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WEB RÁDIO ÉPOCAS: fevereiro 2017

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A Era do Rádio no Brasil: sociedade e cultura (1930-1960)

Jackson do Pandeiro e Almira Castilho apresentam-se na Rádio Nacional, um dos pilares da Era do Rádio no Brasil.

Bem mais além do que mero meio de comunicação, o rádio no Brasil possibilitou a consolidação de gêneros musicais e teve importante participação na conformação política do país ainda na primeira metade do século XX. As transformações urbanas que foram elementares na forma que a canção popular adquiriu no Brasil são o contexto do momento de crescimento e difusão das ondas radiofônicas e é, do mesmo modo, o advento do rádio sinônimo da modernização corrente nos idos das décadas de 1920 e 1930. Envolta na nostalgia dos mais antigos e na curiosidade de outras gerações, a Era do Rádio é até os dias de hoje motivo de pesquisa e interesse, sobretudo pela quantidade de informação e de figuras destacadas da cultura nacional em sua consolidação no nosso país.

A primeira transmissão radial ocorreu em 07 de Setembro de 1922 como parte dos comemorativos que celebravam o centenário da Independência do Brasil. A transmissão teve como destaque um discurso do então Presidente da República, Epitácio Pessoa. Também foram espalhadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis, aproximadamente 80 receptores que captavam árias encenadas no Teatro Municipal de São Paulo d’O Guarani, de Carlos Gomes. A primeira transmissão por rádio já prenunciava, de alguma maneira, o futuro ligado às manifestações nacionalistas que seriam recorrentes durante o governo Vargas, época de maior expansão das ondas radiofônicas.

Ainda na década de 1920 dois episódios marcam o início da Era do Rádio no Brasil, de acordo com Sérgio Cabral: a fundação da Rádio Sociedade, por Roquette Pinto e Henrique Morize em 1923 e a fundação da Rádio Clube Brasil, no ano seguinte. Tais rádios funcionavam por poucas horas e em dias alternados, o que há, no entanto, no estudo de Sergio Cabral que nos chama a atenção é sua tese de que o rádio retira a música popular do terreno do amadorismo e a situa, em um processo paulatino, como também uma forma de profissionalização. Isso viria a ocorrer de modo mais acentuado durante a década de 1930.

A profissionalização do cantor com o advento do rádio veio junto de um repertório, por isso não foi ao acaso que a partir da década de 1930 o samba ganha cada vez mais relevância no cenário cultural brasileiro, se torna mais comercial e alia a figura do cantor às ondas radiofônicas, a venda de discos e ao gênero musical, em um circuito que nos permite visualizar uma lógica mercadológica sobre as canções. No entanto, quem eram os artistas e quais canções interpretavam? Foi a partir desse momento que passam a ser ouvidas com destaque as composições de Ismael Silva, Wilson Baptista, Noel Rosa e outros. Além disso, surgia a seara dos intérpretes, aqueles que se tornaram figuras recorrentes no rádio como Mário Reis e Francisco Alves (O rei da voz) e, entre as cantoras, Aracy de Almeida, Carmem Miranda e Dalva de Oliveira.

Um fato é importante para pensarmos a difusão radiofônica no Brasil na década de 1930: um aspecto que é mecânico, mas que ao mesmo tempo tornou-se político-cultural e diz respeito ao modo como as emissoras operavam. As antigas estações transmitiam apenas em AM (Amplitude Modulation), em ondas curtas ou longas. Não entraremos no mérito das questões físicas do funcionamento do rádio, mas basta compreendermos que as ondas longas possuem baixo alcance da frequência, ao passo que as curtas tem maior irradiação. Os aparelhos, por sua vez, chegavam aos lares dos brasileiros com dispositivos capazes de sintonizar o tipo de onda que se queria captar. Dessa maneira, uma família residente da cidade de São Paulo podia escolher ouvir o rádio por meio de ondas longas, e sem problema sintonizaria a Rádio Record e aproveitaria a programação disponível, repleta em programas de auditório e variedades musicais, como do mesmo modo, poderia sintonizar o rádio em ondas curtas e para apreciar a programação das emissoras cariocas, como a Roquette Pinto, a Tupi ou a Rádio Nacional. Essa capacidade de alcance que possuía o rádio foi um filão a ser explorado por Getúlio Vargas a partir da instauração do Estado Novo em 1937.

Como classificam Francisco Weffort, Maria Helena Capelato e outros autores, o governo de Vargas pode ser compreendido pela chave do populismo: um fenômeno político de bastante recorrência na América Latina que tem por objetivo ser paternalista, desenvolvimentista e patriótico. Getúlio operou mudanças significativas na vida do povo brasileiro, que se estendem desde a criação e consolidação das leis trabalhistas, por meio da neutralização da ação sindical, como pela fundação de indústrias de base capazes de tornar o Brasil um país competitivo do ponto de vista industrial. Todavia, seus feitos sempre se davam pela negociata com os mais poderosos para que a população mais pobre, que era maioria, tivesse acesso algum tipo de bem – material ou cultural. Segundos os autores acima, um dos recursos mais visíveis em governos populistas são as propagandas, por isso Getúlio estampava até mesmo em livros didáticos os valores morais que perpassavam seu governo, desse modo, se a educação de crianças já convivia com o varguismo, os pais aprendiam a cartilha do governo por meio de programas radiofônicos, onde se exaltava a pátria e as ações do presidente.

A era do rádio: Getúlio Vargas discursando nos microfones da Rádio Nacional 

Getúlio tratou criar um aparelho estatal nas rádios brasileiras, a exemplo do que fez também outro presidente sul-americano, também populista e contemporâneo de Vargas, Juan Domingo Perón, na Argentina. Desse modo, a Rádio Nacional que quando criada em 1936 tinha o caráter de empresa privada, tornou-se em 1940 uma empresa pertencente ao governo brasileiro. Seu modo de operar por meio de ondas curtas fez com que todo o território brasileiro fosse preenchido pelas ondas da emissora. O Estado Novo, mais precisamente o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) criou um modelo de programação onde jornalismo e entretenimento caminhavam lado a lado na Rádio Nacional, desse período data o surgimento da “Hora do Brasil”, dedicado às notícias do executivo brasileiro, o “Repórter Esso”, jornalismo de plantão que informava em primeira mão os fatos emergenciais, e programas humorísticos que consagraram artistas brasileiros como o “Balança, mas não cai” e “PRK-8” onde atuavam como protagonistas, Paulo Gracindo, Walter D’Ávila e Brandão Filho. Mais tarde, o entretenimento adquire outros contornos com a estreia das radionovelas.

Carmem Miranda: Divas, comércio e patrocínios na Era Do Rádio

O recurso, entretanto, que viria a subsidiar a propaganda governamental e o funcionamento do rádio com sua programação musical e humorística, era extraído do patrocínio. Getúlio permitiu que diferentes empresas fossem divulgadas no rádio, popularizando marcas e hábitos, acentuando a consolidação da Indústria Cultural no Brasil. Esse modo de operar economicamente  foi a princípio um recurso restrito a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, mas já na segunda metade da década de 1940 tornou-se lugar-comum nas diferentes estações de rádio do país. No início do texto chamávamos atenção ao status profissionalizante que o rádio conferiu aos artistas brasileiros, isso sem dúvida foi também propiciado pelo patrocínio, pois existindo o recurso as rádios de diferentes regiões eram capazes de contratar artistas para manterem em seu cast e tornar diversificada a programação. Dessa maneira, o sonho do artista não era apenas a gravação de discos, mas sim ser contratado por uma grande emissora radiofônica para as apresentações ao vivo nos programas de auditório.

Dalva de Oliveira coroada “Rainha do Rádio” em 1951

Como dissemos, o samba foi o gênero mais popular na Era do Rádio e suas formas mais originais que preservavam seu contexto de produção e rítmica foram conservados em sua difusão até o Estado Novo. Nesse momento, em meados da década de 1940, incide sobre o gênero as tentativas de torna-lo representante da identidade nacional, não apenas o gênero e as canções, mas também seus estandartes, como o carnaval. Getúlio que operava uma política de moralização e virtuosismo das potências e belezas do Brasil, trata, por meio de seus departamentos de cultura limar do samba seus aspectos que remetiam a cultura negra, e consequentemente aos ambientes de marginalização que lhe eram correspondentes naqueles tempos de amplo preconceito. Assim, o samba passa a ser executado por artistas de voz potente e que não possuíssem identificação com o morro ou outros ambientes, daí a recorrência a Mário Reis e Francisco Alves, o acompanhamento das canções passa a ser feitos por grandes orquestras e dão um ar sofisticado ao gênero, e quando se tratava da programação da Rádio Nacional eram regidos por Radamés Gnatalli, além das letras que supervalorizavam a mulata e as belezas naturais do Brasil. “O teu cabelo não nega”, “Serra da Boa Esperança”, “Aquarela do Brasil” são exemplos dos caminhos que o samba passa a percorrer. Diante da mesma lógica de “branqueamento” do gênero, é criado o “samba-canção”, que era também acompanhado por grandes orquestras e com versos que engendram o denominado “samba dor-de-cotovelo” além da presença cada vez mais marcante da música latina, como a rumba e o bolero, interpretada no Brasil por artistas que inspiravam-se nos grandes conjuntos mexicanos como o Trio Los Panchos.

Década de 1950: Cauby Peixoto tornou-se um ídolo na era do rádio.

Por esse caminho, cada vez mais focaliza-se a figura do artista e sua representatividade na sociedade, esse processo se transforma com o tempo, mas é o embrião da figura do ídolo que se conhece hoje, fosse por meio dos concursos das Rainhas do Rádio que na década de 1950 imortalizaram Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Emilinha Borba, ou pelo fenômeno que se tornou Cauby Peixoto, Orlando Silva e Nelson Gonçalves. Pertence ao mesmo cenário a extrema comoção gerada pela morte acidental de Francisco Alves. Em outras palavras, a consolidação do rádio faz com que a música tenha menos importância que o artista.

O paradigma musical consolidado pelo rádio na primeira metade do século XX no Brasil, de acordo com Santuza Cambraia Naves, trouxe a tona o exagero. De acordo com a autora, tinha-se um entendimento de que a canção necessitava de ampla orquestra e grande potência vocal, e desse modo está inscrita no imaginário brasileiro a Era do Rádio, que a partir das rupturas promovidas pela Bossa Nova passaram a ser redefinidas e reinterpretadas, principalmente por João Gilberto, em 1958.

Por Thiago Vieira



Fonte:www.musicaesociedade.com.br

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Presidente Musical: Temer revelou preferir ouvir o chorinho brasileiro


“O choro é o que mais me dá gosto de ouvir no Brasil. Chego a ficar arrepiado. Quem não gosta muito de choro é a babá do Michelzinho, mas não sei o que ela anda escutando porque não fico muito em casa”, disse Temer.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Sua construção merece um ótimo profissional: Beto mestre de obras


Heriberto mais conhecido como BETO mestre de obras na cidade de Poço Fundo no Sul de Minas Gerais, muito confiável e ótimo profissional, é cursado na área de obras, texturas, pinturas, grafiados e mosaicos. Também faz todos os serviços e trabalhos de obras e reformas em geral.
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O rádio e o movimento musical Jovem Guarda no Brasil

Em 1964, a Jovem Guarda encontrava no rádio AM um espaço complementar ao da TV (vide o famoso programa que batizou o movimento e era transmitido pela TV Record, apresentado pelo cantor Roberto Carlos), e o programa do compositor, empresário e jornalista Carlos Imperial, "Hoje é dia de rock" (apesar do título, sabe-se que a Jovem Guarda era mais pop do que rock, e este estava na mesma época mais audacioso do que imaginavam os jovens brasileiros em sua maioria), se tornava um grande sucesso de audiência.


Era o rádio AM em seus momentos de "rádio jovem", algo que causa estranheza aos adolescentes da década de 90.


O fenômeno da Jovem Guarda existia desde 1959, quando foram lançados os sucessos "Banho de Lua" e "Estúpido Cupido", na voz de Cely Campello. Só não tinha este nome. O nome "Jovem Guarda" foi criado pelo publicitário Carlito Maia, já falecido, baseado numa frase do líder comunista soviético Vladimir Ilich Ulianov, mais conhecido como Lênin. Antes desse nome, se pensava em ié-ié-ié ou iê-iê-iê, ou simplesmente rock ou rock'n'roll versão brasileira (mas numa expressão bem mais branda e ingênua do que o rock que acontecia nos EUA e Reino Unido; o rock inglês já estava absorvendo influências do blues norte-americano, enquanto a Jovem Guarda ainda ficava nas baladas italianas, devido ao sucesso do filme Candelabro Italiano, de 1962).


A partir de 1960, nomes como Renato & Seus Blue Caps, Demétrius e Sérgio Murilo apareciam fazendo o mesmo tipo de som, uma leitura brasileira do rock dos anos 50, com forte influência da música jovem italiana, sucesso entre os anos 50 e 60. A dupla Roberto Carlos & Erasmo Carlos também iniciou carreira no período pré-Jovem Guarda, para depois se tornarem os líderes deste movimento de música jovem que teve nas AMs e na televisão seu espaço de afirmação e divulgação.



Foi preciso a suspensão das transmissões esportivas da TV Record, em 1964, para ser criado um programa que batizaria e consagraria o gênero: "Jovem Guarda", apresentado pelo ídolo Roberto Carlos. Era um estilo ingênuo e conservador, comparado com o rock que era feito nos EUA e Reino Unido, às vésperas do psicodelismo, mas até para ser contestado pelos fãs mais exigentes de rock a Jovem Guarda teve sua razão de ser. Pelo menos foi a primeira manifestação brasileira de música jovem contemporânea e através dela os jovens brasileiros começaram a conhecer a guitarra elétrica. A própria Tropicália de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Mutantes e outros utilizaria, depois, elementos da Jovem Guarda na sua mistura com música regional brasileira e outras influências.