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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Em 1960 o 'Assalto ao Trem Pagador' surpreendeu o Brasil



Às 8h 30 min do dia 14 de junho de 1960, uma terça-feira, um número indeterminado de mascarados, armados de metralhadoras e revólveres de grosso calibre, no local denominado, popularmente, de "Curva da Morte", no quilômetro 71 da linha auxiliar da Central do Brasil, próxima à estação Japeri, realizou um dos mais audaciosos assaltos da crônica policial brasileira, o assalto ao trem pagador da Central do Brasil, ficando a ação, a partir dessa data, para sempre, no imaginário coletivo da maioria dos brasileiros. Esse trem levava o pagamento de mais de mil ferroviários dessa e outras estações, muito dinheiro àquela época, na verdade, uma fortuna. Todo esse dinheiro estava contido numa caixa de madeira, guardada pelo pagador Cícero de Carvalho e mais dois auxiliares. Para facilitar o ataque, os assaltantes dinamitaram os trilhos e fizeram descarrilar a locomotiva e o vagão. Entraram no trem disparando, levando, em poucos minutos, todo o dinheiro que se encontrava no vagão.

Esse assalto ao trem pagador da Central do Brasil surpreendeu até aos mais experientes policiais relacionados com tais tipos de crimes pela audácia e precisão. Da maneira como foi executado, não havia notícias no Brasil, não obstante a ocorrência de outros na mesma companhia, em 1948 e em 1954, ambos, porém, com modestas repercussões na opinião pública pelo pouco que representaram em termos de perdas monetárias.

Obviamente, a Central do Brasil, foi pega de surpresa, nunca passando pela cabeça de seus executivos que tal coisa pudesse acontecer. Tanto era verdade que o trem circulava todos os meses nos mesmos dias e horários e, exatamente, na mesma linha. Esse foi seu erro.

Tudo começara à altura do km 72 da linha auxiliar que levaria o trem rumo à estação de Japeri e Paes Leme, trem esse que estava levando o dinheiro – três vezes mais do que o de costume – com que pagaria, além do salário normal, mais dois meses de abono, decretado dias antes pelos diretores da Rede Ferroviária Federal. Tudo estava calmo e tranqüilo como sempre. Em um dos vagões, na realidade, no último, os funcionários encarregados do pagamento contavam e separavam o dinheiro do pagamento, que, ao invés de estar trancado dentro do cofre existente no vagão, estava em caixas e latas, segundo se soube depois, exatamente para facilitar o trabalho do pagador e de seu auxiliar.

Repentinamente, ouviram-se algumas explosões (não se soube quantas, variando segundo as fontes) seguidas de ruídos das rodas aparentemente descarriladas do trem pagador. Aos solavancos, a composição ia, aos poucos, parando, deixando perplexos, e sem saber o que acontecia os ocupantes, dos vagões do trem.


Tão logo o trem parou, uma voz imperiosa, forte, tonitruante, gritou, através de um megafone, no melhor estilo cinematográfico, aparentemente um pouco distante: "Isto é um assalto! Desçam já do trem! Se reagirem, serão mortos sem piedade." Paralelamente, ouviam-se tiros e mais tiros, enquanto as vozes se aproximavam do vagão onde se encontrava o dinheiro. O saldo do tiroteio: Eusébio Galvão, guarda-linha da Central, levou um tiro na boca; Sebastião Alvarenga Vale ficou ferido; Leonel Esteves tomou um tiro na coxa e Círio Antônio da Silva levou umas boas coronhadas. Leonel, segundo ele próprio diria mais tarde, assim que pulou do carro, levou um tiro na coxa e, com medo, escondeu-se perto dos trilhos, enquanto assistia a toda a cena. Segundo ele, devia haver uns seis assaltantes à vista; vira ele, também, um homem alto, negro, talvez com mais de 1, 80 de altura, parrudo, sotaque de nordestino, usando como máscara uma meia de mulher que lhe cobria o rosto, além de luvas pretas, que certamente era o líder, o que dava as ordens. Usando uma parabélum em cada mão, ele foi o primeiro a entrar no vagão do dinheiro (mais tarde diriam que foi o segundo). Seu auxiliar mais próximo, o segundo no comando, era magrinho, baixinho e muito nervoso; não se preocupou em esconder seu rosto, sempre repetindo que iria executar os trabalhadores, porque morto não falava. Foi ele que levou o pessoal do trem para perto de um barranco, repetindo sempre que iria matar todo o mundo, sendo impedido pela maioria dos companheiros. Dizia também que iria jogar bananas de dinamite na composição e mandar tudo pelos ares. Quando Leonel, escondido, ouviu essas ameaças, saiu de seu esconderijo, pedindo clemência, pelo amor de Deus, dizendo que não queria morrer. Ele pressentiu que seus dias haviam terminado; porém o chefe disse um "deixa pra lá", e fugiram carregando o dinheiro, que totalizava 27 milhões e 600 mil cruzeiros. Quando acordou, ele se encontrava em um quarto de hospital.

Círio, o das coronhadas, contou uma história semelhante; também ele se encontrava no vagão, quando os dois mascarados apareceram, um deles investindo contra ele, gritando que "muita gente vai morrer", desmaiando com as coronhadas. Eusébio Galvão, o do tiro na boca, entrou em estado de coma, conseguindo, todavia, sobreviver. Por azar, o único a morrer não era funcionário da Central do Brasil: o operário Francelino Correia, que viajava de carona, levou um tiro na testa e não resistiu, morrendo na hora.

Depoimento sobre o assalto ao trem pagador - parte 1.


Assim que acionada, a polícia ficou, a princípio, desnorteada; a única certeza era a de que o assalto fora muito bem planejado e realizado com a mais absoluta frieza e determinação. Além do mais, ficou patente para os investigadores que os bandidos estavam muito bem informados sobre o carregamento extra, devendo, por isso, ser pessoas próximas a gente graúda da companhia. O que também deixou perplexa a polícia foi não entender o motivo pelo qual não havia nenhuma guarda armada acompanhando o trem pagador, porquanto a RFF os possuía. Com o pessoal encarregado de acompanhar o dinheiro do pagamento, somente duas carabinas winchester com 18 balas e um revólver com seis tiros. Questionada sobre a localização do dinheiro, a direção da Central do Brasil, como já noticiado, explicou que a explosão da dinamite e a rápida chegada dos meliantes ao vagão, somadas à surpresa dos acontecimentos e o medo do que poderia acontecer, impediram que os funcionários pudessem carregar os caixotes e tornar a colocá-los dentro do cofre. Mesmo assim, se ameaçados, o pessoal da companhia não arriscariam suas peles e terminaria por abri-lo.

A polícia, então, logo iniciou minuciosa busca nas imediações do local do assalto; de imediato, constataram que eles tiveram o trabalho de abrir uma picada no matagal para que o acesso ao trem fosse facilitado. Obviamente para a passagem de carros para carregar o produto do roubo. Como era um trabalho razoavelmente pesado, a esperança dos investigadores era a de que pessoas que moravam próximas ao local certamente deveriam ter visto a movimentação naquele local, podendo, por isso, fornecer valiosas pistas para a polícia. Constataram também que os assaltantes ficaram muito tempo à espreita, a polícia encontrando no local da tocaia um maço de cigarros importado da marca Marlboro, uma garrafa de uísque e um talão de "Traveller’s Checks", com cada folha valendo dez dólares.

Essas pistas deixaram a polícia ainda mais confusa: seria uma quadrilha internacional a autora de assalto tão ousado? Ou tudo aquilo era apenas um despistamento, falsas pistas implantadas somente para deixar a polícia ainda mais confusa? Os bandidos poderiam raciocinar que, enquanto a polícia perdia tempo em tentar localizar a quadrilha fora do país, eles teriam tempo de se esconder, esconder o produto do roubo, ao mesmo tempo em que seria mais fácil elaborar álibis perfeitos e sem contestação.

No dia seguinte ao assalto, o Brasil inteiro foi inundado com as notícias sobre o audacioso roubo. Os jornais e revistas repercutiam as informações da polícia, dando conta de que o assalto fora muito bem pensado e nenhuma pista ainda fora encontrada, mas que, em muito pouco tempo, eles tinham a convicção de que tudo seria esclarecido, já que foram colocados nas investigações dezenas de policiais, a maioria com experiências nesse tipo de acontecimento.

Logo também a polícia, como previa, conseguiu algumas informações com um lavrador morador das vizinhanças; segundo ele, alguns dias antes ele surpreendera os trabalhos de abertura da picada no mato, sendo informado pelos meliantes de que eles tinham comprado uma fazenda nas imediações e estavam abrindo um caminho que levava aos trilhos da Rede Ferroviária Federal para facilitar os trabalhos que seriam desenvolvidos na fazenda.

A polícia também ficou sabendo que, ao passarem pelo atalho ruma à estrada que dava em Japeri, os assaltantes se viram impedidos de continuarem devido a uma tropa de burros que barrava o caminho, conduzida por um certo Messias da Silva. De acordo com ele, os assaltantes, nervosos, buzinavam, pedindo caminho, chegando a gritar com ele: "sai da frente, palhaço!". Ele não tinha certeza, mas achava que eram em número de quatro, um deles "preto".

Indicado para ser o porta-voz da RFF para falar sobre o assalto, o capitão Salim Barbosa, comandante da guarda-civil ferroviária, logo no dia seguinte, disse para a imprensa, obviamente sem saber o que falava, que os assaltantes eram pessoas de boa condição financeira, mas que, como sempre acontece, cometeram suas falhas; as armas, por exemplo, eram caras e bastante raras no país. O megafone utilizado no assalto, alguns cartuchos, um macaco de alta tonelagem, uma tesoura de cortar arame e uma bolsa de mulher foram apreendidos, e, além do mais, fora descoberta uma carga de dinamite que, certamente, fora montada por pessoas leigas no assunto.

Depoimento sobre o assalto ao trem pagador - Parte 2


Com o desenvolvimento das investigações, o polícia começou a ter suas certezas; primeiro, ficou mesmo convicta de que o local do assalto foi muito bem escolhido por ser uma área rural, pouco habitada, cercada de morros; também, os assaltantes, na realidade, seriam em número de oito ou de dez; certamente quem entrou no vagão sabia o que estava fazendo, já que imediatamente achou o dinheiro e desapareceu com toda a grana; paralelamente, a polícia descobriu que um carro azul dava cobertura aos bandidos e sabia muito bem o que fazer, indo em direção à avenida Dutra.

Com as enormes repercussões do assalto, a caçada se tornou implacável; agentes das polícias do Estado do Rio, do Estado da Guanabara e da própria Rede Ferroviária Federal começaram a vasculhar uma imensa área, que ia até Nova Iguaçu, munidos de armas portáteis leves, granadas e até gás lacrimogêneo. O inquérito ficou a cargo do delegado Amil Ney Rachid (segundo um leitor, o verdadeiro sobrenome desse delegado era Rechaid, o que não foi registrado pela imprensa de então), que, seguro de si, e bastante arrogante, declarou à imprensa que em 48 horas tudo estaria resolvido, que a polícia tinha informações seguras sobre alguns participantes do assalto.

Já na sexta-feira (17.06.60), contudo, o delegado já se encontrava pressionado pela Secretaria de Segurança Pública, ele, porém, já reclamando da pouca ajuda da polícia da Guanabara e da própria guarda da Central do Brasil. Passados esses três dias, nada, nenhuma pista fora encontrada que pudesse denunciar o caminho percorrido pelos assaltantes.

A pista mais quente para os agentes era a garrafa de uísque, que trazia as inscrições "NB 125 52 OCB"; esperavam que, pela inscrição, os compradores poderiam ser identificados. Foram atrás de todos os importadores, em vão, todavia, pois não havia registros de vendas a partir da inscrição.

Como no filme Casablanca ("prendam os suspeitos de sempre"), sem pistas consistentes, a polícia começou a prender suspeitos a torto e a direito; a princípio, em torno de cinqüenta pessoas foram presas para interrogação; depois se noticiou que esse número aumentara para quinhentos, a polícia nada conseguindo. Depois, a polícia se fixou em alguns nomes que, efetivamente, poderiam estar envolvidos no esquema, um bandido pé-de-chinelo de alcunha "Jonjoca", ex-comparsa de outro bandido apelidado de "Buck Jones" e também de um certo Dirson Ferreira, sem nenhum êxito. Todos desapareceram de circulação ou não tinham nada a ver, efetivamente, com o caso.

O delegado Amil, que vivia declarando que as prisões eram iminentes, então, se viu obrigado, em entrevista coletiva, a declarar que "somente num golpe de sorte poderão ser descobertos os assaltantes, de vez que o crime foi minuciosamente estudado, não deixando margem para qualquer investigação positiva".

Sem nada de positivo para declarar aos repórteres encarregados de cobrir o caso do assalto, a polícia agora dizia que estava à caça de um tal Lúcio da Conceição que teria servido de intermediário na compra de um Buick com placa RJ 8-23-53 que teria conduzido os assaltantes depois que estes abandonaram a camioneta MG 8-30-35, próximo a um campo de provas e que, alguns dias antes do assalto, teria procurado o antigo dono do carro, pedindo-o emprestado para resolver questões urgentes, mas, que, desaparecera com ele. É de se notar que o tal "carro azul", mencionado pela testemunha no início do caso, não mais foi mencionado. Ao mesmo tempo, diversos outros bandidos iam sendo presos à revelia, até que a polícia se fixou em um outro nome, um bandido razoavelmente famoso de alcunha "Gangan", acusado de ter sido o autor intelectual de um planejado assalto ao Banco de Santa Catarina, abortado antes pela polícia, que descobrira o plano antes de sua consecução.

A imprensa, como sempre, começou a elaborar as mais estapafúrdias especulações; no dia 23 de junho corrente, era noticiado que o Conselho de Segurança Nacional estaria investigando a possibilidade de o assalto ter motivações políticas; segundo essas notícias, o dinheiro teria como finalidade bancar a campanha eleitoral de político de grande influência na região e no Estado e que, graças aos seus contatos na Central do Brasil e sua influência em Japeri e adjacências, teria sido fácil para ele recrutar elementos apropriados para a consecução do audacioso assalto. No entanto, assim como veio, a notícia caiu no vazio e nada mais saiu sobre o assunto nos dias seguintes.


No dia 24 de junho corrente, a imprensa noticiava com estardalhaço que a polícia já sabia os nomes dos integrantes da quadrilha que assaltara o trem pagador, o chefe sendo um tal de Antônio Ferreira dos Santos, que se encontrava perseguido pela guarda-civil. Tudo mentira, porém, o próprio secretário de Segurança tendo que vir para negar o fato. Segundo ele, tudo estava ainda por esclarecer.

Com o passar dos dias, o silêncio tomou conta dos jornais e revistas, nada mais sendo noticiado, a não ser algumas notas esparsas, pequenas notícias, uma delas dando conta de que a polícia estava elaborando um plano de soltar a maioria dos assaltantes a mão armada que se encontravam presos, exigindo deles, como compensação, que eles se tornassem informantes da polícia no caso relacionado ao assalto. Paralelamente, também, saíram duas notícias contraditórias, uma de que as forças policiais estavam à caça de um delinqüente apelidado "o homem do gogó", agora o suspeito número um de ter comandado o assalto e que fora visto em Japeri exatamente nos dias que antecederam o ato ilícito. Outra, dessa feita comunicada pelo próprio Amil, segundo a qual a polícia tinha fortes suspeitas de um elemento chamado Joaquim da Silva Pinto Filho ou Joaquim da Silva Leite Filho, que teria reunido seus cúmplices para o assalto no Cais do Porto. Essas contradições demonstravam que, na realidade, as investigações não estavam levando a nada.

. Até que, no dia 30, leitores atônitos foram informados pela imprensa de que uma grande operação policial fora montada em Copacabana no dia anterior, num cerco a um ex-guarda ferroviário de nome João Evangelista de Almeida, demitido a bem do serviço público algum tempo atrás, e que, segundo a polícia, teria com certeza participado do assalto. Como souberam, não fora informado; o caso é que as forças policiais ainda informaram que três dos criminosos que participaram do assalto já eram conhecidos da polícia, mas, suas identidades estavam mantidas em sigilo para não atrapalharem as investigações.

Segundo se noticiou, o suspeito fora visto ao entrar no cinema Paz do Pacificador em Duque de Caxias, o delegado Amil logo sendo informado sobre o fato. Alucinado por fama e por ver seu nome nos jornais, imediatamente ele convoca a imprensa para acompanhá-lo e convoca 28 policiais, armados de metralhadoras e fuzis, para o cerco ao cinema, dizendo, inclusive, que atirassem para matar em caso de confronto, já que o indivíduo era "elemento perigosíssimo". Para não despertar suspeitas, os jornalistas deveriam deixar seus carros e seguirem nas viaturas policiais, ao mesmo tempo em que os advertia de que ele não se responsabilizaria pelo que acontecesse a eles durante o confronte. Contraditoriamente, porém, outras notícias davam conta de que fora planejado deixar que João Evangelista saísse do cinema sem que percebesse o cerco policial, a polícia tendo ordens para apenas segui-lo para conhecer onde seria a base de operação do grupo e prender toda a quadrilha.

Assim que saiu do cinema, após se encontrar com um possível comparsa, seguido, discretamente, pela polícia, o suspeito pega um táxi com destino à cidade do Rio de Janeiro, enquanto o outro se dirigiu rumo a São João de Meriti. Segundo se noticiou, a polícia teria trocado tiros com esse último, que, na confusão, teria desaparecido sem deixar pistas.

Não obstante ter perdido a pista de João Evangelista na Avenida Brasil, a polícia teria conseguido localizar, com precisão, o prédio onde se localizava o esconderijo da quadrilha, graças às informações de um motorista de táxi; amigo do delegado, o motorista o informara de que um indivíduo o teria procurado para que o levasse até o Espírito Santo, acompanhado por mais duas pessoas, um homem e uma mulher, pagando, inclusive, o dobro do preço normalmente cobrado. Só que o outro homem se encontrava ferido, e ele, receoso, se negou a fazer a corrida. Acompanhando o noticiário, ele logo teria procurado o delegado e lhe passou as informações sobre o acontecido. O local de onde saíram as três pessoas era o Edifício Itaboranga, na Rua Júlio de Castilho. Outra possibilidade seria o Edifício Gold Star, na Rua Joaquim Nabuco.

Com informações tão precisas, o cerco a Copacabana fora montado com impressionante aparato. Todo o bairro fora cercado por barreiras, como também as estações rodoviária e ferroviária; quando a operação estava prestes a ser colocada em prática, os bares e os inferninhos das redondezas foram fechados. Cerca de 600 policiais participaram das operações, munidos de armas pesadas, bombas e granadas. A polícia, por precaução, também postou agentes nos terraços dos prédios vizinhos e, assim, às 22h30min, Copacabana estava sob severo cerco.

Repentinamente, veio uma ordem: como fora impossível encontrar o Chefe da Polícia, acusado pela imprensa de dormir cedo e acordar tarde, fora impossível entrar à força durante a noite, pelas repercussões negativas que tal ato poderia ocasionar; a polícia, então, teve que esperar até às seis horas da manhã seguinte. Aí aconteceu o fiasco.

Adentrando o edifício com um formidável contingente, a polícia iniciou uma busca metódica em todos os apartamentos; vasculharam tudo, incomodaram moradores apavorados e ignorantes do que se passava, diversos dentre eles sendo tratados com brutalidade e humilhados. O resultado? Nada fora encontrado, nenhum suspeito fora visto pelos moradores, tudo não passara de um lamentável engano. Após os resultados negativos, o que se viu foi uma polícia acusando outra de incompetência, de que não era preciso um aparato tão espalhafatoso e assim por diante. Tudo, novamente, voltara à estaca zero. Aos poucos, as notícias sobre o assalto foram saindo do noticiário, à medida que o tempo passava e nada de concreto acontecia. E assim foi durante todo o ano de 1960.

 Depoimento sobre o assalto ao trem pagador - Parte 3.


No final do ano, um delegado de São Paulo anunciou que tinha solucionado o mistério do assalto, dando, inclusive, os nomes dos assaltantes e de como tudo tinha ocorrido. Tudo, porém, era fantasia, vontade de aparecer. Os retratos falados não batiam. Nada foi provado.


Só que, à sombra dos acontecimentos, um detetive já célebre no Rio de Janeiro como um famoso caçador de bandidos chamado Perpétuo Freitas da Silva, o detetive Perpétuo, que, a partir desse roubo, ficaria mais famoso ainda, foi chamado pelo delegado Amil Ney Rachid para auxiliar nas investigações, devido a seus contatos e informantes no mundo do crime. Liberado pelo Chefe da Polícia do Rio de Janeiro, Perpétuo se juntou a Amil e ao comissário Rufino Messias, este lotado na delegacia de Caxias, e iniciaram uma sistemática investigação por todo o Rio de Janeiro e até em outros estados, dentre eles Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná, e Pará. Perpétuo, porém, com seu faro e experiência, foi quem descobriu o fio da meada.


Certo dia, enquanto verificava os retratos falados dos assaltantes do trem pagador da Central do Brasil, repentinamente, se lembrou de uma antiga entrevista com um bandido de nome Zezinho de tal, preso pela participação em um assalto ao Banco Imobiliário de Venda de Pedras, acontecido na cidade de Itaboraí. Ao ser preso, Zezinho implorou a Perpétuo que não fosse espancado (prática mais do que comum até hoje como se sabe), porque, mesmo que morresse, não poderia falar nada, devido a um pacto de silêncio feito com o resto da gang, que poderia resultar em sua morte e de toda a sua família, prometendo contar tudo sobre sua participação.

Ao contar, todavia, detalhes do roubo ao banco, Zezinho terminou por descrever seus comparsas no crime. O chefe seria um negro com mais de quarenta anos, alto, forte e enérgico, com enorme poder de comandar. Descreveu, ainda, um outro com ativa participação, moreno-escuro, bem vestido, estampando um bigodinho fino e uma fera ao volante de um carro. Disse ainda que ele tinha uma personalidade dupla, o que o tornava perigoso: Era uma pessoa bondosa com a família e com os amigos, mas, um facínora sem piedade quando participava de seus crimes.

Imediatamente, Perpétuo verificou que a descrição dos assaltantes do banco coincidia com a que tinham sido descrita pelos sobreviventes e testemunhas do assalto ao trem pagador. Até o detalhe das máscaras de meia e luvas pretas era igual. Não tinha erro: a mesma quadrilha que assaltara o banco foi a mesma que também assaltara o trem e também – posteriores investigações comprovaram – a sede da Atlantic, um assalto acontecido em 1956. As prisões, então, seriam só uma questão de tempo, o detetive tinha certeza disso.

Sem mais nem menos, porém, sem que ninguém soubesse por que (a imprensa noticiou que por motivos administrativos), o detetive Perpétuo foi afastado do caso, o que não o impediu de continuar, ao longo dos meses, a investigar o roubo por conta própria. Tinha a convicção de que seus informantes, a tempo e hora, lhe dariam pistas sobre o assalto. Tiro e queda: em uma rodada de Pif-Paf, no morro da Mangueira (abril de 1961), conseguiu uma importante pista. Parte da imprensa noticiou que ele, "por acaso", ouviu uma conversa entre uma mãe-de-santo e uma outra moradora, em que a primeira comentava com a outra que uma cliente sua estava preocupada com o sumiço de seu amante, conhecido no morro com Nilo Peru. Nilo teria dito à amante que iria se encontrar com um tal de Manuel (ou Manoel) Godinho e sumira sem dar notícias. Outras fontes (dentre elas a revista O Cruzeiro) informaram, porém, que a roda de Pif-Paf fora formada exatamente para que a mãe-de-santo lhe passasse informações que poderiam estar ligadas ao roubo do trem. O nome do rapaz seria Nilo Magno de Melo e, ultimamente, vivia dizendo que sua vida corria perigo. No dia em que Nilo sumira, ele teria descido o morro em companhia de dois mulatos, fortes, não mais aparecendo.

Com as informações conseguidas, Perpétuo procedeu a uma minuciosa busca aos antecedentes, criminais ou não, de Nilo Peru, terminando por descobrir que ele, juntamente com um comparsa de nome Anastácio de Souza, já haviam sido processados, anteriormente, por assalto a mão armada. Descobriu também que Anastácio tinha mais três irmãos, Sebastião, Zeferino e Manoel. Voltou para casa, pegou todo o material que guardava sobre o assalto – as fotos, os antecedentes de todo os suspeitos, os retratos falados – estudou-o com determinação e não teve mais dúvidas: Os irmãos eram os assaltantes do trem pagador da Central do Brasil, como também dos outros dois, o do banco e o da sede da Atlantic.

Em maio de 1961, Perpétuo então entra em contato com Amil e o comissário Messias, àquela altura completamente perdidos em suas investigações, e lhes conta sobre suas descobertas. O caso estava resolvido e só faltava prender os meliantes. O primeiro a cair foi Manoel Godinho, ou Manuel da Silva. Todo o mundo que o conhecia informara aos investigadores que, repentinamente, em poucos meses, a vida de Manoel mudara como por milagre; ele comprara vários barracos na favela, mobiliara o seu e vivia uma vida folgada. Quando os três policiais invadiram o barraco onde se encontrava Godinho, o encontraram deitado, lendo o Código Penal, trazendo, ao lado de si, uma pistola 7.36. A polícia, pouco tempo depois, informou aos jornalistas que ele abrira o bico sem ser pressionado, o que não deve ter sido verdade, devido ao já mencionado pacto. Deve ter apanhado uma barbaridade. Dentre as informações, Godinho informara que o motorista do carro utilizado para o assalto, Joel da Silveira, fora esquartejado pelos irmãos, e Nilo Rosa estava desaparecido, provavelmente morto. Tião, além do mais, teria ficado com quase todo o dinheiro do assalto, um total de Cr$ 20 milhões.

Logo, outro comparsa também fora preso. Seu nome, Heitor Fernandes, e, com o dinheiro de sua parte, abrira um cabaré em pleno morro, que, segundo a imprensa, recebera o nome de "Cabaré dos Bandidos", obviamente, um exagero da imprensa mais sensacionalista.


Godinho, porém, confessou que não participara diretamente do assalto, mas somente ajudara Anastácio a preparar a estrada que dava aos trilhos do trem pagador, mesmo assim recebendo sua parte no assalto. Acontece que ele deu uma informação à polícia muito mais importante do que tudo que ela conseguira até agora e que poderia dar um fim digno dos melhores filmes de ação ao caso do assalto: Além de mencionar um novo nome ligado ao assalto – Edward Pereira Gomes –, ele também contou que Sebastião e Zeferino queriam conversar com ele sem demora. Marcaram o encontro para a próxima terça-feira, às 05h 30min da tarde, sob a ponte de Coelho Neto. Godinho ainda disse à polícia que ele tinha a certeza de que iria morrer naquele encontro, tanto que estava arranjando uma desculpa para não comparecer. Perpétuo, contudo, lhe garantiu segurança, e Godinho, sem saída, teve que ir ao encontro que julgava fatal. Perpétuo e Godinho chegaram ao local meia hora antes, as algemas nos pulsos do bandido disfarçadas com um casaco sobre elas. Na esquina, Amil, o comissário Messias e outros policiais aguardavam escondidos. Dentre esses policiais, havia um, de nome LeCocq, que, futuramente, se tornaria uma lenda nos meios policiais ligados à bandidagem, com conseqüências funestas para a sociedade brasileira. Em sua homenagem, mais tarde, seria criado o Esquadrão da Morte, exatamente para vingar sua morte. Poucos anos depois, alguns donos de carro colocavam no vidro do seu veiculo, sem o menor pudor, um adesivo com uma caveira e os dizeres "E.M. - SCUDERIE DETETIVE LECOCQ."

No horário combinado, uma caminhonete Ford, verde, placa oficial com os números 9-0608, estacionou sob a ponte. Ficaram sentados, esperando, dentro do carro.

Aqui começam as divergências. Alguns órgãos noticiaram que Godinho então caminhara para onde se encontravam os irmãos, enquanto Perpétuo fazia a volta pela direita. Zeferino, sentado ao lado do irmão, foi o primeiro a perceber que algo estava errado, alertando o irmão. Era tarde demais: Do lado de fora, Perpétuo, corajosamente, abriu a porta do carro e entrou em luta com Zeferino dentro do veículo. Zeferino apontou-lhe a arma e disparou. Só que Perpétuo conseguiu desviar o cano do revólver para baixo, a bala passando de raspão por seu dedo polegar, atingindo a perna de Zeferino. Ao mesmo tempo, os policiais atiravam contra a caminhonete, mesmo sabendo que Perpétuo estava lá dentro, em luta contra um dos irmãos. Em meio ao fogo cruzado, Sebastião, o Tião Medonho, conseguiu colocar o carro em movimento, tentando fugir. Perpétuo, então, agarra Zeferino, atirando-se ao chão com o carro saindo em disparada em uma fuga cinematográfica.

A revista O Cruzeiro contou à época uma aventura mais cinematográfica ainda. Segundo o semanário, quando Godinho estava sob a ponte, pronto para caminhar rumo ao carro dos irmãos, aparece o outro irmão do bando, exatamente Anastácio, indo ao encontro de Godinho, aparentemente para trocar algumas palavras com ele. Repentinamente, sentiu que algo estava errado, saindo correndo em disparada, Amil e Lecoque indo em seu encalço. Isso facilitou a fuga de Tião que, mesmo atingido nas costas pelo comissário Messias, empreendeu sua fuga conforme acima descrito.

De posse de várias informações, colhidas aqui e acolá, o cerco da polícia aos assaltantes começou: Edward Gomes, o "Gogó", dono de um botequim na estrada Vicente Carvalho, local freqüentado, inclusive pela polícia, foi o primeiro a cair; abriu o bico tão logo foi preso. Segundo ele, teve papel indireto na trama, seu trabalho fora o de vigiar as imediações do assalto para evitar imprevistos, recebendo, para isso, a quantia de Cr$ 650 mil. Junto com ele, também fora preso seu primo e empregado na birosca, Adilson de Carvalho, que sempre protestou inocência.

As próximas horas foram dramáticas: nunca se soube o porquê – talvez devido às violentas torturas que provavelmente sofrera durante os interrogatórios, ou, segundo especulações da imprensa mais ligada ao que a polícia soltava, com medo da reação dos irmãos bandidos –, pouco antes de ser removido da Central da Polícia para a delegacia de Caxias, onde corria o inquérito, Edward tirou sua camisa, improvisou com ela uma forca e suicidou-se nas barbas da polícia carioca.

Transtornado pela morte de tão importante testemunha, Amil, utilizou-se da imprensa para acusar e responsabilizar o coronel Ardovino Barbosa, chefe do Policiamento Ostensivo da Guanabara pela morte de Edward, exatamente pela demora na transferência dos presos para Caxias.

Interessante é que, depois do trágico acontecimento, a imprensa teve acesso a Manoel Godinho, o Manuel da Silva, todos querendo saber se era verdade que ele fora barbaramente torturado pela polícia, o que os repórteres policiais sabiam ser verdade; Manuel negou o fato, mas, instado pelos repórteres, se negou a fazer exame de corpo de delito para comprovar as torturas. O medo falara mais alto.

O próximo a cair foi Heitor Fernandes, outro que não resistiu à prisão. Também preso na Mangueira, Heitor, a princípio negou sua participação, mas, confrontado com Godinho, terminou por confessar sua participação, e já que não tinha mais jeito, confessara também que participara do bando que assaltara a sede da Atlantic.

Enquanto a tragédia seguia seu curso, assim que Sebastião – agora chamado de "Tião Medonho" pela imprensa policial -, empreendeu sua espetacular fuga, todas as viaturas da polícia de vários municípios foram alertadas sobre o fato acontecido, dando detalhes da caminhonete Ford e de seu ocupante, descrito como um negro forte, vestido com um uniforme dos Correios e Telégrafos, provavelmente ferido. Na confusão passaram para um número errado da chapa da caminhonete – 9-0008 ao invés de 9- 0608 –, o que não atrapalhou os acontecimentos posteriores porque a sorte já fora lançada.

A caçada a Tião foi implacável; durante 36 horas, centenas de policiais estavam em seu encalce em vários locais, Acari, Vigário Geral, Barros Filho, e a procura se estendeu para diversos morros e descampados, diversos barracões invadidos e depredados, todo o mundo querendo a glória de prender um facínora tão perigoso.

Na madrugada de sexta-feira, Amil recebe uma denúncia considerada "quente" de um de seus diversos informantes, aconselhando-lhe a seguir a seguinte trilha: ele deveria tomar a Avenida dos Bandeirantes e entrar na Automóvel Clube; depois dobrar a Rua Três e seguir rumo a Olaria. Ele não demoraria a encontrar a casa, quase um palacete em meio a casas miseráveis, pintada recentemente de verde. O local era Barros Filho, perto de Acari. Ali, Tião morava com sua amante, Djanira de tal. O cerco se fechou. Após combinar os detalhes, Amil e seus companheiros invadem com violência a casa e encontram Tião Medonho ferido, deitado em uma cama. Era o fim.

Na mesma madrugada, uma parte do dinheiro do assalto começou a aparecer; ao abrir o forno de um fogão, ainda reluzente de novo, o comissário Messias se deparou com Cr$ 285 mil, acondicionado em plástico. Como a casa era nova, construída depois do assalto ao trem pagador, a polícia estudou a possibilidade de derrubá-la por completo, na esperança de encontrar os milhões por baixo do cimento. Paralelamente, as investigações levaram a polícia a um barracão miserável na Mangueira. Era a moradia da mãe de Tião, dona Alcídia Conceição de Souza. Não demorou muito para eles descobrirem, dentro de um colchão, munições, e espoletas elétricas, provavelmente utilizadas no atrevido assalto.

Só que Tião tinha uma outra mulher, de nome Edite, situação desconhecida por Djanira. Diz o ditado que nada se compara à fúria de uma mulher traída. Djanira, ao saber que Tião tinha uma outra amante, que levava uma vida mais do que confortável, com mobília nova, eletrola de alta fidelidade, cozinha nova, gastando com a amante o dinheiro roubado, ficou possessa de raiva. Confidenciou para todo o mundo que fora enganada durante anos por Tião, que nunca lhe perguntara onde passava suas noites fora de casa, quando ficava sozinha em companhia de seus quatro filhos.

Então, resolveu contar tudo para a polícia. Pediu para que a polícia abrisse o armário e retirasse o espelho colado em uma de suas portas. Muito dinheiro estava escondido ali, naquele forro. Na realidade, foram encontrados Cr$ 5 milhões e 670 mil. Era muito dinheiro, porém faltava mais, muito mais.

. Com Edite, tudo aconteceu da mesma forma; também disse que Tião nunca lhe dava nada, que levava uma vida miserável que não merecia, ficando também pasmada quando soube que Tião tinha outra mulher. Sem mais, disse à polícia que algum dinheiro estava enterrado no jardim, dentro de um saco. Só que, ao invés de dinheiro, a polícia encontrou uma variedade de armamento, duas pistolas parabélum, dois revólveres Smith & Wesson, calibre trinta e oito, dois Taurus, caixas de balas e até uma placa de automóvel, chapa oficial 9-4298.

E não demorou muitos dias para que mais Cr$ 4 milhões fossem encontrados com Jacob Meliante, um comerciante de móveis em Jacarepaguá, denunciado pela mulher de Nilo, Hilda Souza Moreira. O dinheiro pertenceria a Nilo Peru, a quem a polícia ainda procurava por todo o país, não acreditando que tivesse sido morto por Sebastião. Este, inclusive, negava veementemente que fosse o cabeça da quadrilha, creditando o posto exatamente a Nilo Peru, o desaparecido.

Com o nome em todos os jornais, desfrutando de grande fama por todo o Rio de Janeiro, Perpétuo sai de férias, indo para Mato Grosso, onde morava sua mãe. Mas, a imprensa especulava que ele, na verdade, estava à caça de Nilo Peru, que teria sido visto lá pelas bandas do norte do país.

Só que Nilo Peru, nem seu corpo, jamais foram encontrados, um mistério sem solução, muitos especulando que ele fora morto pelo próprio Tião Medonho. O restante do dinheiro, também, jamais apareceu. Amil continuou a investigar a identidade de um engenheiro da Central do Brasil, que, segundo informações obtidas por ele, seria o real idealizador do assalto, até mesmo pela sua característica e precisão. Perpétuo sempre desdenhou essa procura, pois, para ele, Sebastião, o Tião Medonho, era efetivamente o chefe do bando.

As glórias obtidas pela prisão dos assaltantes do trem pagador deixaram o nome de Perpétuo na boca do povo. Seu nome era incensado, o que despertava também inveja e despeito. O seu ultimo trabalho seria realizado na Favela do Esqueleto, onde hoje se encontra a UERJ. Perpetuo fora até lá para prender um marginal que só se entregaria a ele. No dia marcado, Perpétuo, a imprensa, que sempre o acompanhava em suas aventuras, e uma turma de policiais estavam no morro, quando, não se sabe por que, começou uma discussão entre Perpétuo e um policial chamado Jorge Galante, que, a certa altura, arma em punho, atira no detetive e o mata na hora. Era o fim para Perpétuo.


Galante também foi morto, anos depois, numa operação realizada pela Delegacia de Entorpecentes.



Fonte:decadade50.blogspot.com.br

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