Crescimento no número de casos de HIV em idosos no Brasil é um alerta
Dados do Ministério da Saúde de 2016 mostram crescimento de 15% nas infecções em pessoas acima de 60 anos
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 10 anos, o número de idosos com o vírus HIV no Brasil cresceu 103%. Um dos principais problemas associados ao aumento dos casos diz respeito à vida sexual de pessoas acima de 60 anos, que ainda é vista como tabu, especialmente em relação ao uso de preservativos, segundo especialistas.
Dados recentes do Boletim Epidemiológico de 2017 do ministério apontam que, em 2016, quando foram registrados 1.294 casos, houve o crescimento de 15% no índice de pessoas acima de 60 anos com o vírus. Em 2015, por sua vez, aumentou 51,16%, com 1.125 pessoas infectadas, em relação aos números de 2014, quando 856 pessoas foram diagnosticadas com o vírus.
O aumento constante segue uma tendência mundial. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, se o ritmo de infecções nessa faixa etária prosseguir como está, em 2030, 70% da população mundial com mais de 60 anos terá o vírus causador da Aids.
Segundo a infectologista Anita Campos, atualmente, a epidemia é concentrada em jovens, principalmente em homens de 14 a 29 anos. No entanto, a atenção voltada aos idosos infectados deve ser redobrada. "O pensamento comum entre pessoas dessa geração ainda é antigo. Quando viveram a juventude, não havia a cultura do uso de preservativos", comenta a especialista.
Ainda conforme a médica, o uso da camisinha deveria ser uma pauta constante também para esse grupo de pessoas. A dificuldade de se debater a vida sexual de quem está acima dos 60 anos deve ser superada, defende Anita. Atualmente, as campanhas dos governos ainda se concentram em outros perfis apontados como mais vulneráveis, como homossexuais, profissionais do sexo, pessoas transgêneras, usuários de droga injetável e presidiários.
A medida se torna ainda mais urgente quando se observa que o o vírus é especialmente agressivo nos idosos. De acordo com a infectologista, o HIV acelera o envelhecimento e causa lesão direta em alguns órgãos, como rins e fígado. Anita Campos esclarece que a doença não se torna mais grave, mas o cuidado do médico deve ser mais elaborado e complexo, porque o idoso é mais suscetível a doenças crônicas que aparecem com o uso do coquetel antirretroviral.
Combate ao HIV
O ativista Christiano Ramos, presidente da ONG Amigos da Vida, chama atenção, principalmente, para a falta de ações de combate ao HIV direcionadas aos idosos. Para ele, o governo precisa entender a necessidade dessa implementação, porque, muitas vezes, o vírus atua silenciosamente no corpo do paciente e os sintomas são confundidos com os das doenças da velhice, como diabetes, hipertensão e problemas renais.
Fonte:www.revistaencontro.com.br
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