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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Gravadoras: De RCA Victor até virar a Sony Music

Radio Corporation of America, também conhecida como RCA, é uma empresa estadunidense pioneira no setor de telecomunicações, criada em 1929. Em 1929, a RCA comprou a Victor Talking Machine Company, fundada em 1900, formando a RCA Victor, o mais antigo selo fonográfico da América. O selo era facilmente identificado pelo famoso logotipo de um cachorro, chamado "Nipper", que olha atentamente para uma concha acústica de um fonógrafo e escuta a chamada Voz do Dono" - His Master's Voice. A RCA Victor foi responsável pela mais famosa transação comercial da história da música, quando, em 1955, adquiriu o contrato de exclusividade de Elvis Presley da Sun Records por 35 mil dólares. Outros artistas famosos, como Enrico Caruso, Little Richard, Jefferson Airplane, David Bowie, The Main Ingredient, Avril Lavigne, Kesha, Adam Lambert, Christina Aguilera, Sam Cooke e Foo Fighters, também foram exclusivos da RCA.

No Brasil, seu recordista em vendagens de discos foi Nelson Gonçalves, que permaneceu na gravadora desde 1941 até o final de sua vida em 1998. O cantor havia vendido cerca de 78 milhões de cópias até aquele ano. Em 1987, a RCA Victor foi vendida ao grupo alemão Bertelsmann, a BMG, passando a se chamar BMG/Ariola (por um breve período em 1987 foi denominada RCA/Ariola) e mais tarde BMG. Em 2004, houve a fusão da BMG com a gravadora japonesa Sony Music, formando assim a Sony BMG. Em 2008, o grupo Bertelsmann vendeu sua parte à Sony Music, que rebatizou a Sony BMG apenas como Sony Music.

Vídeo sobre o processo de fabricação de discos 78 rpm pela RCA Victor.


terça-feira, 26 de maio de 2015

Cantoras do Rádio: Maysa uma triste história de sucessos

Dona de dois olhos verdes inesquecíveis, ela viveu 40 anos a mil. Em pouco menos de meio século de vida mudou seu destino já traçado e se tornou a maior cantora romântica da música brasileira. Conheça agora um pouco mais de Maysa.


Nascida numa tradicional família capixaba, com alto padrão de vida, Maysa desde criança seguiu os mesmos passos que a maioria das jovens de mesma realidade. Morou em endereços privilegiados e estudou em colégios de elite. Mas, a música já era presente em sua vida desde muito pequena. Aos 12 anos compôs sua primeira canção, chamada “Adeus”, que por acaso seria gravado em seu disco de estreia.

Desde essa época ela já revelava traços de uma personalidade marcante. Quando criança, implorou aos pais que a tirassem do colégio religioso, tradicionalíssimo, alegando que as freiras a estavam deixando louca. Maysa era péssima nos estudos, chegou a repetir o 2º ano ginasial duas vezes seguidas, por fim, na última, abandonou os estudos de vez. Sua imagem era a da legítima bad girl. Aos 16 anos, usava cabelos curtos, vestia calças compridas (absurdo na época), pintava as unhas de vermelho e maquiava-se com audácia.


Naquela época, o destino comum das garotas como Maysa era se casar com um rapaz de boa estirpe e constituir uma família, ou seja – ela estava destinada ao lar. E tudo parecia indicar que ela cumpriria esse destino sem nenhuma alteração de rota. Aos 17 anos, em 1955, Maysa se casou com o empresário André Matarazzo. O sobrenome faz estremecer, a família ítalo-brasileira Matarazzo era considerada uma das mais ricas do Brasil e uma das maiores fortunas do mundo. Donos de um verdadeiro império que englobava industrias de metalurgia, comércio, navegação e cabotagem.

André Matarazzo era quase 20 anos mais velho que Maysa. Algo estranho, mas natural na época. O casamento, na Catedral da Sé de São Paulo, e a festa, foram dignos de uma super estrela hollywoodiana. Nada anormal para um clã que ao casar sua herdeira nos anos 40, chegou a realizar festins de três dias e três noites em São Paulo.


Em pouco tempo, Maysa se deu conta da gaiola de ouro em que havia se prendido. A distância e a incompatibilidade com um marido sempre distante e ocupado foram minando seu casamento tempo após tempo. A pressão da tradição daquele clã rígido e obsoleto começou a se tornar insuportável para uma jovem alegre e expansiva, de mentalidade moderna e transgressora. E esta seria a alcunha com que a identificariam tempos depois – transgressora.

A carreira musical de Maysa começou de forma tão banal quanto surpreendente. O produtor Roberto Corte-Real, maravilhado com o seu talento, a convidou para gravar um disco durante uma reunião familiar, em 1956. Obviamente, o marido de Maysa foi contra, e só depois muita insistência ela pode gravar um disco em caráter beneficente com renda revertida para a campanha contra o câncer – o que vetava qualquer possibilidade de carreira profissional.


O que deveria ser apenas um capricho de uma esposa entediada, acabou se tornando coisa séria quando o disco passou a tocar – e fazer muito sucesso – nas rádios do eixo Rio-São Paulo. A carreira de Maysa começou a deslanchar da noite para o dia e de repente ela havia se tornado uma cantora profissional. Acontece que mulheres de família não podiam se igualar a cantoras de rádio, ela tinha um nome a zelar, um nome de peso – Matarazzo. E foi aí que Maysa alterou seu destino em 360 graus. Ela se desquitou de André Matarazzo em 1957, trocando um matrimônio aristocrático por uma carreira de cantora. O desquite da cantora foi um dos maiores escândalos no Brasil em fins da década de 50.


O sucesso e a popularidade cresciam dia após dia. Em 1958, ela já era considerada a maior e mais bem paga cantora do Brasil. A consagração veio com as canções “Ouça” e “Meu Mundo Caiu” – os maiores sucessos de sua carreira, de sua própria autoria. Intérprete bem sucedida e compositora reconhecida, seus discos eram campeões de venda e seus programas de televisão tinham muito prestígio, ao mesmo tempo em que era uma das cantoras mais populares da época. Bela, jovem, rica e bem sucedida ela via a carreira em crescente ascensão enquanto a vida pessoal ia ladeira a baixo.

Parece que seu mundo caíra de tal forma, que nada poderia faze-la levantar. Maysa passou sistematicamente a abusar da bebida, o que a tornou uma alcoólatra, como consequência engordou horrores. Sua vida passou a ser permeada por escândalos, tentativas de suicídio, namoros relâmpagos e até um grave acidente de carro estampado nas páginas dos jornais.


Numa época em que a música brasileira era dominada por vozeirões potentes, Maysa representava um contraste, ao ter uma voz pequena e quase rouca. O que não a impediu de se tornar uma das maiores intérpretes e compositoras do samba-canção, gênero que dominava a cena musical do país naquela época; afilhado do bolero mexicano, do blues americano e do fado português. Maysa fazia parte de um grupo de cantoras como Dolores Duran e Sylvia Telles, que representaram uma transição durante os anos 50, entre o samba de carnaval e a bossa nova, surgida no fim da década; gênero do qual Maysa também foi integrante.

Interpretações tristes e letras altamente românticas e que falavam sobre amores acabados, angústias e sofrimentos. Maysa passou a ser uma grande expoente deste gênero, e representar uma nova estética musical como cantora, filtrando a dramaticidade exagerada do samba-canção em letras obviamente românticas e genuinamente bonitas. Ela também cantava em vários idiomas. Maysa se tornou o expoente mais sofisticado e requintado do estilo Samba-Canção.


A alcunha de cantora de fossa, rainha da dor de cotovelo, acompanhou-a até o fim da vida. Maysa era uma mulher alegre, expansiva, bem humorada e muito perspicaz. Mas, que tinha momentos de profunda tristeza, solidão e angústia. Ela dizia ter uma série de complexos, quando remoía velhas amarguras e caia em profundo desespero. Sua aura dark era muito acentuada e lhe dava uma aparência verdadeiramente triste, o que acabava sendo muito explorado pela mídia da época. todo o sentimentalismo e a emoção de Maysa transpassavam claramente quando cantava, tudo isto esta impregnado em sua música de sentimentos fortes e passionais. O melhor exemplo é a interpretação magistral para “Ne Me Quitte Pas” de Jacques Brel, um dos maiores êxitos de sua carreira.

Em pouco tempo, o sucesso de Maysa começou a ultrapassar fronteiras. Ela visitou os países da América Latina inúmeras vezes, onde sua música era muito apreciada por um público fiel que consumia seus discos continuamente. Na Argentina ela era chamada de la condesa cantante – trocadilho com o título de nobreza pertencente a família do ex-marido.


Os anos 60 chegaram cheios de positivismo ao Brasil, e no panorama musical surgia a bossa nova, fomentada desde a década anterior nos bares e boates da zona sul do Rio de Janeiro. Maysa, que tinha um notável faro musical se identificou com aquele movimento que trazia inovação e requinte à MPB, e se tornaria sucesso no mundo inteiro. Com a bossa nova, Maysa pode expandir referências musicais, mesmo não se tornando uma das grandes intérpretes do gênero, ela deu uma nova cara mais romântica à bossa nova, provando ser uma cantora de versatilidade.

A pressão da mídia fez com que Maysa fosse buscar no exterior a paz e o sossego que não tinha no Brasil. Seu nome estava mais em alta do que nunca e ela já era uma cantora consagrada no país, mas os rumos que a vida traça ao nosso destino a fariam ter uma grande carreira internacional. Ela foi responsável pelo lançamento da Bossa Nova no exterior, mais precisamente na Argentina e no Uruguai, em 1961, e contribuiu muito em sua divulgação pelo mundo. Ela excursionou por vários países, tendo se apresentado em Lisboa, Madri, Paris, Nova York, Milão e Cidade do México. Maysa chegou a cantar na África e até no longínquo Japão – onde foi a primeira artista brasileira a se apresentar por lá. O trabalho era exaustivo; na Europa, ela se cantava em casas noturnas, programas de televisão e gravava discos. Maysa chegou a morar durante anos na Espanha, quando era casada com o empresário belga-espanhol Miguel Azanza.


Um dos momentos mais memoráveis da carreira aconteceu em 1963, quando Maysa fez uma única apresentação, inesquecível, no Olympia de Paris. Ela foi convidada pelo cantor Tino Rossi e deveria encerrar a noite. Maysa cantou um repertório de música brasileira e guardou para o final uma surpresa – “Ne Me Quitte Pas” de Jacques Brel. Podia ser uma ousadia cantar em francês para os franceses, mas o fato é que foi um sucesso. Maysa foi aplaudida de pé e teve de voltar ao palco do Olympia mais três vezes para repetir a música, tonta de emoção e empurrada ao palco por Bruno Coquatrix, diretor da casa. No dia seguinte, os jornais parisienses repercutiram o sucesso de Maysa no Olympia, exaltando-a como a “Imperatriz da Bossa Nova”. Não pode haver uma emoção maior para uma cantora estrangeira que a de cantar e ser aplaudida naquela que é a mais antológica casa de espetáculos da capital francesa.

Maysa continuou empreendendo excursões no exterior por muito tempo e a esta altura já estava bastante distante do público brasileiro. Quando sentiu a necessidade de voltar para casa, ela realizou sua última e maior ousadia. Montou um grande espetáculo na cervejaria Canecão, um local popularíssimo que viria a se tornar, após esta temporada, a maior casa de espetáculos do Rio de Janeiro. Acompanhada por grande orquestra e bailarinos, ela desfilou beleza, talento, competência e ousadia, vestindo mini-saia.


Os anos 70 pareciam tão promissores quanto confusos. Apesar de todo o prestígio e popularidade, ela já não era mais a maior cantora do Brasil. No panorama musical da época, consolidava-se de fato a MPB, termo que passou a designar um estilo musical mais sofisticado que outros mais populares produzidos na música brasileira, como o samba, a música caipira e a música popular romântica. A maioria dos cantores contemporâneos de Maysa, ídolos da música nos anos 40 e 50, mergulharam num período de profundo ostracismo. Não era o seu caso, mas ela passou a se auto exilar da música, da mídia e do público, dia após dia.

Vivendo a vida cada dia mais num estilo meio hippie, Maysa construiu uma casinha numa praia afastada do litoral do Rio de Janeiro e passou a morar lá na companhia de vários animais. Passou a pintar vários quadros e fazer esculturas de madeira, sempre sozinha. Seu último disco foi gravado em 1974, sua última turnê em 1975. Desde então, só reservava sua aparição a alguns poucos programas e especiais de televisão. Ela já não era mais a grande estrela que foi um dia. Vivia a vida cada vez mais solitária e isolada.


No dia 22 de janeiro de 1977, a grande voz do amor desfeito partiu para nunca mais voltar. Ia do Rio de Janeiro para sua casa de praia, em Maricá, e no meio havia a ponte Rio-Niterói. Maysa bateu seu carro contra a mureta de proteção da ponte, capotou e só parou na pista contrária sentido Rio. Foi um acidente fatal, Maysa morreu a caminho do hospital.

A cantora de apenas 40 anos deixou um filho – Jayme, os pais que tanto amava e a uma ferida aberta no coração da música brasileira e dos fãs que tanto a amaram. Uma mulher cheia de conflitos e sofrimentos, contrastes, multifacetada, que levou a vida aos trancos e barrancos, mas mesmo assim conseguiu sobreviver e se tornar quem foi. Uma cantora esplêndida, como poucas vezes se vê na música. Maysa estava ao nível de uma Edith Piaf ou Amália Rodrigues. Sua versatilidade permitia que ela fosse do samba à bossa nova, com perfeição, passando pelo jazz e o bolero. Poucas vezes na história vê-se mulheres como Maysa, um forte. Ela também escrevia poemas – belíssimos – entre os melhores, está este:

"Olha, amiga, o passado só constrói passado e o que antes era empáfia, pela cor brutalmente vermelha acintosa, de tanto caminho pela escuridão se descolorou no tempo que só ele sentiu passar.
Vive porque é preciso, e também é bom, e como! Se te for preciso viver mais do que a própria vida faça, porque então ter eternizas... Não te proponhas a nada e não terá decepções porque o nada, além de incomodar, não existe."





Fonte:http://lounge.obviousmag.org/

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Adoniran Barbosa: Foi o nome que ele pegou emprestado

O cantor, compositor e sambista Adoniran Barbosa
Ele achava que João Rubinato não era nome de cantor de samba. Resolveu mudar. De um amigo pegou emprestado Adoniran e, em homenagem ao sambista Luiz Barbosa, adotou seu sobrenome. Foi assim que Adoniran Barbosa tornou-se um dos maiores nomes do cancioneiro popular brasileiro e uma das mais importantes vozes da população ítalo-paulistana.

Adoniran nasceu na cidade de Valinhos, interior de São Paulo, a 6 de agosto de 1910. Filho de imigrantes italianos, abandonou os estudos ainda no primário para trabalhar. Foi tecelão, balconista, pintor de paredes e até garçom. No começo da década de 30, passou a frequentar os programas de calouros da rádio Cruzeiro do Sul de São Paulo.

Em 1933, depois de ser desclassificado inúmeras vezes devido à sua voz fanha, Adoniran conquistou o primeiro lugar no programa de Jorge Amaral cantando "Filosofia" de Noel Rosa. Em 1935, compôs, em parceria com o maestro e compositor J. Aimberê, sua primeira música "Dona Boa", eleita a melhor marcha do Carnaval de São Paulo naquele ano. Na rádio Cruzeiro do Sul ficou até 1940, transferindo-se, em 1941, para a rádio Record, a convite de Otávio Gabus Mendes. Ali começou sua carreira de ator participando de uma série de radioteatro intitulada "Serões Domingueiros".

Essa foi a oportunidade para Adoniran começar a criar sua galeria de personagens, sempre cômicos, como o malandro Zé Cunversa ou Jean Rubinet, um galã de cinema francês. O linguajar popular de seus personagens encontrava par em suas composições. A maneira de compor sem se preocupar com a grafia correta tornou-se sua maior característica e lhe rendeu críticas de gente como o poeta e compositor Vinícius de Moraes. Adoniran não deu importância às declarações de Vinícius, tanto que musicou uma poesia do escritor carioca transformando-a na valsa "Bom Dia, Tristeza".

Às críticas que recebia Adoniran rebatia: "só faço samba pra povo. Por isso faço letras com erros de português, porquê é assim que o povo fala. Além disso, acho que o samba, assim, fica mais bonito de se cantar."

Na Record, Adoniran conheceu o produtor Osvaldo Moles, responsável pela criação e pelo texto dos principais tipos interpretados por ele. Os dois trabalharam juntos durante 26 anos. No rádio, um dos maiores sucessos dessa parceria foi o programa "Histórias das Malocas", onde Adoniran representava o personagem Charutinho. O programa ficou no ar pela rádio Record até 1965, chegando a ter uma versão para a televisão. Os dois também dividiram a criação de vários sambas.

Dessa união nasceram, entre outros clássicos, "Tiro ao Álvaro" e "Pafúncia". Em 1945, Adoniran começou a atuar no cinema. Sua primeira participação foi no filme "Pif-Paf", seguido de "Caídos do Céu", em 1946, ambos dirigidos por Ademar Gonzaga. Em 1953, atuou em "O Cangaceiro", de Lima Barreto.

O impulso na carreira de compositor veio em 1951, quando o conjunto Demônios da Garoa saiu premiado do Carnaval paulista com o samba "Malvina", de sua autoria. No ano seguinte, eles repetiram o feito, agora, com a criação de Adoniran Barbosa e Osvaldo Moles, "Joga a Chave". Começava ai mais uma parceria de anos na vida do compositor.

As pequenas crônicas da vida paulistana criadas por Adoniran com sotaque peculiar, resultado da fusão das várias raças que escolheram a capital paulista como morada, tornaram-se conhecidas em todo Brasil na interpretação dos Demônios da Garoa. "Saudosa Maloca", que o próprio autor havia gravado sem sucesso em 1951, foi registrada por eles em 1955 e garavada por Elis Regina nos anos 70. Do mesmo ano é a gravação de "O Samba do Arnesto". Mas foi "Trem das Onze", de 1964, seu maior sucesso. Em 1965 a composição foi premiada no Carnaval do Rio de Janeiro. Além dos Demônios da Garoa, o samba recebeu uma versão da cantora baiana Gal Costa.

Em 2000, foi escolhida pela população de São Paulo, em um concurso organizado pela Rede Globo, como a música que mais representa a cidade. A partir de 1972, Adoniran começa a trabalhar em televisão. No início eram apenas bicos como "cobaia" para testes de câmera.

Em seguida, começou a atuar em programas humorísticos como "Ceará Contra 007" e "Papai Sabe Nada" da TV Record, além de ter participado das novelas "Mulheres de Areia" e "Os Inocentes". Seu primeiro disco individual só foi gravado em 1974, seguido por outro em 1975, e o último em 1980, este com a participação de vários artistas: Djavan, Clara Nunes, Clementina de Jesus, Elis Regina, os grupos Talismã e MPB-4, entre outros, participaram do registro em homenagem aos seus 70 anos.

Os três discos levam apenas o nome Adoniran. Adoniran Barbosa morreu em 23 de novembro de 1982, aos 72 anos, pobre e quase esquecido. No momento de sua morte estavam presentes apenas sua mulher, Matilde Luttif, e uma irmã dela. Boêmio, com direito a mesa cativa no salão principal do Bar Brahma, um dos mais tradicionais de São Paulo, Adoniran passou os últimos anos de sua vida triste, sem entender o que tinha acontecido à sua cidade. "Até a década de 60, São Paulo ainda existia, depois procurei mas não achei São Paulo. O Brás, cadê o Brás? E o Bexiga, cadê? Mandaram-me procurar a Sé. Não achei. Só vejo carros e cimento armado." .






Fonte:almanaque.folha.uol.com.br

sábado, 23 de maio de 2015

Os primeiros anos do rádio no Brasil

A primeira transmissão radiofônica realizada no Brasil ocorreu na Exposição do Centenário da Independência do Brasil em 1922, mas a primeira estação a transmitir regularmente foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro - PRA-A - inaugurada por Roquete Pinto e Henrique Moritze, em 20 de abril de 1923. A esses dois pioneiros juntaram-se outros como Elba Dias que fundou logo a seguir a Rádio Clube do Brasil - PRA-B e um grupo pernambucano que em 17 de outubro de 1923 iniciou as trasmissões da Rádio Clube de Pernambuco.

Os primeiros anos do rádio foram difíceis: muita música clássica, muita ópera e muita colaboração graciosa de alguns artistas da sociedade. Aos poucos, porém, foi se firmando e ao final de 1926 e início de 1927, quando as gravações deixaram de ser mecânicas para se tornarem elétricas, surgiram os primeiros artistas para disputar a preferência dos ouvintes: Gastão Formenti, Vicente Celestino, Francisco Alves, Patrício Teixeira, Augusto Calheiros, Elisinha Coelho, Albênzio Perrone, Mário Reis e outros.

Mais emissoras foram aparecendo: Rádio Educadora, Rádio Mayrink Veiga, Guanabara, Cajuti, Ipanema, Jornal do Brasil, Tupi, Philips (depois Nacional), Transmissora (depois Globo) e assim sucessivamente.

Em 1930, pode-se dizer, o rádio estourou no Brasil dando início ao que se pode chamar de a Era do Rádio no Brasil. Foi o maior veículo de comunicação, divertimento e formação cultural no país até meados da década de 60 quando a Televisão tomou-lhe o lugar, embora o rádio mantenha ainda o privilégio de ser o maior veículo de comunicação.








Fonte:www.collectorsstudios.com

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Cantoras do Rádio: Aracy de Almeida e seu medo de avião

Aracy de Almeida

Nos dias atuais todo mundo sabe dos medos e manias do Roberto Carlos, semana passada ele se recusou a gravar porque no estúdio tinha um relógio quebrado, e segundo ele, não se pode gravar onde tem um relógio parado. Tiveram que consertar o tal relógio que estava quebrado fazia anos. Mas nos tempos do rádio a saudosa cantora Aracy de Almeida, interprete preferida de Noel Rosa também tinha seus medos.

A Aracy de Almeida era uma mulher maravilhosa, uma grande cantora, musa de Noel Rosa, aquela coisa toda e tal. Mas era uma pessoa totalmente enlouquecida por não querer entrar num avião. Não entrava de jeito nenhum. Quando passava perto de um aeroporto, ela se virava como se estivessem tocando nela. Ela tinha uma paranóia e não entrava em avião de jeito nenhum.

Nunca conheceu nada do Brasil, só Rio e São Paulo, porque ia de trem, nem de ônibus. E aconteceu o seguinte: a Rádio Nacional ia ser homenageada pelo governador e pelo Estado de Belém do Pará. Nós íamos para Belém — Emilinha, Marlene, Dalva, Ademilde Fonseca, Elizeth Cardoso, Isaurinha Garcia, Dolores Duran, cantoras e cantores, 80 ao todo — E estava todo mundo junto na sala pra conversar e decidir o repertório com o diretor artístico. A Aracy de Almeida entrou na sala derrubando tudo, enlouquecida: “Eu não vou nesse show, não vou de jeito nenhum. Vocês sabiam que eu não ando de avião, por que me puseram nesse show?” Ela estava quase querendo bater no diretor.

O Nelson Gonçalves, que era gago, ficou nervoso e pediu que ela não se exaltasse, mas ela disse que ele não iria conseguir conquistá-la. Ele disse: “Aracy, presta atenção: esse medo burro que você tem de viajar de avião, que bobagem é essa? Fica sabendo de uma coisa: Você só vai morrer quando chegar o seu dia, sabia?” Ela parou e disse assim: “Sabia, mas, e se for o dia do piloto?” Aí acabou o assunto ali. O pessoal morreu de rir.






Fonte:Informações/fatosnovosnovasideias.wordpress.com