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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Fatos, história e curiosidades dos anos 60



A formação da primeira equipe da Rede Globo ocorreu em 1963. Cerca de dois anos depois, em 26 de abril de 1965 era finalmente inaugurada a emissora Rede Globo de Televisão. O primeiro programa a ir ao ar foi um infantil chamado Uni Duni Tê.

Paixão de outono, a primeira novela da recém-nascida emissora, foi ao ar em 14 de setembro de 1965. De autoria de Glória Magadan, ela teve apenas 50 capítulos. Uma observação: na época, Magadan era diretora do núcleo de dramaturgia da Globo.

O gênero telenovela surgiu no Brasil em 1951. A primeira telenovela foi Sua Vida Me Pertence, exibida pela extinta TV Tupi. No entanto, a primeira exibida diariamente no Brasil foi 2-5499 Ocupado, na antiga TV Excelsior, em 1963. Foi em 2-5499 Ocupado que os atores Glória Menezes e Tarcísio Meira começaram a formar aquele que foi um dos pares românticos mais conhecidos da dramaturgia.

A primeira telenovela com um hora de duração foi Os Miseráveis, produção da Bandeirantes de 1967. Antes disso, as novelas tinham, no máximo, meia hora.

A primeira novela de grande repercurssão (diga-se, uma verdadeira mania nacional) foi O Direito de Nascer, baseada em uma rádionovela de origem cubana. O Direito de Nascer foi exibida pela Tupi entre 1964 e 1965.

Um dos seriados de maior sucesso da grade da Tupi foi o brasileiro O Vigilante Rodoviário. Levado ao ar em 1962 e protagonizado pelo ator Carlos Miranda, a série conquistou o público adolescente e infantil. O sucesso foi tamanho que virou até história em quadrinhos. Anos mais tarde, O Vigilante Rodoviário seria retransmitido pela Rede Globo.

Criada pelo norte-americano Gene Roddenberry, a série Star Trek (“Jornada nas Estrelas” no Brasil e “O Caminho das Estrelas” em Portugal) estreou nos Estados Unidos em 8 de setembro de 1966.

Em 1964, Gene Roddenberry tentou vender a idéia da série para os estúdios MGM, que a rejeitou por achá-la ousada demais.

Star Trek - The Original Series teve somente três temporadas, mas fez tanto sucesso e angariou tamanha quantidade de fãs ao longo dos anos que motivou a criação de mais cinco franquias. São elas: Star Trek - The Animated Series; Star Trek - The Next Generation; Star Trek - Deep Space Nine; Star Trek - Voyager e Star Trek - Enterprise.

Você sabia que Michele Nichols e William Shatner protagonizaram em 1968 o primeiro beijo inter-racial num programa de televisão norte-americano?

Quem inicialmente foi convidado para o papel de Spock foi o ator Martin Landau, mas este recusou e foi substituído por Leonard Nimoy. Anos depois, Nimoy substituiu Landau na série Missão Impossível.

A saudação do povo vulcano foi criada pelo próprio Leonard Nimoy, inspirado numa saudação judaica.

O único ator a aparecer em todos os episódios da série original foi Leonard Nimoy.

Outras séries de TV de grande sucesso no Brasil dos anos 60 foram: James West, A Feiticeira, Bonanza, Jeannie é um Gênio, Doutor Kildare, A Família Adams, Perdidos no Espaço, Rin Tin Tin, Batman, National Kid, Os Monstros e Agente 86.

O primeiro registro fonográfico de Raul Seixas foi um disco de 78 RPM gravado em 1964. Continha as faixas Nanny e Coração Partido – versão brasileira de uma canção de Elvis Presley. O compacto nunca chegou a ser lançado.

Entre dezembro de 1960 e agosto de 1963, os Beatles fizeram 294 apresentações no Cavern Club.

A primeira aparição dos Beatles na TV americana foi no programa de Jack Paar, em março de 1964, onde o grupo exibiu uma versão ao vivo de "She Loves You".

Durante os cinco primeiros minutos da primeira apresentação dos Beatles no programa de TV norte-americano “Ed Sullivan Show”, em 1964, não foi registrado nenhum assalto ou homicídio cometido por jovens nos Estados Unidos.

O disco With The Beatles (Entre os Beatles), de 1963, foi lançado nos Estados Unidos como Meet The Beatles (Conheça os Beatles).

A Hard Day’s Night, disco dos Beatles de 1964, foi lançado no Brasil como o título em português Os Reis do Iê, iê, iê.

O Álbum Revolver, de 1966, foi lançado nos Estados Unidos com três músicas a menos. São elas: I’m Only Sleeping, And Your Bird Can Sing e Yesterday and Today. A explicação está no fato de que as gravadoras responsáveis pelos lançamentos faziam suas próprias seleções, dependendo do país em que o disco era lançado.

O LP Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi o primeiro disco no mundo com capa dupla, encarte com fotos e letras das músicas.

Sgt. Pepper’s foi a mais longa gravação do grupo de Paul, John, Ringo e George. Para concluí-lo eles levaram 700 horas ou 29 dias da vida dos quatro rapazes de Liverpool.

Era para Let it Be (1969), o último álbum da banda, ser lançado com o nome de Get Back. A faixa I Me Mine, de Let it Be, foi a última gravação do Beatles. Detalhe: foi gravada sem a participação de John Lennon.

O psicopata Charles Manson, responsável pelo brutal assassinato da atriz Sharon Tate e outras quatro pessoas em 1969, era fanático pelos Beatles. Além de dizer quer era um enviado por Deus, Manson se considerava o quinto Beatle.

O sucesso do grupo de Paul e John inspirou dois produtores de TV a criar uma série de TV com um grupo parecido chamado The Monkees. O sucesso do grupo foi imediato. Em 1967, o The Monkees era o grupo mais popular dos Estados Unidos.

A Jovem Guarda foi um movimento comportamental e musical dos anos 60 surgido a partír do programa Jovem Guarda, exibido nas tardes de domingo pela TV Record de São Paulo.

Aliás, a expressão Jovem Guarda começou a ser usada em 1965 com a estréia do programa na TV Record. A origem do termo ainda é nebuloso, mas acredita-se que tenha sido tirado de um discurso de Lênin, onde ele afirmou "O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada".

As maiores influências dos músicos da Jovem Guarda foram o rock norte-americano dos anos 50 e 60, o rock brasileiro do início dos anos 60 (Celly e Tony Campello, principalmente) e a febre musical dos Beatles.

O termo “iê-iê-iê” foi usado como denominação do rock brasileiro dos anos 1960 (entenda-se Jovem Guarda). Dizia-se que Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e toda a turma da Jovem Guarda fazia “iê-iê-iê”. Esse termo surgiu de músicas como She Loves You, em que os Beatles repetiam “yeah-yeah-yeah”.

O programa Jovem Guarda era comandado por ninguém menos que Roberto Carlos e seus amigos Erasmo Carlos e Wanderléa. A idéia de convocar Erasmo e Wanderléa para dividir a apresentação do programa partiu de Roberto Carlos.

A lista de músicos que se apresentavam no programa era extensa: Golden Boys, The Fevers, Renato e seus Blue Caps, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Martinha, Vanusa, Ronnie Von, Eduardo Araújo, Os Incríveis, Rosemary, Sérgio Reis, Silvinha, Ronnie Cord, Waldirene, Leno e Lilian, Os Vips, Nilton César e Trio Esperança, entre outros.

Roberto Carlos foi o primeio não-italiano a vencer o Festival de São Remo, em 1968.

O título de “Rei” foi dado a Roberto Carlos pelo apresentador de TV Chacrinha. A coroação ocorreu em 1966, durante um programa de Chacrinha.

Woodstock, o mais lendário festival de rock da história aconteceu nos anos 60. Entre as atrações do festiva estavam Jimi Hendrix, Grateful Dead, Joan Baez, Santana, Joe Cocker, Creedence Clearwater Revival, The Who, Janis Joplin e Jefferson Airplane, só para citar alguns.

Você sabia que grupos como Jethro Tull, Led Zeppelin, The Doors e ninguém menos que o The Beatles receberam convite mas se recusaram a participar de Woodstock?

Os Rolling Stones alcançam o status de superastros da música com a canção Satisfaction – 1º lugar nas paradas do Estados Unidos em 1965.

Os anos 1960 representaram uma época dourada para o rock britânico. Foi quando dezenas de bandas surgidas no Reino Unido invadiram as rádios, os palcos e os programas de TV dos Estados Unidos. A invasão britânica foi encabeçada pelos grupos The Beatles, Rolling Stones, The Animalas, The Who, Jethro Tull, The Kinks, Yardbirds, The Pretty Things e Led Zeppelin.

A Era de Ouro do Rock – é assim que os anos 1960 são definidos por muitos especialistas em rock. Não sem motivos! A década de 60 foi dos Beatles, da invasão britânica, do surf rock, da música de protesto e do surgimento do heavy metal. Foi na segunda metade da década que surgiram os precursores do metal: Black Sabath, Led Zeppelin, Deep Purple e Judas Priest.

O movimento de contracultura característico da época foi o hippie. Surgido como consequência da Geração Beat e da indignação dos jovens com a Guerra do Vietnã, o movimento hippie nasceu nos Estados Unidos e sobreviveu no Brasil até o início dos anos 80. Os hippies eram conhecidos por suas cabeleiras longas, pelas roupas velhas, pelo lema “Paz e Amor”, pelo misticismo, pela simpatia pela anarquia e pelo uso acentuado de drogas como a maconha e o LSD.

Também foi nos anos 60 que ocorreu a revolta do Stonewall Inn. Iniciada em 28 de junho de 1969, a revolta foi uma série de reações da comunidade gay de Nova York contra as batidas policiais no bar Stonnewall Inn, frequentados por gays, transexuais, travestis e lésbicas. Foi a partír de Stonewalll que surgiram todos os movimentos, entidades e paradas gays modernas.

Ocorreram diversos festivais da canção no Brasil, o primeiro em 1965 e o último em 1985. Os festivais mais lendários foram os da TV Record, quando o Brasil conheceu músicas como Alegria, Alegria (de Caetano Veloso), A Banda (Chico Buarque), Domingo no Parque (Gilberto Gil), Ponteio (Edu Lobo), Disparada (Geraldo Vandré) e Roda Viva (Chico Buarque).

Por falar em música brasileira, os dois maiores programas de TV sobre música nos anos 60 foram O Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues; e Brasil 60, com apresentação de Bibi Ferreira.

O primeiro automóvel inteiramente fabricado no Brasil foi a Perua DKW, que começou a circular em 15 de novembro de 1957.

A Vemag (Veículos e Máquinas Agrícolas S.A.) foi um fabricante brasileiro que produziu sob licença os veículos da alemã DKW. Entre os modelos produzidos pela Vemag estão o cupê Fissore, o Caiçara, o Belcar e o Vemaguete.

Por falar em DKW, ela foi uma fabricante alemã de automóveis. Fazia parte do grupo Union, que integrava marcas como Horch, Wanderer e Audi. Comprada pela Volkswagen, a única marca que sobreviveu foi a Audi.

O DKW-Vemag Belcar era inicialmente chamado de Grande DKW-Vemag, mas acabou ganhando a denominação de Belcar – uma abreviação da expressão inglesa “beautiful car”.

Subsidiária da marca francesa Simca, a Simca do Brasil produziu modelos como o Simca Chambord, Simca Jangada, Présidence, Alvorada e Esplanada.

O primeiro Simca produzido no país foi o Chambord, em 1959. O Chambord serviu de base para todos os modelos Simca brasileiros, inclusive o Esplanada – seu sucessor definitivo.

Comprada pela norte-americana Chrysler, a Simca durou até a segunda metade dos anos 1960. Os últimos Alvoradas e Esplanadas saíram de fábrica como marcas da Chrysler do Brasil.

A Karmann-Ghia surgiu a partír da união da marca italiana Ghia com a alemão Karmann. Detalhe importante; os automóveis da Karman-Ghia foram produzidos pela alemã Volkswagen.

A fábrica da Karmann-Ghia brasileira foi inaugurada em 1960 na cidade de São Bernardo do Campo. Os primeiros automóveis saíram da linha de produção em 1962, sendo fabricados até a primeira metade dos anos 1970.

A pecinha responsável por esguichar água no para-brisa do Fusca era continuamente roubada nos anos 60 para… acredite se quiser, servir de anel! A moda do anel Brucutu (era assim que ele era chamado) foi inspirada por Roberto Carlos e pela turma da Jovem Guarda.

Os filmes mais vistos nos anos 60: West Side Story, A Primeira Noite de um Homem, Barbarella, 2001 – Uma Odisséia no Espaço, Sem Destino (Easy Rider), My Fair Lady, Doutor Jivago, Os Pássaros, Lawrence da Arábia, Quem Tem Medo de Virginia Woolf? e Mary Poppins.

Uma das personalidades mais comentadas dos anos 60 foi a baiana Marta Vasconcellos, vencedora do concurso de Miss Universo de 1968.

Na moda, surgiram os vestidos do tipo “tubinho” e a mini-saia (que, na verdade, nunca saiu de moda).

Chamado de Iguatemi, o primeiro shoppin center do Brasil foi inaugurado em São Paulo em 1966.

Abaixo, uma curiosa relação dos produtos que já existiam ou foram lançados durante os anos 60 (com nome do produto e ano de lançamento).

Aji-no-moto, tempero (glutamato monossódico) – 1949
Antarctica, guaraná - 1921
Aspirina, comprimidos – 1912
Avon, cosméticos – 1959
Band-aid, curativo – 1947
Bic, canetas – 1956
Biotônico Fontoura, xarope “fortificante” - 1910
Bis, chocolate - 1942
Catupiry, queijo - 1911
Chevrolet, automóveis -1924
Chicabon, sorvete - 1942
Cinzano, vermoute – 1878
Coca-Cola, refrigerante – 1942
Colgate, creme dental – 1927
Copag, baralhos - 1908
Coppertone, protetor solar – 1960
Corn Flakes, cereal - 1965
Diamante Negro, chocolate - 1939
Eno, antiácido - 1928
Eskibon, sorvete - 1942
Esso, postos de combustíveis – 1912
Fanta, refrigerante – 1964
Farinha Láctea Nestlté – 1876
Ferla, aveia - 1948
Ford, automóveis – 1919
Fujifilm, filmes fotográficos – 1958
Gessy, sabonete – 1913
Glasurit, tintas - 1967
Goodyear, pneus – 1919
Granado, polvilho antisséptico - 1903
Hellmans, maionese - 1942
Hollywood, cigarros – 1931
Jimmi, molho inglês - 1945
Juquinha, balas - 1945
Karo, xarope de glucose de milho – 1933
Knorr, caldos de carne e galinha – 1961
Kolynos, creme dental – 1917
L’oréal, cosméticos - 1939
Lux, sabonete – 1932
Maggi, caldos de carne e galinha - 1961
Maizena, amido de milho – 1874
Martini, vermoute – 1950
Matte Leão, chá - 1938
Mazola, óleo de soja – 1954
Melitta, filtro de papel – 1968
Minâncora, pomada - 1913
Moça, leite condensado – 1890
Nadir Figueiredo, copos - 1912
Nescafé, café solúvel - 1953
Nescau, achocolatado – 1932
Neston, farinha de cereais – 1958
Ninho, leite em pó - 1928
Omo, sabão em pó – 1957
Ovomaltine, achocolatado – 1930
Phebo, sabonete - 1936
Phillips, leite de magnésia - 1930
Prestígio, chocolate - 1962
Quaker, aveia – 1953
Rexona, desodorante – 1967
Royal, fermento em pó – 1945
Salada, óleo de soja - 1929
Seda, produtos para o cabelo – 1968
Seleções, revista – 1942
Seven Boys, pães e bolos - 1950
Shell, postos - 1914
Singer, máquinas de costura - 1858
Toddy, achocolatado – 1933
União, açucar - 1910
Yakult, leite fermentado - 1966
Ypióca, aguardente – 1846






Fonte: modas e manias

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Queridinho da juventude, vinil se consolida no mercado; entenda por que ele voltou pra ficar

(foto: Lucas Mamede/Divulgacao)
Em setembro, o Bossacucanova – formado pelo baixista Marcio Menescal, o tecladista Alex Moreira e o DJ Marcelinho da Lua – lançou Bossa got the blues em CD, streaming e vinil. Desde o primeiro álbum da banda, de 1998, o trio apostou no LP – na época, raridade; hoje, em alta no mercado. “Pela nossa trajetória e formação, já que nós três somos engenheiros de som e ainda há um DJ no grupo, o vinil sempre esteve presente no nosso trabalho. A qualidade sonora, ainda mais dos LPs de hoje, é excepcional. Melhor até que o digital”, defende Alex Moreira.

Vários artistas têm lançado projetos inéditos em LP. É o caso de Chico Buarque (Caravanas, 2017), Gal Costa (A pele do futuro, 2018), Gilberto Gil (OK OK OK, 2018), Maria Bethânia (Oásis de Bethânia, 2012), Os Cariocas (Estamos aí, 2013) e, mais recentemente, Zeca Baleiro (O amor no caos – Volumes 1 e 2).

“Lançar vinil é muito pessoal, tem a ver com minha história com o disco, a memória afetiva e coisa e tal. Nem é bom negócio, porque é muito caro fazer LP hoje. Mas acho charmoso, é algo que aproxima os fãs de um certo perfil, tem caráter agregador. Continuarei fazendo porque sou apaixonado pelo formato”, diz Zeca Baleiro.

Na opinião do cantor e compositor, o bolachão voltou por várias razões – nostalgia, saturação de alguns formatos digitais e até pela própria dinâmica da indústria. “Inclusive, temos vários modelos de toca-discos disponíveis no mercado. Tudo isso cria uma onda. E é bom pra quem faz música”, observa Zeca.

Produtores e empresários do setor garantem: a onda não é passageira. E nem modismo. O músico, pesquisador e DJ Michel Nath acredita que a retomada do LP vem da demanda real e também de uma necessidade cultural e até comercial. “O fluxo é crescente. A retomada não ocorre só no Brasil, é planetária”, frisa.

Há cinco anos, Nath reformou o maquinário encontrado num ferro-velho e abriu a Vinil Brasil, que funciona em São Paulo. “Naquela época, tínhamos cerca de 60 fábricas do segmento no mundo. Hoje, são aproximadamente 120 justamente pelo aumento na procura. Não acredito em moda, mas uma volta pra ficar. O LP não voltará a ser produto de massa, até por questões de custo, mas a curva ascendente já tem cerca de 12 anos”, destaca.

Uma das impulsionadoras do boom é a gigante americana Amazon, complexo transnacional de comércio eletrônico. Desde agosto, sua filial brasileira disponibiliza catálogo de LPs com cerca de 10 mil opções – a maioria importada. Mario Meirelles, líder da área de mídia da Amazon Brasil, diz que as vendas de LPs no Brasil são um sucesso, superando os CDs. “A maior parte dos discos vendidos são clássicos estrangeiros – The dark side of the moon (Pink Floyd), Nevermind (Nirvana) e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Beatles), por exemplo –, mas há procura por álbuns de Raul Seixas, Novos Baianos, Belchior e Sandy & Junior. Também há demanda por aparelhos de vinil. São infinitos modelos”, afirma.


Apesar de não divulgar números, Mario diz que as expectativas da empresa foram superadas. Dezembro nem acabou, mas a meta de venda de LPs já foi atingida. A ideia é continuar investindo em 2020. “Tem a questão do colecionismo, mas também a procura pela obra de arte, algo com o som puro. Nossa intenção é aumentar o catálogo brasileiro”, afirma.

A Amazon aposta na parceria com a carioca Polysom, que durante muito tempo foi a única fábrica de LPs da América Latina. Desativada por vários anos, em 2009, ela foi comprada por João Augusto, presidente da gravadora Deck. Investe tanto em bolachões inéditos quanto no relançamento de clássicos como Realce, de Gilberto Gil, O filho de José e Maria, de Odair José, e Matança do porco, da banda Som Imaginário. Recentemente, João passou a investir nas lendárias fitas cassete.

“Os artistas vão sempre querer ter trabalhos publicados e difundidos nos formatos disponíveis. O vinil e agora o cassete têm charme especial pela qualidade do áudio, o tamanho das artes e o ritual de audição”, diz João Augusto. De acordo com ele, o mercado é amplo e há espaço para todos. “Até para um formato antigo como o vinil se tornar estrela do consumo de música. O público comprador quer, fundamentalmente, alguma alternativa diferente para ouvir música. Isso impulsiona o processo”, observa. De acordo com ele, é difícil definir com precisão o público consumidor de vinil. “A diversificação é muito grande, por diferentes motivos. Por isso, o vinil cresce tanto”, comenta, observando que colecionadores, sozinhos, não sustentam o boom.


Ritual
Um dos aspectos mais sedutores do vinil é o ritual que ele envolve. Alex Moreira, do Bossacucanova, diz que o streaming é marcado pela pulverização, enquanto o LP é experiência física. “Curiosamente, esse movimento não se limita a quem viveu a era do vinil. A juventude descobriu como é bacana o ritual de tirar o disco da capa, colocar na vitrola, ouvir o lado A e o lado B. É uma sensação única.”

Músico, produtor e masterizador, Arthur Joly garante que o vinil vai perdurar por conta de suas particularidades. “Você não consegue dar um link de presente para alguém, segurar um streaming ou sentir o cheiro dele. De todas as mídias, o vinil é o mais romântico, sem contar que as fábricas têm aperfeiçoado a tecnologia desse produto. Não só a qualidade, mas também o formato, o visual. Temos artistas lançando até vinil holográfico, o que é muito interessante. Eu mesmo fiz um”, revela.

Criador da Discoteca Pública – que funciona desde 2005 e tem sede no Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, com acervo de 17 mil CDs e Lps –, Edu Pampani destaca que o mercado de vinil se expande, ao contrário do CD. “Carros e computadores mais novos não têm tocador de CD. Praticamente ninguém compra mais. O vinil fascina porque a gente vive nesta era digital, meio fria. O revival está ligado à busca de autenticidade”, acredita.


Preço
Um dos poréns do vinil é o preço. Michel Nath diz que a matéria-prima é importada e sofre o impacto da cotação do dólar, hoje nas alturas. “O disco sai da fábrica custando R$ 30, em média, mas oscila entre R$ 80 e R$ 140 quando chega ao consumidor. É caro, assim como tudo no Brasil, água, gasolina, moradia. As condições econômicas, sociais e os impostos, tudo isso complica”, alega Michel.

“Mesmo neste momento de recessão aqui e no mundo todo, o interesse pelo vinil só cresce. Mais e mais artistas querem lançar nesse formato, pessoas querem comprar e ouvir. É uma questão de preservação da memória cultural. Sem dúvida, o vinil voltou a ter o seu lugar na história”, conclui Michel.






Fonte:uai.com.br

quinta-feira, 4 de abril de 2019

A História Dos “Pisos De Caquinhos Em São Paulo”


Por volta de 2013, um artigo escrito pelo engenheiro Manoel Henrique Campos Botelho fez um estrondoso sucesso nas redes sociais e na internet, de maneira geral. Muitos portais replicaram o mesmo texto, mas não foram atrás da fonte original. O artigo em questão, publicado na revista Brasil Engenharia número 614 é brilhantemente escrito por Manoel Henrique Campos Botelho.

Reproduzo-o abaixo com alguns acréscimos de imagens:

Pode algo quebrado valer mais que a peça inteira? Aparentemente não. Pela primeira vez na história da humanidade contamos esse mistério. Foi entre as décadas de 40 e 50 do século passado. Voltemos a esse tempo. A cidade de São Paulo era servida por duas indústrias cerâmicas principais. Um dos produtos dessas cerâmicas era um tipo de lajota cerâmica quadrada (algo como 20×20 cm) composta por quatro quadrados iguais. Essas lajotas eram produzidas nas cores vermelha (a mais comum e mais barata), amarela e preta.

Era usada para piso de residências de classe média ou comércio. No processo industrial da época, sem maiores preocupações com qualidade, aconteciam muitas quebras e esse material quebrado sem interesse econômico era juntado e enterrado em grandes buracos. Nessa época os chamados lotes operários na Grande São Paulo ou eram de 10×30 m ou, no mínimo, 8×25 m; ou seja, eram lotes com área para jardim e quintal – jardins e quintais revestidos até então com cimentado, com sua monótona cor cinza. Mas os operários não tinham dinheiro para comprar lajotas cerâmicas, que eles mesmos produziam, e com isso cimentar era a regra.

Um dia, um dos empregados de uma das cerâmicas e que estava terminando sua casa, não tinha dinheiro para comprar o cimento para cimentar todo o seu terreno e lembrou-se do refugo da fábrica – caminhões e caminhões por dia que levavam esse refugo para ser enterrado num terreno abandonado perto da fábrica. O empregado pediu que ele pudesse recolher parte do refugo e usar na pavimentação do terreno de sua nova casa.

Claro que a cerâmica topou na hora e ainda deu o transporte de graça, pois com o uso do refugo deixava de gastar dinheiro com a disposição. Agora a história começa a mudar por uma coisa linda que se chama arte. A maior parte do refugo recebida pelo empregado era de cacos cerâmicos vermelhos, mas havia cacos amarelos e pretos também. O operário ao assentar os cacos cerâmicos fez inserir aqui e ali cacos pretos e amarelos quebrando a monotonia do vermelho contínuo.

É… a entrada da casa do simples operário ficou bonitinha e gerou comentários dos vizinhos também trabalhadores da fábrica. Aí o assunto pegou fogo e todos começaram a pedir caquinhos, o que a cerâmica adorou, pois parte – pequena é verdade – do seu refugo começou a ter uso e sua disposição ser menos onerosa. Mas o belo é contagiante e a solução começou a virar moda em geral e até jornais noticiavam a nova mania paulistana. A classe média adotou a solução do caquinho cerâmico vermelho com inclusões pretas e amarelas. Como a procura começou a crescer, a diretoria comercial de uma das cerâmicas, descobriu ali uma fonte de renda e passou a vender, a preços módicos é claro, pois refugo é refugo, os cacos cerâmicos.

O preço do metro quadrado do caquinho cerâmico era da ordem de 30% do caco íntegro (caco de boa família). Até aqui esta historieta é racional e lógica, pois refugo é refugo e material principal é material principal. Mas não contaram isso para os paulistanos e a onda do caquinho cerâmico cresceu e cresceu e cresceu e – acredite quem quiser – começou a faltar caquinho cerâmico que começou a ser tão valioso como a peça íntegra e impoluta.

Ah, o mercado com suas leis ilógicas, mas implacáveis… Aconteceu o inacreditável. Na falta de caco as peças inteiras começaram a ser quebradas pela própria cerâmica. E é claro que os caquinhos subiram de preço, ou seja, o metro quadrado do refugo era mais caro que o metro quadrado da peça inteira… A desculpa para o irracional (!) era o custo industrial da operação de quebra, embora ninguém tenha descontado desse custo a perda industrial que gerara o problema, ou melhor, que gerara a febre do caquinho cerâmico. De um produto economicamente negativo passou a um produto sem valor comercial, depois a um produto com algum valor comercial, até ao refugo valer mais que o produto original de boa família…

A história termina nos anos 1960 com o surgimento dos prédios em condomínio e a classe média que usava esse caquinho foi para esses prédios e a classe mais simples ou passou a ter lotes menores (4×15 m) ou foi morar em favelas. A solução do caquinho deixou de ser uma solução altamente valorizada. São histórias da vida que precisam ser contadas para no mínimo se dizer: – A arte cria o belo, e o marketing tenta explicar o mistério da peça quebrada valer mais que a peça inteira…

Nota: um filósofo da construção civil confessou-me: – Existe outro produto que quebrado vale mais que a peça inteira por quilo. É a areia que vem da quebra da pedra. A areia fina é vendida mais cara que a areia grossa.

MANOEL HENRIQUE CAMPOS BOTELHO – é engenheiro consultor, escritor e professor

Referência: http://www.brasilengenharia.com/portal/images/stories/revistas/edicao614/614_cronica.pdf


Fonte:saopauloinfoco.com.br

Aprender sobre saúde nas mídias sociais fazem os riscos parecem maiores

Se é o surto de uma doença infecciosa ou a notícia de um ataque terrorista, a mídia social é uma ferramenta poderosa para espalhar a informação. Mas, exatamente pela forma como a informação é transmitida, e a sua clareza, que ela não é bem compreendida. A fim de melhor compreender e prever o entendimento público de risco, uma equipe de pesquisadores alemães realizou o primeiro estudo, publicado na PNAS, para testar esse efeito da transmissão social.

Para a realização do experimento, os pesquisadores analisaram como a informação era passada em grupos de cerca de 10 pessoas. Em cada grupo, uma pessoa foi “semeada” com artigos sobre os benefícios e os riscos do triclosan, agente antibacteriano comum encontrado em sabonetes, detergentes e pastas de dentes, e falava sobre isso, em conversas não estruturadas, com um segundo participante. Antes e depois da conversa, a segunda pessoa foi questionada sobre como ela via o risco do triclosan. Em seguida, essa pessoa tinha uma conversa semelhante com uma terceira pessoa, e assim por diante.

Os pesquisadores realizaram o experimento com 15 grupos. Eles descobriram que, quanto maior o número de pessoas pelas quais a mensagem tinha passado, mais curta e mais imprecisa ela era. Além disso, as declarações imprecisas indicaram um risco muito maior do que a “semente” disse, já que os participantes repassavam as informações de risco com base em seus próprios preconceitos e preocupações.

Esses resultados podem ter grandes implicações na forma como políticos e comunicadores falam sobre riscos em um fórum público: “A partir de uma perspectiva de saúde pública, a amplificação social do risco pode ter consequências indesejáveis ​​e dispendiosas, tornando-se crucial para entender como os políticos podem comunicá-los de tal forma a facilitar a sua transmissão através de redes sociais “, escrevem os pesquisadores. Como a mídia social desempenha um papel cada vez maior na forma como falamos uns com os outros, os pesquisadores esperam que seu trabalho possa ajudar as pessoas a prestar mais atenção à forma como o público percebe a informação e como podemos manter a precisão.





Fonte:curioso.blog.br