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WEB RÁDIO ÉPOCAS: O gênio Charlie Chaplin

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quinta-feira, 30 de abril de 2015

O gênio Charlie Chaplin


No dia 16 de abril de 1889, nascia na cidade de Londres, Charles Spencer Chaplin, que ficou mundialmente conhecido como Charlie Chaplin. Filho de Charles Chaplin Sr. e Hannah Chaplin que também atendia pelo nome artístico Lily Harley. Os pais de Chaplin eram do meio artístico, o que com certeza influenciou em sua formação cultural e, posteriormente, sua carreira genial.

Apesar de ter pais no meio artístico, a infância não foi fácil para Chaplin. Seus pais se separaram quando ele tinha apenas três anos de idade e, dois anos mais tarde, ele viu sua mãe sumir do meio artístico, porque em meio a uma apresentação ela perdeu a voz, sendo vaiada, e nunca mais subiu num palco novamente.

Foi justamente por conta deste problema na voz de sua mãe, que Chaplin subiu ao palco pela primeira vez. Aos cinco anos de idade, coube ao pequeno desempenhar no espetáculo o papel de sua progenitora, resultando num enorme sucesso e milhares de moedas jogadas ao palco. O pequeno inglesinho havia encantado e mostrado que tinha talento de sobra.

Mas demorou muito tempo para o pequeno se apresentar outra vez, por motivos de idade e por conta de sua mãe não o querer nesse mundo de ilusão artística. Entretanto, a vida pode ser muito traiçoeira e, por conta de uma situação de extrema pobreza, Chaplin e seu irmão mais velho, Sydney, foram obrigados a morar com seu pai e sua madrasta. Além disso, a mãe de Charlie foi internada com um caso de subnutrição e problemas psicológicos, esse último a acompanhando até sua morte.

Com a saúde já restabelecida, a mãe de Charlie retornou ao convívio dos filhos, começando a estimular o interesse de Chaplin para o teatro; e foi aos doze anos de idade e com a mãe novamente internada pelos mesmo motivos, que Chaplin conseguiu um pequeno papel na peça Sherlock Holmes.

Após o sucesso que fez como mímico em apresentações no teatro de variedades, Chaplin se juntou a trupe de Fred Karno, Slapstick. Foi justamente com essa trupe que Chaplin faz sua primeira turnê na América, terra que adotaria para sua carreira num futuro breve.


Foi no seu período na Keystone que Chaplin observou que poderia fazer muito mais que comédia. Isso aconteceu devido a um comentário de uma amiga sobre uma cena em um de seus filmes, o que o fez dar-se conta do que podia transmitir por intermédio de suas obras, percebendo também o poder de comunicação que um filme pode ter .
“Eu estava trabalhando num filme intitulado Carlitos Porteiro, exatamente na cena em que o gerente do escritório me despedia. Então eu argumentava com ele, pedindo-lhe em pantomima que tivesse pena de mim e não me privasse do emprego, demonstrando que tinha uma grande família, com vários filhos pequeninos. Embora eu estivesse apenas caricaturando uma emoção dramática, para minha surpresa a velha atriz Dorothy Davenport, que estava ao lado observando a cena durante o ensaio, não pôde conter as lagrimas. "Eu sei que isso é para fazer rir – disse ela –, mas a mim, o que me faz é chorar.". Com essas palavras ela confirmava uma coisa que eu já havia sentido: a minha capacidade para arrancar lágrimas ao mesmo tempo que arrancava gargalhadas.” (Chaplin, em sua biografia)
Depois de sua passagem pela Keystone, Chaplin ainda trabalhou em outros dois estúdios em Hollywood, a Essanay e a Mutual, onde veio a afirmar ter sido a época mais feliz de sua carreira. Na Mutual, Chaplin filmou 12 curtas-metragens, incluindo O Imigrante, de 1917, que se tornou um clássico.

No ano seguinte passou a realizar filmes pela First National, o que possibilitou que tivesse seu estúdio próprio, com sua equipe fixa. Entretanto, Chaplin teve diversas desavenças com os donos da First Nacional, em sua maioria por Chaplin querer melhorar a qualidade dos filmes, o que aumentava os gastos, algo que não foi bem visto pela diretoria do estúdio.

Nesse período, tanto Chaplin quanto alguns astros da época descobriram que os grandes estúdios e distribuidores planejavam uma fusão, algo que impactaria muito no mercado cinematográfico e, por consequência, limitaria os custos de produção dos filmes, acarretando em maiores lucros para os estúdios e distribuidores e, em contrapartida, na diminuição de despesas com os artistas.

Por conta desse caso, Chaplin aliado aos seus amigos Douglas Fairbanks, Mary Pickford e D.W. Griffith resolveu construir seu próprio estúdio, nascendo assim a United Artist, o que propiciou aos artistas terem autonomia em seus filmes, tanto no quesito técnico quanto no financeiro.

Mesmo depois de formar a nova companhia, Chaplin ainda manteve um contrato assinado com a First National, e só o fato de cumprí-lo o deixava extremamente exausto. Foi precisamente pela United Artist que Chaplin realizou seus filmes mais marcantes e famosos, como Tempos Modernos, O Grande Ditador, Luzes da Cidade, Em Busca do Ouro, O Circo entre outros.

A indústria cinematográfica começou a sofrer mudanças no ano de 1927. Com a introdução do som nos filmes, o cinema falado ganhou força, entretanto, Chaplin foi veementemente contra essa modernidade e se recusou a adicionar sua voz em seus filmes, continuando com o cinema mudo.

Ele veio a mudar de pensamento no ano de1940, com o longa O Grande Ditador, um de seus melhores trabalhos. O Grande Ditador é um marco na carreira de Chaplin: além de ser seu primeiro filme falado, a obra é uma clara crítica à guerra e ao nazismo que imperava na Alemanha. Por conta deste filme, Chaplin foi diversas vezes acusado de ser comunista e foi incessantemente perseguido pelo governo americano.

Em 1952, Chaplin viajou com sua família para Inglaterra e teve seu visto negado ao regressar para os Estados Unidos. Diante disso, ele se viu forçado a viver exilado do país que tão bem lhe acolhera e viveu com sua família na Suíça até o fim de sua vida. Ele só retornou aos Estados Unidos no ano de 1972, quando foi homenageado com um Oscar Honorário pelo conjunto da obra (e aqui exprimo uma opinião própria de que a Academia tentou se desculpar por tudo o que lhe fizeram em relação à época de guerra e também por nunca terem-no premiado com o Oscar de Melhor Ator e Diretor).


Chaplin teve uma vida conturbada, foi da extrema pobreza ao luxo extremo, entretanto, jamais esqueceu de sua origem e de tudo que vivera. Seus filmes são referenciais até os atuais dias, e não existe pessoa no mundo que não conheça seu personagem mais ilustre, O Vagabundo.

Na confecção de seus filmes podemos ver nitidamente as referências humanistas que Chaplin tinha:
Seu personagem O Vagabundo sempre lutou contra as mazelas da vida, sempre viveu à margem da sociedade, mas jamais desistiu de lutar pelo que achava correto e vemos isso em cada obra de Chaplin, desde de o filme O Garoto, onde ele não passa de um pobre vidraceiro que encontra um bebê no cesto de lixo e, mesmo sem condições, cria a criança com muito carinho.
Em Tempos Modernos, seu personagem fica louco pelos avanços tecnológicos e depois é substituído por uma máquina e, de modo cômico, acaba por se tornar um líder sindical contra a revolução tecnológica.
Em O Grande Ditador, onde ele interpreta o ditador e o judeu, faz um discurso comovente, que vai além dos tempos e das gerações. Ali, naquele instante, temos certeza de que não é o personagem falando um texto já decorado, não é um ator interpretando para uma câmera, mas é Chaplin pura e simplesmente falando à humanidade que seja somente humana.
A vida pessoal de Chaplin também foi muito abordada, isso porque ele casou-se quatro vezes, o que não é nada anormal nos dias de hoje, contudo, na época em que Charlie se casou, os costumes eram outros, mas o que sempre foi o centro das atenções em seus casamentos eram as idades de suas companheiras.

Quando se casou pela primeira vez, Chaplin tinha 28 anos e sua esposa, Mildred Harris, apenas 16 anos. Aos 35 anos, apaixonou-se por Lita Grey, também de 16 anos, durante as preparações de Em Busca do Ouro; casaram-se em 26 de Novembro de 1924, quando ela ficou grávida e tiveram dois filhos. Aos 47 anos, casou-se secretamente com Paulette Goddard, de 25 anos, em junho de 1936; depois de alguns anos felizes, este casamento também terminou em divórcio, em 1942.

Durante este período, Chaplin namorou Joan Barry, atriz de 22 anos. A relação terminou quando Barry começou a perturbá-lo. Em maio de 1943 ela informou a Chaplin que estava grávida e exigiu que ele assumisse a paternidade. Exames comprovaram que Chaplin não era o pai, mas na época tais testes não tinham muita validade e ele se viu forçado a pagar US$ 75 por semana até que a criança fizesse 21 anos. Depois, conheceu Oona O’Neill, filha do dramaturgo Eugene O’Neill. Casaram-se em 16 de Junho de 1943. Ele tinha 54 anos enquanto ela tinha 17. Este casamento foi longo e feliz, com oito filhos.

Por fim, a única definição que posso descrever de Chaplin é gênio, e hoje fica registrado a nossa homenagem a esse ícone do cinema e um ser humano notável.

Deixo para encerrar este post o seu discurso no filme O Grande Ditador. Convido a todos para perderem um pouquinho mínimo do seu tempo para ouvirem essas poucas palavras e espero que possam refletir nelas, que foram ditas em 1940, mas reverberam cada vez mais atuais nos dias de hoje.

Trecho do filme "O grande ditador" (The great dictator), 1940 de Charles Chaplin com legendas em português.










Fonte:www.popdebotequim.com

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