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WEB RÁDIO ÉPOCAS: setembro 2017

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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O celular, Raul Seixas, e os Garotos Virgens de Ipanema

A geração iPhone nem sonha, mas o primeiro celular do mundo - criado em 1973- era esse trambolhão aí da foto. (Ah, vale lembrar que ele só servia para fazer ligações mesmo)




O Maluco Beleza Raul Seixas lançava “Metamorfose Ambulante”



As pornochanchadas gozavam sucesso comercial no Brasil. Em maio de 1973, o filme “Os Garotos Virgens de Ipanema” era lançado para o deleite dos adolescentes



Lembranças dos anos 70....


Fonte:Informações catracalivre.com.br

sábado, 2 de setembro de 2017

Carros que marcaram os anos 60 no Brasil


Há carros que surgem como lançamentos, ficam alguns anos no mercado, são aceitos no gosto popular, mas logo saem de linha e caem no esquecimento. Entretanto, há modelos de carros que ao serem lançados já conquistam espaço dentro da história.

Esse fato pode ser explicado pelo design inovador, o conforto do veículo e o seu desempenho que marcam a história do automobilismo; assim, mesmo saindo de linha ainda, permanecem nos corações dos amantes dos veículos de quatro rodas. Veja a seguir os modelos de carros que fizeram história nos anos 60














A Revista do Rádio

Lançada em abril de 1948 pelo jornalista Anselmo Domingos, não por acaso quando a ascensão do rádio no Brasil dava origem ao que ficou conhecido como “Era do Rádio”, a Revista do Rádio, que por 22 anos (1948-1970) circulou em praticamente todo o território nacional, logo se tornou uma das mais célebres protagonistas desse rico momento de nascimento da cultura de massas em nosso país.

O discreto editorial de apresentação da nova publicação parecia prever o destino do periódico, ainda que não manifestasse essa pretensão: “Uma revista nova é sempre uma incógnita. (…) Programa não apresentamos. Ele está encerrado no próprio nome da revista. Estaremos cumprindo um programa se cumprirmos com o título.”

Poucas publicações no Brasil conseguiriam encarnar tão intensamente o seu objeto quanto a Revista do Rádio, provocando em seus leitores a forte sensação de que ela emergia dos bastidores das emissoras e da intimidade dos elencos das rádios, de que ela era de fato a “voz” oficial do rádio no Brasil. Em especial de uma delas: a dinâmica e poderosa Rádio Nacional, emissora criada em 1936 pela empresa carioca A Noite, que editava jornal do mesmo nome. Em 1940, o governo do Estado Novo, interessado em transformar a rádio num “instrumento de afirmação do regime”, encampou a empresa e, em pouco tempo, dotou a Rádio Nacional do maior e mais bem pago elenco radiofônico, tornando-a a emissora mais ouvida em todo o país.

Nos anos 1940-50, o rádio era a principal fonte de informação e entretenimento da população, não só no Brasil, mas em praticamente todo os países ocidentais. A televisão só chegaria ao Brasil em 1953, quando Assis Chateaubriand inaugurou a TV Tupi de São Paulo. Pelo rádio se ouviam musicais de variados gêneros, noticiários do Brasil e do mundo, seriados de aventura, comerciais cantados, novelas, programas de humor e de calouros, transmissões esportivas, hora certa – e somente as vozes bastavam para o público. Mas a Revista do Rádio veio mostrar os donos das vozes que encantavam os ouvintes:cantores, animadores de auditório, locutores, humoristas, radio atores, atrizes… Em forma de texto e fotografia, revelava aos brasileiros a vida profissional e íntima dos artistas, que assim iam se tornando, como é da natureza da cultura de massas, “ídolos populares”, “astros” e “estrelas”, granjeando fãs e clubes de fãs pelo país a fora.

O cinema e o teatro também eram assuntos da revista, embora sobretudo o primeiro também tivesse, desde o início do século, as suas revistas especializadas. Mitos do teatro dramático como Procópio Ferreira, Dulcina de Moraes e Alda Garrido ou do teatro de revista, como a vedete e bailarina Lurdinha Bittencourt, tinham também sua vida profissional e pessoal contada aos leitores.

Aos 31 anos de idade, Anselmo Domingos fundou a revista em uma pequena sala na rua Treze de Maio 23, centro do Rio de Janeiro. A primeira edição teve quarenta páginas, custou três cruzeiros e trouxe na capa Carmem Miranda, de quem Anselmo era fã. Na análise do pesquisador Rodrigo Faour, autor do livro Revista do Rádio: cultura, fuxicos e moral nos anos dourados, este primeiro número já nos dá a idéia de que muitos assuntos ignorados pelas outras publicações de então seriam abordados pela nova publicação, fossem eles sérios ou de puro entretenimento. O autor enumera algumas das matérias: uma “radiobiografia” de Dircinha Batista, uma coluna de curiosidades do meio radiofônico no estilo “você sabia que Sylvio Caldas, cujo verdadeiro nome é Sílvio Narciso de Figueiredo Caldas, nasceu em São Cristóvão e era motorista antes de se destacar no rádio brasileiro?”, matérias sobre alguns dos principais cantores da época, como o “Rei da Voz” Francisco Alves, o “Caricaturista do Samba” Jorge Veiga e a passional e divertida Linda Batista.

Ainda na introdução do primeiro número, Anselmo fez breve análise do ano de 1947. Citando diversas emissoras então em funcionamento, demonstrou a efervescência do rádio na época, quando informações a respeito eram publicadas, porém de forma espaçada e irregular nas páginas dos jornais.

Publicações como Carioca, Promove, Vida Doméstica, A Voz do Rádio, Cine-Rádio-Jornal, Cinelândia, Guia Azul já abordavam a temática, mas foi a Revista do Rádio – e pouco depois uma concorrente, Radiolândia (1952 – 1962), da Rio Gráfica Editora – que proporcionou ao rádio o seu maior destaque. Ela foi a primeira totalmente especializada nesse meio de comunicação (Haussen e Bacchi, 2001), que reinaria até a sua gradual suplantação pela televisão ao longo da década de 1960. Até então o público se entretinha principalmente com o som, e o rosto dos seus ídolos só podia ser conhecido por meio de revistas ou do cinema. O teatro também era um meio, mas era muito restrito às principais cidades.

Segundo Faour, a revista tinha os ingredientes certos para emplacar:

“não bastassem as informações em geral sobre a vida pessoal e artística das celebridades do momento, havia fuxicos e um pouco de apelação em suas manchetes para atingir em cheio a curiosidade do povão. Um povo que tinha como principal veículo de diversão e informação o rádio. Só no Rio de 1948 havia treze opções: Rádio Clube do Brasil (PRA-3), Rádio Cruzeiro do Sul (PRE-2), Rádio Globo (PRE-3), Rádio Guanabara (PRC-8), Rádio Jornal do Brasil (PRF-4), Rádio Mauá (PRH-8), Rádio Ministério da Educação e Saúde (PRA-8), Rádio Roquete Pinto (PRD-5), Rádio Tamoio (PRB-7), Rádio Vera Cruz (PRE-2) e as três principais: Rádio Nacional (PRE-8), Rádio Mayrink Veiga (PRA-9) – que dominou a cena entre os anos 30 e meados dos 40, sendo abafada posteriormente pela Nacional – e Rádio Tupi (PRG-3).”

Quem viveu nessa época, ao ler o trecho acima possivelmente se lembrará da ordem das emissoras no dial dos seus rádios! E certamente daquelas que mais ouvia.

Sempre em formato de 19cmx27cm e com apenas a capa em cores, a Revista do Rádio variou na periodicidade. Foi mensal nos dois primeiros anos, mas se tornou semanal a partir de março de 1950, mudando-se para a rua de Santana, também no centro do Rio de Janeiro. Ampliou suas instalações e também a cobertura dos assuntos, antes limitados ao que ocorria nas rádios cariocas, passando a apresentar a coluna “Rádio nos Estados”. O jornalista Borelli filho era o chefe de redação e braço direito de Anselmo.

Em seu livro, Faour apresenta os campeões das páginas da Revista do Rádio: Emilinha Borba, Marlene, Angela Maria, Cauby Peixoto, César de Alencar e Ivon Curi, que apareceram em diversas colunas ao longo da vida da revista. Eram todos do elenco da Rádio Nacional.

A revista oferecia ainda uma diversidade de seções, cada uma tratando de um tipo de assunto: “A pergunta da Semana” (opiniões de artistas sobre um tema), “Feira de amostras” (piadas sobre gente do rádio), “Discos” (lançamentos e parada de sucessos), “Teatro na Revista do Rádio”, “Cinema na Revista do Rádio” (em meados da década de 50 passou a sair também a seção TV, assinada por Hélio Tys), “Correio dos fãs” (perguntas dos fãs), “Rádio em revista” (atualidades do rádio), além da popularíssima “Mexericos da Candinha”, inaugurada em 1953 com o nome “Segredos da Candinha”, com fofocas picantes sobre os artistas. Outras colunas fixas sobre intimidades dos artistas eram “Buraco da fechadura”, “Ficha completa”, “Eu sou assim” e “Entrevista teco-teco”, além da interessante “Minha casa é assim”, que mostrava fotografias das casas dos astros e estrelas do rádio.

Em geral, as notícias eram sobre a vida amorosa, rivalidades, aparências, contas bancárias e comportamentos dos famosos. Havia também interação com o público por meio de promoções e premiações aos artistas de rádio, como “Os melhores do Rádio” e o, sempre ansiado pelos fãs, concurso anual “A Rainha e o Rei do Rádio”, promovido pela Associação Brasileira de Rádio. Já em tom mais sério, o editorial, escrito por Anselmo Domingos, analisava quaisquer assuntos relativos ao rádio.

Como não podia deixar de ser, logo após a televisão aparecer no Brasil, no início dos anos 50, o rádio reconheceu a influência do novo veículo. É o que se pode constatar a partir da edição 502, de 2 de maio de 1959, quando logo abaixo do título da revista passou a figurar a frase “A primeira em rádio e televisão”. A partir da edição 532, de 28 de novembro de 1959, o próprio título da publicação passou a ser Revista do Rádio e TV, pois cresceu o número de matérias sobre televisão, publicando-se inclusive a grade de programação das emissoras.

Outra mudança apontada por Faour, ocorrida ao longo da década de 60, foi o espaço que as novas manifestações da música brasileira, como a bossa nova, os festivais e a jovem guarda ganharam na publicação em detrimento dos tradicionais “cantores (e cantoras) do rádio”. A revista continuava forte, mas a concorrência aumentava com o aparecimento de Radiolândia, TV-Programa, Guia de TV, Intervalo e Amiga.

A Revista do Rádio deixaria de existir em 1970, poucos meses depois da morte de seu criador. Foram vinte e dois anos de informação, histórias de astros e estrelas e construção, semana a semana, dos grandes mitos do rádio brasileiro. Aliás, nada ou quase nada se divulgava sobre artistas estrangeiros, a não ser quando vinham se apresentar no Brasil. Vinte e dois anos de criação, ainda ingênua e com pequena ambição mercantil, de uma nascente cultura de massas no Brasil, num estilo que não deixaria, no entanto, de influenciar as dezenas de publicações que viriam a ser criadas no país.

Fonte:bndigital.bn.gov.br