Cavaquinho, criador de um estilo que não teve seguidores.

Nelson Cavaquinho gravou apenas três discos solo, incluindo o de depoimento, além de participar outros três dedicados à sua obra. Já no cinema, Nelson atuou em três filmes, em que ele sempre aparecia num bar, com o violão, bebendo e cantando: seu próprio papel na vida. Foi assim nos longas O Casal, dirigido por Daniel Filho em 1975, e Muito Prazer, de David Neves, em 1979. Mas seu grande momento foi o curta Nelson Cavaquinho, que Leon Hirszman filmou em 1970, com Nelson circulando com os amigos pela Mangueira e batendo samba, como ele dizia. Uma forma excelente de lhe dar as flores em vida, como ele pediu no samba “Quando Eu me Chamar Saudade”, mais um da parceria com Guilherme de Brito.

Cartola, Nelson e Juvenal desfilam pela Mangueira



Making off do texto - Escrito como roteiro de parte da edição piloto do programa Brasileirinho, que gravei em maio de 2002 para levar às emissoras de rádio de Porto Alegre como amostra do projeto que eu queria levar ao ar; as emissoras não se interessaram e o projeto originou o site Brasileirinho (http://brasileirinho.mus.br/). Inclusive este foi um dos quatro textos que entraram no ar no primeiro dia do Brasileirinho, em 17 de outubro de 2002; o áudio deste texto já esteve no ar no Brasileirinho durante algum tempo. Este artigo é citado no verbete sobre Nelson Cavaquinho na Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%A9lson_Cavaquinho ).

Nelson Cavaquinho - Documentário 1969 [completo]


Curta-metragem sobre o sambista Nelson Cavaquinho, filmado em 1969 pela lente de Leon Hirszman, um Nelson Cavaquinho de 59 anos de idade é flagrado divagando suas impressões sobre a música e a vida em sua casa no dia-a-dia tranqüilo de Bangu, caminhando pela vizinhança simples e, principalmente, cantando com sua embargada voz, o indefectível dedilhar debochado de seu violão (tão irresistível de se imitar, para quem é violonista) e um olhar comovente que consolida de vez o caráter comovente de sua poesia popular. http://espacogarrincha.blogspot.com






Fontes:vamosfalar-jornalismocultural.blogspot.com.br/http://espacogarrincha.blogspot.com

terça-feira, 9 de junho de 2015

Documentário: História do Radio - A Era do Radio


A partir de 1919 começa a chamada "Era do rádio".

O microfone surge através da ampliação dos recursos do bocal do telefone, conseguidos em 1920, nos Estados Unidos, por engenheiro da Westinghouse.

Foi a própria Westinghouse que fez nascer, meio por acaso, a radiofusão. Ela fabricava aparelhos de rádio para as tropas da Primeira Guerra Mundial e com o término do conflito ficou com um grande estoque de aparelhos encalhados. A solução para evitar o prejuízo foi instalar uma grande antena no pátio da fábrica e transmitir música para os habitantes do bairro. Os aparelhos encalhados foram então comercializados.

A primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, foi o dircurso do Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co.

Para se ter uma idéia de porque a época ficou conhecida como a "Era do Rádio", nos EUA o rádio crescia surpreendentemente. Em 1921 eram 4 emissoras, mas no final de 1922, os americanos contavam 382 emissoras.

A chegada do rádio comercial não demorou. Logo as emissoras reivindicaram o direito de conseguir sobreviver com seus próprios recursos. A pioneira no rádio comercial foi a WEAF de Nova Iorque, pertencente à Telephone and Telegraf Co.. Ela irradiava anúncios e cobrava dois dólares por 12 segundos de comercial e cem dólares por 10 minutos.

O "pai do rádio brasileiro" foi Edgard Roquete Pinto. Ele e Henry Morize fundaram em 20 de abril de 1923, a primeira estação de rádio brasileira: Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Foi aí que surgiu o conceito de "rádio sociedade" ou "rádio clube", no qual os ouvintes eram associados e contribuíam com mensalidades para a manutenção da emissora.

O Dia Mundial das Telecomunicações é comemorado em 17 de maio porque foi nesta data, em 1865, que institui-se a "União Telegráfica Internacional".










Fonte:radiodifusaoenegocios.com.br

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Em 1960 o 'Assalto ao Trem Pagador' surpreendeu o Brasil



Às 8h 30 min do dia 14 de junho de 1960, uma terça-feira, um número indeterminado de mascarados, armados de metralhadoras e revólveres de grosso calibre, no local denominado, popularmente, de "Curva da Morte", no quilômetro 71 da linha auxiliar da Central do Brasil, próxima à estação Japeri, realizou um dos mais audaciosos assaltos da crônica policial brasileira, o assalto ao trem pagador da Central do Brasil, ficando a ação, a partir dessa data, para sempre, no imaginário coletivo da maioria dos brasileiros. Esse trem levava o pagamento de mais de mil ferroviários dessa e outras estações, muito dinheiro àquela época, na verdade, uma fortuna. Todo esse dinheiro estava contido numa caixa de madeira, guardada pelo pagador Cícero de Carvalho e mais dois auxiliares. Para facilitar o ataque, os assaltantes dinamitaram os trilhos e fizeram descarrilar a locomotiva e o vagão. Entraram no trem disparando, levando, em poucos minutos, todo o dinheiro que se encontrava no vagão.

Esse assalto ao trem pagador da Central do Brasil surpreendeu até aos mais experientes policiais relacionados com tais tipos de crimes pela audácia e precisão. Da maneira como foi executado, não havia notícias no Brasil, não obstante a ocorrência de outros na mesma companhia, em 1948 e em 1954, ambos, porém, com modestas repercussões na opinião pública pelo pouco que representaram em termos de perdas monetárias.

Obviamente, a Central do Brasil, foi pega de surpresa, nunca passando pela cabeça de seus executivos que tal coisa pudesse acontecer. Tanto era verdade que o trem circulava todos os meses nos mesmos dias e horários e, exatamente, na mesma linha. Esse foi seu erro.

Tudo começara à altura do km 72 da linha auxiliar que levaria o trem rumo à estação de Japeri e Paes Leme, trem esse que estava levando o dinheiro – três vezes mais do que o de costume – com que pagaria, além do salário normal, mais dois meses de abono, decretado dias antes pelos diretores da Rede Ferroviária Federal. Tudo estava calmo e tranqüilo como sempre. Em um dos vagões, na realidade, no último, os funcionários encarregados do pagamento contavam e separavam o dinheiro do pagamento, que, ao invés de estar trancado dentro do cofre existente no vagão, estava em caixas e latas, segundo se soube depois, exatamente para facilitar o trabalho do pagador e de seu auxiliar.

Repentinamente, ouviram-se algumas explosões (não se soube quantas, variando segundo as fontes) seguidas de ruídos das rodas aparentemente descarriladas do trem pagador. Aos solavancos, a composição ia, aos poucos, parando, deixando perplexos, e sem saber o que acontecia os ocupantes, dos vagões do trem.


Tão logo o trem parou, uma voz imperiosa, forte, tonitruante, gritou, através de um megafone, no melhor estilo cinematográfico, aparentemente um pouco distante: "Isto é um assalto! Desçam já do trem! Se reagirem, serão mortos sem piedade." Paralelamente, ouviam-se tiros e mais tiros, enquanto as vozes se aproximavam do vagão onde se encontrava o dinheiro. O saldo do tiroteio: Eusébio Galvão, guarda-linha da Central, levou um tiro na boca; Sebastião Alvarenga Vale ficou ferido; Leonel Esteves tomou um tiro na coxa e Círio Antônio da Silva levou umas boas coronhadas. Leonel, segundo ele próprio diria mais tarde, assim que pulou do carro, levou um tiro na coxa e, com medo, escondeu-se perto dos trilhos, enquanto assistia a toda a cena. Segundo ele, devia haver uns seis assaltantes à vista; vira ele, também, um homem alto, negro, talvez com mais de 1, 80 de altura, parrudo, sotaque de nordestino, usando como máscara uma meia de mulher que lhe cobria o rosto, além de luvas pretas, que certamente era o líder, o que dava as ordens. Usando uma parabélum em cada mão, ele foi o primeiro a entrar no vagão do dinheiro (mais tarde diriam que foi o segundo). Seu auxiliar mais próximo, o segundo no comando, era magrinho, baixinho e muito nervoso; não se preocupou em esconder seu rosto, sempre repetindo que iria executar os trabalhadores, porque morto não falava. Foi ele que levou o pessoal do trem para perto de um barranco, repetindo sempre que iria matar todo o mundo, sendo impedido pela maioria dos companheiros. Dizia também que iria jogar bananas de dinamite na composição e mandar tudo pelos ares. Quando Leonel, escondido, ouviu essas ameaças, saiu de seu esconderijo, pedindo clemência, pelo amor de Deus, dizendo que não queria morrer. Ele pressentiu que seus dias haviam terminado; porém o chefe disse um "deixa pra lá", e fugiram carregando o dinheiro, que totalizava 27 milhões e 600 mil cruzeiros. Quando acordou, ele se encontrava em um quarto de hospital.

Círio, o das coronhadas, contou uma história semelhante; também ele se encontrava no vagão, quando os dois mascarados apareceram, um deles investindo contra ele, gritando que "muita gente vai morrer", desmaiando com as coronhadas. Eusébio Galvão, o do tiro na boca, entrou em estado de coma, conseguindo, todavia, sobreviver. Por azar, o único a morrer não era funcionário da Central do Brasil: o operário Francelino Correia, que viajava de carona, levou um tiro na testa e não resistiu, morrendo na hora.

Depoimento sobre o assalto ao trem pagador - parte 1.


Assim que acionada, a polícia ficou, a princípio, desnorteada; a única certeza era a de que o assalto fora muito bem planejado e realizado com a mais absoluta frieza e determinação. Além do mais, ficou patente para os investigadores que os bandidos estavam muito bem informados sobre o carregamento extra, devendo, por isso, ser pessoas próximas a gente graúda da companhia. O que também deixou perplexa a polícia foi não entender o motivo pelo qual não havia nenhuma guarda armada acompanhando o trem pagador, porquanto a RFF os possuía. Com o pessoal encarregado de acompanhar o dinheiro do pagamento, somente duas carabinas winchester com 18 balas e um revólver com seis tiros. Questionada sobre a localização do dinheiro, a direção da Central do Brasil, como já noticiado, explicou que a explosão da dinamite e a rápida chegada dos meliantes ao vagão, somadas à surpresa dos acontecimentos e o medo do que poderia acontecer, impediram que os funcionários pudessem carregar os caixotes e tornar a colocá-los dentro do cofre. Mesmo assim, se ameaçados, o pessoal da companhia não arriscariam suas peles e terminaria por abri-lo.

A polícia, então, logo iniciou minuciosa busca nas imediações do local do assalto; de imediato, constataram que eles tiveram o trabalho de abrir uma picada no matagal para que o acesso ao trem fosse facilitado. Obviamente para a passagem de carros para carregar o produto do roubo. Como era um trabalho razoavelmente pesado, a esperança dos investigadores era a de que pessoas que moravam próximas ao local certamente deveriam ter visto a movimentação naquele local, podendo, por isso, fornecer valiosas pistas para a polícia. Constataram também que os assaltantes ficaram muito tempo à espreita, a polícia encontrando no local da tocaia um maço de cigarros importado da marca Marlboro, uma garrafa de uísque e um talão de "Traveller’s Checks", com cada folha valendo dez dólares.

Essas pistas deixaram a polícia ainda mais confusa: seria uma quadrilha internacional a autora de assalto tão ousado? Ou tudo aquilo era apenas um despistamento, falsas pistas implantadas somente para deixar a polícia ainda mais confusa? Os bandidos poderiam raciocinar que, enquanto a polícia perdia tempo em tentar localizar a quadrilha fora do país, eles teriam tempo de se esconder, esconder o produto do roubo, ao mesmo tempo em que seria mais fácil elaborar álibis perfeitos e sem contestação.

No dia seguinte ao assalto, o Brasil inteiro foi inundado com as notícias sobre o audacioso roubo. Os jornais e revistas repercutiam as informações da polícia, dando conta de que o assalto fora muito bem pensado e nenhuma pista ainda fora encontrada, mas que, em muito pouco tempo, eles tinham a convicção de que tudo seria esclarecido, já que foram colocados nas investigações dezenas de policiais, a maioria com experiências nesse tipo de acontecimento.

Logo também a polícia, como previa, conseguiu algumas informações com um lavrador morador das vizinhanças; segundo ele, alguns dias antes ele surpreendera os trabalhos de abertura da picada no mato, sendo informado pelos meliantes de que eles tinham comprado uma fazenda nas imediações e estavam abrindo um caminho que levava aos trilhos da Rede Ferroviária Federal para facilitar os trabalhos que seriam desenvolvidos na fazenda.

A polícia também ficou sabendo que, ao passarem pelo atalho ruma à estrada que dava em Japeri, os assaltantes se viram impedidos de continuarem devido a uma tropa de burros que barrava o caminho, conduzida por um certo Messias da Silva. De acordo com ele, os assaltantes, nervosos, buzinavam, pedindo caminho, chegando a gritar com ele: "sai da frente, palhaço!". Ele não tinha certeza, mas achava que eram em número de quatro, um deles "preto".

Indicado para ser o porta-voz da RFF para falar sobre o assalto, o capitão Salim Barbosa, comandante da guarda-civil ferroviária, logo no dia seguinte, disse para a imprensa, obviamente sem saber o que falava, que os assaltantes eram pessoas de boa condição financeira, mas que, como sempre acontece, cometeram suas falhas; as armas, por exemplo, eram caras e bastante raras no país. O megafone utilizado no assalto, alguns cartuchos, um macaco de alta tonelagem, uma tesoura de cortar arame e uma bolsa de mulher foram apreendidos, e, além do mais, fora descoberta uma carga de dinamite que, certamente, fora montada por pessoas leigas no assunto.

Depoimento sobre o assalto ao trem pagador - Parte 2


Com o desenvolvimento das investigações, o polícia começou a ter suas certezas; primeiro, ficou mesmo convicta de que o local do assalto foi muito bem escolhido por ser uma área rural, pouco habitada, cercada de morros; também, os assaltantes, na realidade, seriam em número de oito ou de dez; certamente quem entrou no vagão sabia o que estava fazendo, já que imediatamente achou o dinheiro e desapareceu com toda a grana; paralelamente, a polícia descobriu que um carro azul dava cobertura aos bandidos e sabia muito bem o que fazer, indo em direção à avenida Dutra.

Com as enormes repercussões do assalto, a caçada se tornou implacável; agentes das polícias do Estado do Rio, do Estado da Guanabara e da própria Rede Ferroviária Federal começaram a vasculhar uma imensa área, que ia até Nova Iguaçu, munidos de armas portáteis leves, granadas e até gás lacrimogêneo. O inquérito ficou a cargo do delegado Amil Ney Rachid (segundo um leitor, o verdadeiro sobrenome desse delegado era Rechaid, o que não foi registrado pela imprensa de então), que, seguro de si, e bastante arrogante, declarou à imprensa que em 48 horas tudo estaria resolvido, que a polícia tinha informações seguras sobre alguns participantes do assalto.

Já na sexta-feira (17.06.60), contudo, o delegado já se encontrava pressionado pela Secretaria de Segurança Pública, ele, porém, já reclamando da pouca ajuda da polícia da Guanabara e da própria guarda da Central do Brasil. Passados esses três dias, nada, nenhuma pista fora encontrada que pudesse denunciar o caminho percorrido pelos assaltantes.

A pista mais quente para os agentes era a garrafa de uísque, que trazia as inscrições "NB 125 52 OCB"; esperavam que, pela inscrição, os compradores poderiam ser identificados. Foram atrás de todos os importadores, em vão, todavia, pois não havia registros de vendas a partir da inscrição.

Como no filme Casablanca ("prendam os suspeitos de sempre"), sem pistas consistentes, a polícia começou a prender suspeitos a torto e a direito; a princípio, em torno de cinqüenta pessoas foram presas para interrogação; depois se noticiou que esse número aumentara para quinhentos, a polícia nada conseguindo. Depois, a polícia se fixou em alguns nomes que, efetivamente, poderiam estar envolvidos no esquema, um bandido pé-de-chinelo de alcunha "Jonjoca", ex-comparsa de outro bandido apelidado de "Buck Jones" e também de um certo Dirson Ferreira, sem nenhum êxito. Todos desapareceram de circulação ou não tinham nada a ver, efetivamente, com o caso.

O delegado Amil, que vivia declarando que as prisões eram iminentes, então, se viu obrigado, em entrevista coletiva, a declarar que "somente num golpe de sorte poderão ser descobertos os assaltantes, de vez que o crime foi minuciosamente estudado, não deixando margem para qualquer investigação positiva".

Sem nada de positivo para declarar aos repórteres encarregados de cobrir o caso do assalto, a polícia agora dizia que estava à caça de um tal Lúcio da Conceição que teria servido de intermediário na compra de um Buick com placa RJ 8-23-53 que teria conduzido os assaltantes depois que estes abandonaram a camioneta MG 8-30-35, próximo a um campo de provas e que, alguns dias antes do assalto, teria procurado o antigo dono do carro, pedindo-o emprestado para resolver questões urgentes, mas, que, desaparecera com ele. É de se notar que o tal "carro azul", mencionado pela testemunha no início do caso, não mais foi mencionado. Ao mesmo tempo, diversos outros bandidos iam sendo presos à revelia, até que a polícia se fixou em um outro nome, um bandido razoavelmente famoso de alcunha "Gangan", acusado de ter sido o autor intelectual de um planejado assalto ao Banco de Santa Catarina, abortado antes pela polícia, que descobrira o plano antes de sua consecução.

A imprensa, como sempre, começou a elaborar as mais estapafúrdias especulações; no dia 23 de junho corrente, era noticiado que o Conselho de Segurança Nacional estaria investigando a possibilidade de o assalto ter motivações políticas; segundo essas notícias, o dinheiro teria como finalidade bancar a campanha eleitoral de político de grande influência na região e no Estado e que, graças aos seus contatos na Central do Brasil e sua influência em Japeri e adjacências, teria sido fácil para ele recrutar elementos apropriados para a consecução do audacioso assalto. No entanto, assim como veio, a notícia caiu no vazio e nada mais saiu sobre o assunto nos dias seguintes.


No dia 24 de junho corrente, a imprensa noticiava com estardalhaço que a polícia já sabia os nomes dos integrantes da quadrilha que assaltara o trem pagador, o chefe sendo um tal de Antônio Ferreira dos Santos, que se encontrava perseguido pela guarda-civil. Tudo mentira, porém, o próprio secretário de Segurança tendo que vir para negar o fato. Segundo ele, tudo estava ainda por esclarecer.

Com o passar dos dias, o silêncio tomou conta dos jornais e revistas, nada mais sendo noticiado, a não ser algumas notas esparsas, pequenas notícias, uma delas dando conta de que a polícia estava elaborando um plano de soltar a maioria dos assaltantes a mão armada que se encontravam presos, exigindo deles, como compensação, que eles se tornassem informantes da polícia no caso relacionado ao assalto. Paralelamente, também, saíram duas notícias contraditórias, uma de que as forças policiais estavam à caça de um delinqüente apelidado "o homem do gogó", agora o suspeito número um de ter comandado o assalto e que fora visto em Japeri exatamente nos dias que antecederam o ato ilícito. Outra, dessa feita comunicada pelo próprio Amil, segundo a qual a polícia tinha fortes suspeitas de um elemento chamado Joaquim da Silva Pinto Filho ou Joaquim da Silva Leite Filho, que teria reunido seus cúmplices para o assalto no Cais do Porto. Essas contradições demonstravam que, na realidade, as investigações não estavam levando a nada.

. Até que, no dia 30, leitores atônitos foram informados pela imprensa de que uma grande operação policial fora montada em Copacabana no dia anterior, num cerco a um ex-guarda ferroviário de nome João Evangelista de Almeida, demitido a bem do serviço público algum tempo atrás, e que, segundo a polícia, teria com certeza participado do assalto. Como souberam, não fora informado; o caso é que as forças policiais ainda informaram que três dos criminosos que participaram do assalto já eram conhecidos da polícia, mas, suas identidades estavam mantidas em sigilo para não atrapalharem as investigações.

Segundo se noticiou, o suspeito fora visto ao entrar no cinema Paz do Pacificador em Duque de Caxias, o delegado Amil logo sendo informado sobre o fato. Alucinado por fama e por ver seu nome nos jornais, imediatamente ele convoca a imprensa para acompanhá-lo e convoca 28 policiais, armados de metralhadoras e fuzis, para o cerco ao cinema, dizendo, inclusive, que atirassem para matar em caso de confronto, já que o indivíduo era "elemento perigosíssimo". Para não despertar suspeitas, os jornalistas deveriam deixar seus carros e seguirem nas viaturas policiais, ao mesmo tempo em que os advertia de que ele não se responsabilizaria pelo que acontecesse a eles durante o confronte. Contraditoriamente, porém, outras notícias davam conta de que fora planejado deixar que João Evangelista saísse do cinema sem que percebesse o cerco policial, a polícia tendo ordens para apenas segui-lo para conhecer onde seria a base de operação do grupo e prender toda a quadrilha.

Assim que saiu do cinema, após se encontrar com um possível comparsa, seguido, discretamente, pela polícia, o suspeito pega um táxi com destino à cidade do Rio de Janeiro, enquanto o outro se dirigiu rumo a São João de Meriti. Segundo se noticiou, a polícia teria trocado tiros com esse último, que, na confusão, teria desaparecido sem deixar pistas.

Não obstante ter perdido a pista de João Evangelista na Avenida Brasil, a polícia teria conseguido localizar, com precisão, o prédio onde se localizava o esconderijo da quadrilha, graças às informações de um motorista de táxi; amigo do delegado, o motorista o informara de que um indivíduo o teria procurado para que o levasse até o Espírito Santo, acompanhado por mais duas pessoas, um homem e uma mulher, pagando, inclusive, o dobro do preço normalmente cobrado. Só que o outro homem se encontrava ferido, e ele, receoso, se negou a fazer a corrida. Acompanhando o noticiário, ele logo teria procurado o delegado e lhe passou as informações sobre o acontecido. O local de onde saíram as três pessoas era o Edifício Itaboranga, na Rua Júlio de Castilho. Outra possibilidade seria o Edifício Gold Star, na Rua Joaquim Nabuco.

Com informações tão precisas, o cerco a Copacabana fora montado com impressionante aparato. Todo o bairro fora cercado por barreiras, como também as estações rodoviária e ferroviária; quando a operação estava prestes a ser colocada em prática, os bares e os inferninhos das redondezas foram fechados. Cerca de 600 policiais participaram das operações, munidos de armas pesadas, bombas e granadas. A polícia, por precaução, também postou agentes nos terraços dos prédios vizinhos e, assim, às 22h30min, Copacabana estava sob severo cerco.

Repentinamente, veio uma ordem: como fora impossível encontrar o Chefe da Polícia, acusado pela imprensa de dormir cedo e acordar tarde, fora impossível entrar à força durante a noite, pelas repercussões negativas que tal ato poderia ocasionar; a polícia, então, teve que esperar até às seis horas da manhã seguinte. Aí aconteceu o fiasco.

Adentrando o edifício com um formidável contingente, a polícia iniciou uma busca metódica em todos os apartamentos; vasculharam tudo, incomodaram moradores apavorados e ignorantes do que se passava, diversos dentre eles sendo tratados com brutalidade e humilhados. O resultado? Nada fora encontrado, nenhum suspeito fora visto pelos moradores, tudo não passara de um lamentável engano. Após os resultados negativos, o que se viu foi uma polícia acusando outra de incompetência, de que não era preciso um aparato tão espalhafatoso e assim por diante. Tudo, novamente, voltara à estaca zero. Aos poucos, as notícias sobre o assalto foram saindo do noticiário, à medida que o tempo passava e nada de concreto acontecia. E assim foi durante todo o ano de 1960.

 Depoimento sobre o assalto ao trem pagador - Parte 3.


No final do ano, um delegado de São Paulo anunciou que tinha solucionado o mistério do assalto, dando, inclusive, os nomes dos assaltantes e de como tudo tinha ocorrido. Tudo, porém, era fantasia, vontade de aparecer. Os retratos falados não batiam. Nada foi provado.


Só que, à sombra dos acontecimentos, um detetive já célebre no Rio de Janeiro como um famoso caçador de bandidos chamado Perpétuo Freitas da Silva, o detetive Perpétuo, que, a partir desse roubo, ficaria mais famoso ainda, foi chamado pelo delegado Amil Ney Rachid para auxiliar nas investigações, devido a seus contatos e informantes no mundo do crime. Liberado pelo Chefe da Polícia do Rio de Janeiro, Perpétuo se juntou a Amil e ao comissário Rufino Messias, este lotado na delegacia de Caxias, e iniciaram uma sistemática investigação por todo o Rio de Janeiro e até em outros estados, dentre eles Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná, e Pará. Perpétuo, porém, com seu faro e experiência, foi quem descobriu o fio da meada.


Certo dia, enquanto verificava os retratos falados dos assaltantes do trem pagador da Central do Brasil, repentinamente, se lembrou de uma antiga entrevista com um bandido de nome Zezinho de tal, preso pela participação em um assalto ao Banco Imobiliário de Venda de Pedras, acontecido na cidade de Itaboraí. Ao ser preso, Zezinho implorou a Perpétuo que não fosse espancado (prática mais do que comum até hoje como se sabe), porque, mesmo que morresse, não poderia falar nada, devido a um pacto de silêncio feito com o resto da gang, que poderia resultar em sua morte e de toda a sua família, prometendo contar tudo sobre sua participação.

Ao contar, todavia, detalhes do roubo ao banco, Zezinho terminou por descrever seus comparsas no crime. O chefe seria um negro com mais de quarenta anos, alto, forte e enérgico, com enorme poder de comandar. Descreveu, ainda, um outro com ativa participação, moreno-escuro, bem vestido, estampando um bigodinho fino e uma fera ao volante de um carro. Disse ainda que ele tinha uma personalidade dupla, o que o tornava perigoso: Era uma pessoa bondosa com a família e com os amigos, mas, um facínora sem piedade quando participava de seus crimes.

Imediatamente, Perpétuo verificou que a descrição dos assaltantes do banco coincidia com a que tinham sido descrita pelos sobreviventes e testemunhas do assalto ao trem pagador. Até o detalhe das máscaras de meia e luvas pretas era igual. Não tinha erro: a mesma quadrilha que assaltara o banco foi a mesma que também assaltara o trem e também – posteriores investigações comprovaram – a sede da Atlantic, um assalto acontecido em 1956. As prisões, então, seriam só uma questão de tempo, o detetive tinha certeza disso.

Sem mais nem menos, porém, sem que ninguém soubesse por que (a imprensa noticiou que por motivos administrativos), o detetive Perpétuo foi afastado do caso, o que não o impediu de continuar, ao longo dos meses, a investigar o roubo por conta própria. Tinha a convicção de que seus informantes, a tempo e hora, lhe dariam pistas sobre o assalto. Tiro e queda: em uma rodada de Pif-Paf, no morro da Mangueira (abril de 1961), conseguiu uma importante pista. Parte da imprensa noticiou que ele, "por acaso", ouviu uma conversa entre uma mãe-de-santo e uma outra moradora, em que a primeira comentava com a outra que uma cliente sua estava preocupada com o sumiço de seu amante, conhecido no morro com Nilo Peru. Nilo teria dito à amante que iria se encontrar com um tal de Manuel (ou Manoel) Godinho e sumira sem dar notícias. Outras fontes (dentre elas a revista O Cruzeiro) informaram, porém, que a roda de Pif-Paf fora formada exatamente para que a mãe-de-santo lhe passasse informações que poderiam estar ligadas ao roubo do trem. O nome do rapaz seria Nilo Magno de Melo e, ultimamente, vivia dizendo que sua vida corria perigo. No dia em que Nilo sumira, ele teria descido o morro em companhia de dois mulatos, fortes, não mais aparecendo.

Com as informações conseguidas, Perpétuo procedeu a uma minuciosa busca aos antecedentes, criminais ou não, de Nilo Peru, terminando por descobrir que ele, juntamente com um comparsa de nome Anastácio de Souza, já haviam sido processados, anteriormente, por assalto a mão armada. Descobriu também que Anastácio tinha mais três irmãos, Sebastião, Zeferino e Manoel. Voltou para casa, pegou todo o material que guardava sobre o assalto – as fotos, os antecedentes de todo os suspeitos, os retratos falados – estudou-o com determinação e não teve mais dúvidas: Os irmãos eram os assaltantes do trem pagador da Central do Brasil, como também dos outros dois, o do banco e o da sede da Atlantic.

Em maio de 1961, Perpétuo então entra em contato com Amil e o comissário Messias, àquela altura completamente perdidos em suas investigações, e lhes conta sobre suas descobertas. O caso estava resolvido e só faltava prender os meliantes. O primeiro a cair foi Manoel Godinho, ou Manuel da Silva. Todo o mundo que o conhecia informara aos investigadores que, repentinamente, em poucos meses, a vida de Manoel mudara como por milagre; ele comprara vários barracos na favela, mobiliara o seu e vivia uma vida folgada. Quando os três policiais invadiram o barraco onde se encontrava Godinho, o encontraram deitado, lendo o Código Penal, trazendo, ao lado de si, uma pistola 7.36. A polícia, pouco tempo depois, informou aos jornalistas que ele abrira o bico sem ser pressionado, o que não deve ter sido verdade, devido ao já mencionado pacto. Deve ter apanhado uma barbaridade. Dentre as informações, Godinho informara que o motorista do carro utilizado para o assalto, Joel da Silveira, fora esquartejado pelos irmãos, e Nilo Rosa estava desaparecido, provavelmente morto. Tião, além do mais, teria ficado com quase todo o dinheiro do assalto, um total de Cr$ 20 milhões.

Logo, outro comparsa também fora preso. Seu nome, Heitor Fernandes, e, com o dinheiro de sua parte, abrira um cabaré em pleno morro, que, segundo a imprensa, recebera o nome de "Cabaré dos Bandidos", obviamente, um exagero da imprensa mais sensacionalista.


Godinho, porém, confessou que não participara diretamente do assalto, mas somente ajudara Anastácio a preparar a estrada que dava aos trilhos do trem pagador, mesmo assim recebendo sua parte no assalto. Acontece que ele deu uma informação à polícia muito mais importante do que tudo que ela conseguira até agora e que poderia dar um fim digno dos melhores filmes de ação ao caso do assalto: Além de mencionar um novo nome ligado ao assalto – Edward Pereira Gomes –, ele também contou que Sebastião e Zeferino queriam conversar com ele sem demora. Marcaram o encontro para a próxima terça-feira, às 05h 30min da tarde, sob a ponte de Coelho Neto. Godinho ainda disse à polícia que ele tinha a certeza de que iria morrer naquele encontro, tanto que estava arranjando uma desculpa para não comparecer. Perpétuo, contudo, lhe garantiu segurança, e Godinho, sem saída, teve que ir ao encontro que julgava fatal. Perpétuo e Godinho chegaram ao local meia hora antes, as algemas nos pulsos do bandido disfarçadas com um casaco sobre elas. Na esquina, Amil, o comissário Messias e outros policiais aguardavam escondidos. Dentre esses policiais, havia um, de nome LeCocq, que, futuramente, se tornaria uma lenda nos meios policiais ligados à bandidagem, com conseqüências funestas para a sociedade brasileira. Em sua homenagem, mais tarde, seria criado o Esquadrão da Morte, exatamente para vingar sua morte. Poucos anos depois, alguns donos de carro colocavam no vidro do seu veiculo, sem o menor pudor, um adesivo com uma caveira e os dizeres "E.M. - SCUDERIE DETETIVE LECOCQ."

No horário combinado, uma caminhonete Ford, verde, placa oficial com os números 9-0608, estacionou sob a ponte. Ficaram sentados, esperando, dentro do carro.

Aqui começam as divergências. Alguns órgãos noticiaram que Godinho então caminhara para onde se encontravam os irmãos, enquanto Perpétuo fazia a volta pela direita. Zeferino, sentado ao lado do irmão, foi o primeiro a perceber que algo estava errado, alertando o irmão. Era tarde demais: Do lado de fora, Perpétuo, corajosamente, abriu a porta do carro e entrou em luta com Zeferino dentro do veículo. Zeferino apontou-lhe a arma e disparou. Só que Perpétuo conseguiu desviar o cano do revólver para baixo, a bala passando de raspão por seu dedo polegar, atingindo a perna de Zeferino. Ao mesmo tempo, os policiais atiravam contra a caminhonete, mesmo sabendo que Perpétuo estava lá dentro, em luta contra um dos irmãos. Em meio ao fogo cruzado, Sebastião, o Tião Medonho, conseguiu colocar o carro em movimento, tentando fugir. Perpétuo, então, agarra Zeferino, atirando-se ao chão com o carro saindo em disparada em uma fuga cinematográfica.

A revista O Cruzeiro contou à época uma aventura mais cinematográfica ainda. Segundo o semanário, quando Godinho estava sob a ponte, pronto para caminhar rumo ao carro dos irmãos, aparece o outro irmão do bando, exatamente Anastácio, indo ao encontro de Godinho, aparentemente para trocar algumas palavras com ele. Repentinamente, sentiu que algo estava errado, saindo correndo em disparada, Amil e Lecoque indo em seu encalço. Isso facilitou a fuga de Tião que, mesmo atingido nas costas pelo comissário Messias, empreendeu sua fuga conforme acima descrito.

De posse de várias informações, colhidas aqui e acolá, o cerco da polícia aos assaltantes começou: Edward Gomes, o "Gogó", dono de um botequim na estrada Vicente Carvalho, local freqüentado, inclusive pela polícia, foi o primeiro a cair; abriu o bico tão logo foi preso. Segundo ele, teve papel indireto na trama, seu trabalho fora o de vigiar as imediações do assalto para evitar imprevistos, recebendo, para isso, a quantia de Cr$ 650 mil. Junto com ele, também fora preso seu primo e empregado na birosca, Adilson de Carvalho, que sempre protestou inocência.

As próximas horas foram dramáticas: nunca se soube o porquê – talvez devido às violentas torturas que provavelmente sofrera durante os interrogatórios, ou, segundo especulações da imprensa mais ligada ao que a polícia soltava, com medo da reação dos irmãos bandidos –, pouco antes de ser removido da Central da Polícia para a delegacia de Caxias, onde corria o inquérito, Edward tirou sua camisa, improvisou com ela uma forca e suicidou-se nas barbas da polícia carioca.

Transtornado pela morte de tão importante testemunha, Amil, utilizou-se da imprensa para acusar e responsabilizar o coronel Ardovino Barbosa, chefe do Policiamento Ostensivo da Guanabara pela morte de Edward, exatamente pela demora na transferência dos presos para Caxias.

Interessante é que, depois do trágico acontecimento, a imprensa teve acesso a Manoel Godinho, o Manuel da Silva, todos querendo saber se era verdade que ele fora barbaramente torturado pela polícia, o que os repórteres policiais sabiam ser verdade; Manuel negou o fato, mas, instado pelos repórteres, se negou a fazer exame de corpo de delito para comprovar as torturas. O medo falara mais alto.

O próximo a cair foi Heitor Fernandes, outro que não resistiu à prisão. Também preso na Mangueira, Heitor, a princípio negou sua participação, mas, confrontado com Godinho, terminou por confessar sua participação, e já que não tinha mais jeito, confessara também que participara do bando que assaltara a sede da Atlantic.

Enquanto a tragédia seguia seu curso, assim que Sebastião – agora chamado de "Tião Medonho" pela imprensa policial -, empreendeu sua espetacular fuga, todas as viaturas da polícia de vários municípios foram alertadas sobre o fato acontecido, dando detalhes da caminhonete Ford e de seu ocupante, descrito como um negro forte, vestido com um uniforme dos Correios e Telégrafos, provavelmente ferido. Na confusão passaram para um número errado da chapa da caminhonete – 9-0008 ao invés de 9- 0608 –, o que não atrapalhou os acontecimentos posteriores porque a sorte já fora lançada.

A caçada a Tião foi implacável; durante 36 horas, centenas de policiais estavam em seu encalce em vários locais, Acari, Vigário Geral, Barros Filho, e a procura se estendeu para diversos morros e descampados, diversos barracões invadidos e depredados, todo o mundo querendo a glória de prender um facínora tão perigoso.

Na madrugada de sexta-feira, Amil recebe uma denúncia considerada "quente" de um de seus diversos informantes, aconselhando-lhe a seguir a seguinte trilha: ele deveria tomar a Avenida dos Bandeirantes e entrar na Automóvel Clube; depois dobrar a Rua Três e seguir rumo a Olaria. Ele não demoraria a encontrar a casa, quase um palacete em meio a casas miseráveis, pintada recentemente de verde. O local era Barros Filho, perto de Acari. Ali, Tião morava com sua amante, Djanira de tal. O cerco se fechou. Após combinar os detalhes, Amil e seus companheiros invadem com violência a casa e encontram Tião Medonho ferido, deitado em uma cama. Era o fim.

Na mesma madrugada, uma parte do dinheiro do assalto começou a aparecer; ao abrir o forno de um fogão, ainda reluzente de novo, o comissário Messias se deparou com Cr$ 285 mil, acondicionado em plástico. Como a casa era nova, construída depois do assalto ao trem pagador, a polícia estudou a possibilidade de derrubá-la por completo, na esperança de encontrar os milhões por baixo do cimento. Paralelamente, as investigações levaram a polícia a um barracão miserável na Mangueira. Era a moradia da mãe de Tião, dona Alcídia Conceição de Souza. Não demorou muito para eles descobrirem, dentro de um colchão, munições, e espoletas elétricas, provavelmente utilizadas no atrevido assalto.

Só que Tião tinha uma outra mulher, de nome Edite, situação desconhecida por Djanira. Diz o ditado que nada se compara à fúria de uma mulher traída. Djanira, ao saber que Tião tinha uma outra amante, que levava uma vida mais do que confortável, com mobília nova, eletrola de alta fidelidade, cozinha nova, gastando com a amante o dinheiro roubado, ficou possessa de raiva. Confidenciou para todo o mundo que fora enganada durante anos por Tião, que nunca lhe perguntara onde passava suas noites fora de casa, quando ficava sozinha em companhia de seus quatro filhos.

Então, resolveu contar tudo para a polícia. Pediu para que a polícia abrisse o armário e retirasse o espelho colado em uma de suas portas. Muito dinheiro estava escondido ali, naquele forro. Na realidade, foram encontrados Cr$ 5 milhões e 670 mil. Era muito dinheiro, porém faltava mais, muito mais.

. Com Edite, tudo aconteceu da mesma forma; também disse que Tião nunca lhe dava nada, que levava uma vida miserável que não merecia, ficando também pasmada quando soube que Tião tinha outra mulher. Sem mais, disse à polícia que algum dinheiro estava enterrado no jardim, dentro de um saco. Só que, ao invés de dinheiro, a polícia encontrou uma variedade de armamento, duas pistolas parabélum, dois revólveres Smith & Wesson, calibre trinta e oito, dois Taurus, caixas de balas e até uma placa de automóvel, chapa oficial 9-4298.

E não demorou muitos dias para que mais Cr$ 4 milhões fossem encontrados com Jacob Meliante, um comerciante de móveis em Jacarepaguá, denunciado pela mulher de Nilo, Hilda Souza Moreira. O dinheiro pertenceria a Nilo Peru, a quem a polícia ainda procurava por todo o país, não acreditando que tivesse sido morto por Sebastião. Este, inclusive, negava veementemente que fosse o cabeça da quadrilha, creditando o posto exatamente a Nilo Peru, o desaparecido.

Com o nome em todos os jornais, desfrutando de grande fama por todo o Rio de Janeiro, Perpétuo sai de férias, indo para Mato Grosso, onde morava sua mãe. Mas, a imprensa especulava que ele, na verdade, estava à caça de Nilo Peru, que teria sido visto lá pelas bandas do norte do país.

Só que Nilo Peru, nem seu corpo, jamais foram encontrados, um mistério sem solução, muitos especulando que ele fora morto pelo próprio Tião Medonho. O restante do dinheiro, também, jamais apareceu. Amil continuou a investigar a identidade de um engenheiro da Central do Brasil, que, segundo informações obtidas por ele, seria o real idealizador do assalto, até mesmo pela sua característica e precisão. Perpétuo sempre desdenhou essa procura, pois, para ele, Sebastião, o Tião Medonho, era efetivamente o chefe do bando.

As glórias obtidas pela prisão dos assaltantes do trem pagador deixaram o nome de Perpétuo na boca do povo. Seu nome era incensado, o que despertava também inveja e despeito. O seu ultimo trabalho seria realizado na Favela do Esqueleto, onde hoje se encontra a UERJ. Perpetuo fora até lá para prender um marginal que só se entregaria a ele. No dia marcado, Perpétuo, a imprensa, que sempre o acompanhava em suas aventuras, e uma turma de policiais estavam no morro, quando, não se sabe por que, começou uma discussão entre Perpétuo e um policial chamado Jorge Galante, que, a certa altura, arma em punho, atira no detetive e o mata na hora. Era o fim para Perpétuo.


Galante também foi morto, anos depois, numa operação realizada pela Delegacia de Entorpecentes.



Fonte:decadade50.blogspot.com.br